Universidade de Surrey desenvolve sensores internos que travam incêndios em baterias de lítio
O crescimento dos veículos elétricos intensifica o debate sobre a segurança das baterias de iões de lítio. No Brasil, mais de 30 000 novos modelos totalmente elétricos entraram em circulação no primeiro semestre de 2025, segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE). Contando híbridos e plug-in, o total supera 86 000 unidades. O aumento da frota destaca a necessidade de reduzir o risco de incêndios provocados por sobreaquecimento, curtos-circuitos ou falhas de gestão de energia.
Nova geração de sensores embutidos
Investigadores da Universidade de Surrey, no Reino Unido, criaram sensores inteligentes capazes de detetar anomalias dentro da própria célula da bateria, algo que os sistemas atuais, colocados no exterior, não conseguem fazer com a mesma precisão. Instalados junto aos coletores de corrente e aos separadores, estes dispositivos monitorizam temperatura, pressão, stress mecânico e alterações químicas em tempo real.
Quando identificam condições que antecedem o thermal runaway, os sensores enviam alertas imediatos e podem acionar mecanismos de supressão de chamas. A equipa sublinha que os componentes utilizam materiais resistentes ao fogo, atrasando a propagação de calor e ganhando tempo para intervenções de segurança.
Projeto pensado para produção em massa
O desenvolvimento privilegia custos baixos e compatibilidade com linhas de montagem existentes, permitindo a adoção em baterias para automóveis, aviões e sistemas estacionários de armazenamento de energia. A universidade já submeteu um pedido de patente, o que abre caminho à transferência de tecnologia para fabricantes.
Além de aumentar a segurança, a deteção precoce de falhas ajuda a prolongar a vida útil das baterias, um dos componentes mais dispendiosos dos veículos elétricos. Reduzir substituições reforça a fiabilidade e contribui para baixar o preço final dos automóveis.
Boas práticas continuam essenciais
Embora a nova solução prometa reduzir incidentes, os investigadores recordam que a manutenção adequada permanece crucial. Entre as recomendações para preservar o desempenho das baterias de lítio figuram:
- evitar temperaturas extremas durante utilização e carregamento;
- não carregar sistematicamente até 100 % nem deixar a bateria descarregar por completo;
- preferir carregamento lento sempre que possível;
- conduzir sem acelerações ou travagens bruscas;
- seguir as instruções do fabricante.
A combinação de sensores internos com práticas de utilização responsáveis pode reduzir substancialmente o risco de incêndio, respondendo à procura crescente por mobilidade elétrica segura e fiável.

Imagem: buffaloboy via olhardigital.com.br