São Silvestre: Núbia de Oliveira conquista novamente o terceiro lugar e mantém meta de vencer a prova

A 100ª edição da São Silvestre, disputada em 31 de dezembro de 2025 pelas ruas de São Paulo, teve como principal destaque brasileiro a atleta Núbia de Oliveira. Aos 23 anos, ela repetiu a colocação de 2024 e terminou em terceiro lugar na categoria feminina, estabelecendo o tempo de 52 minutos e 42 segundos. Mesmo longe do topo do pódio, a corredora afirmou que continua mirando o título da prova, objetivo que mantém desde a estreia no evento e que reforçou logo após cruzar a linha de chegada.
Desempenho de Núbia de Oliveira na São Silvestre
Núbia participou pela quarta vez da corrida e, pela segunda edição consecutiva, foi a primeira brasileira a finalizar o percurso. Na comparação com o resultado do ano anterior, houve avanço de 42 segundos, indicador que, no entendimento da atleta, comprova evolução técnica e consolida a experiência adquirida ao longo das participações. Embora ainda esteja fora do posto de campeã, a corredora enfatizou que a idade favorece um plano de carreira de longo prazo, no qual pretende converter o aprendizado em desempenho capaz de levá-la ao triunfo.
A atleta também valorizou o simbolismo de ocupar um lugar no pódio como mulher nordestina. Segundo ela, a visibilidade obtida por meio dos resultados tem potencial para motivar novas corredoras de rua e ampliar a presença feminina em competições de alto nível. O fato de liderar o contingente nacional reforça o papel de referência que, em sua avaliação, já se reflete no aumento de mulheres inscritas em provas de resistência.
Resultados completos da prova feminina da São Silvestre
Na disputa feminina, o triunfo coube à tanzaniana Sisilia Ginoka Panga, que concluiu os 15 quilômetros em 51 minutos e 08 segundos. A conquista foi histórica por duas razões: representou a primeira participação da atleta na São Silvestre e quebrou a hegemonia queniana, vigente desde 2016. Panga assumiu a liderança na parte final do percurso, após ultrapassar a queniana Cynthia Chemweno, que vinha ditando o ritmo nos primeiros quilômetros e acabou na segunda posição com 52 minutos e 31 segundos.
O pódio foi completado por Núbia, 34 segundos atrás da vice-campeã. Fora dos três primeiros lugares, a peruana Gladys Tejeda Pucuhuaranga terminou em quarto, registrando 53 minutos e 50 segundos. A queniana Vivian Jeftanui Kiplagati fechou as cinco primeiras colocadas com 54 minutos e 12 segundos. Esses tempos ilustram o nível competitivo da prova, marcada por variações de ritmo e pela necessidade de adaptação às condições climáticas do verão paulistano.
Retrospecto brasileiro na São Silvestre
O Brasil não celebra uma vitória feminina na São Silvestre há quase duas décadas. A última campeã nacional foi Lucélia Peres, em 2006. Desde então, o pódio tem sido dominado por atletas estrangeiras, sobretudo das nações do Leste Africano. No cenário masculino, a seca é um pouco menor: o último triunfo ocorreu em 2010, com Marilson Gomes dos Santos. Os dados reforçam a importância de Núbia de Oliveira e de outros corredores brasileiros alcançarem as primeiras posições, ainda que sem ocupar o topo, pois mantêm acesa a expectativa de recuperação do domínio doméstico.
A constância de Núbia entre as melhores da elite feminina serve de referência para programas de formação de atletas. Ao reduzir o tempo em relação ao ano anterior e assegurar a terceira posição duas vezes seguidas, a corredora demonstra que o intervalo de preparação anual pode resultar em evolução mensurável quando há planejamento e foco. Esses componentes são indispensáveis para que novos talentos consigam recolocar o país em posição de destaque absoluto.
Vitória inédita da Tanzânia na São Silvestre
Sisilia Ginoka Panga não apenas foi a vencedora mais rápida de 2025, mas também protagonizou a primeira vitória da Tanzânia na prova. O feito ganha relevo porque se deu diante de corredores quenianos, tradicionalmente favoritos. Durante o percurso, Panga precisou administrar o ritmo intenso imposto por Cynthia Chemweno, estratégia que a levou a permanecer próxima da líder até encontrar o momento ideal para assumir a dianteira. Após cruzar a linha de chegada, a campeã relatou desgaste acentuado, atribuído ao calor e à umidade, e chegou a receber atendimento médico para reidratação.
A presença de uma nova nação no lugar mais alto do pódio confirma o caráter internacional da corrida e amplia a lista de países que já venceram a São Silvestre. Esse contexto competitivo oferece desafios adicionais aos atletas brasileiros, que enfrentam adversários cada vez mais diversificados e adaptados às particularidades do circuito urbano de São Paulo.
Disputa masculina: pódio da São Silvestre
Entre os homens, o etíope Muse Gisachew foi o mais rápido, concluindo a prova em 44 minutos e 28 segundos. O atleta assumiu a liderança nos instantes finais, ao ultrapassar o queniano Jonathan Kipkoech Kamosong, que havia mantido ritmo elevado nos primeiros 10 quilômetros. O esforço intenso no início da distância comprometeu a resistência de Kamosong, que recebeu a bandeirada quatro segundos atrás do campeão.
O Brasil voltou a ocupar o terceiro lugar no masculino com Fábio de Jesus Correia. Além de se orgulhar da colocação, ele ressaltou, em coletiva, que a estrutura de treinamento ainda é um obstáculo para atletas de elite. Para o corredor, a carência de pistas seguras e espaços adequados pesa mais que o suporte financeiro na preparação de alto rendimento. Atrás do brasileiro, os quenianos William Kibor e Reuben Logonsiwa Poguisho completaram o pódio masculino estendido.
Desafios climáticos e logística da São Silvestre
O clima típico do final de dezembro em São Paulo, caracterizado por altas temperaturas e umidade elevada, foi apontado por diversos competidores como fator decisivo. Tanto Sisilia Ginoka Panga quanto Muse Gisachew mencionaram a necessidade de ajustar a estratégia de prova para evitar desgaste precoce. A condição atmosférica, segundo relato das principais lideranças, exigiu dos corredores cautela na administração de ritmo, hidratação constante e atenção aos trechos de maior inclinação do percurso, tradicionalmente sinuoso e repleto de mudanças de altitude.
Esses elementos logísticos e climáticos contribuem para tornar a São Silvestre uma corrida de perfil único, em que vencer não depende apenas de velocidade, mas também de capacidade de leitura de prova, paciência para lidar com adversários experientes e preparo para condições adversas. No cenário feminino, o calor teve impacto direto: além do atendimento prestado à campeã, Núbia de Oliveira relatou sentimento de exaustão ao final da prova, embora tenha administrado melhor as variáveis climáticas do que em 2024, o que se refletiu na melhora de seu tempo.
Com a conclusão da 100ª edição, a prova reforça sua relevância histórica e o desafio imposto aos brasileiros que buscam retomar o domínio. Tanto Núbia de Oliveira quanto Fábio de Jesus Correia confirmaram, nos bastidores, que o foco a partir de agora será manter o ritmo de preparação ao longo de 2026. Nos resultados finais, a Tanzânia e a Etiópia celebraram vitórias inéditas, o Quênia manteve forte presença no pódio e o Brasil assegurou, novamente, a terceira posição em ambas as categorias.

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