Seguro de risco de guerra tornou-se um item estratégico para famílias e empresas à medida que os conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio elevam a incerteza global. De apólices residenciais de US$ 52 a contratos corporativos que superam US$ 100 milhões, o mercado ganha fôlego e movimenta cerca de US$ 1 bilhão por ano.
Em Kiev, a balconista aposentada Natalia Grishko recebeu indenização de US$ 1.000 após um míssil russo estourar a 100 m de seu apartamento, cobrindo janelas, portas e varanda. O alívio veio porque a filha, Alina Kalcheva, havia contratado cobertura específica para risco de guerra pouco antes do ataque.
Seguro de risco de guerra dispara com conflitos globais
Casos individuais ilustram uma tendência corporativa. Especialistas estimam que cerca de 80% dos prêmios — equivalentes a US$ 800 milhões — sejam negociados por seguradoras sediadas na City de Londres, polo histórico de apólices de conflito concentrado em torno do marketplace Lloyd’s of London.
Joanna Cousins, diretora da Westfield Specialty, cita um terminal energético no Iraque que já foi alvo de ataques repetidos. Sem proteção, a operação poderia ter sido suspensa; com ela, o proprietário comprou mais de US$ 100 milhões em cobertura. Para empresas britânicas ou americanas que atuam em Israel ou Líbano, os prêmios atuais variam de 0,5% a 2% do valor segurado — isto é, entre US$ 500 mil e US$ 2 milhões para cada US$ 100 milhões de proteção. Nos Emirados e em outros países do Golfo, a taxa cai para até 0,05%.
Além de danos físicos, as apólices podem incluir sequestro e resgate, despesas médicas graves ou resposta a “atirador ativo”. Daniel Hiller, da Munich Re Specialty, nota demanda crescente por coberturas de tumultos e greves, enquanto Raveem Ismail, da Trigger Parametric, lembra que o setor trabalha com sete níveis de severidade — do terrorismo pontual até a guerra interestatal.
Apesar de lidar com eventos considerados “cisnes negros”, a precificação tem sido lucrativa. Conforme Ismail, fundos de risco de guerra chegam a pagar apenas 2% em sinistros, contraste gritante com o seguro automotivo, que devolve R$ 1,05 em indenizações para cada R$ 1 arrecadado e equilibra as contas com renda financeira.
Comportamentos individuais reforçam a estatística. A ucraniana Ekaterina Vasylieva renovou o seguro de seu carro em abril e incluiu a opção militar; no dia seguinte, estilhaços russos perfuraram a lataria, tornando a decisão “indispensável”, segundo ela.
No curto prazo, analistas preveem volatilidade de preços conforme a escalada ou descompressão nos principais focos de tensão. Porém, a diversificação de coberturas e a participação de resseguradoras diluem riscos e indicam que o nicho deve seguir em expansão.
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