Sanae Takaichi lidera LDP e pode virar primeira-ministra

Sanae Takaichi, 64 anos, conquistou a liderança do Partido Liberal Democrata (LDP) no aniversário de 70 anos da legenda, passo decisivo para se tornar a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra do Japão quando o Parlamento votar sua nomeação em 15 de outubro.
Ex-ministra de Estado e apresentadora de TV, Takaichi é conhecida pela firmeza de posições conservadoras, mas também por iniciativas recentes voltadas a políticas sociais, como dedução parcial de taxas de babá e incentivos fiscais a empresas com creches internas.
Sanae Takaichi lidera LDP e pode virar primeira-ministra
Nascida em 1961 na província de Nara, a futura líder começou a carreira longe da política: foi baterista de heavy metal — famosa por quebrar baquetas durante apresentações —, mergulhadora e entusiasta do automobilismo; seu Toyota Supra está exposto em um museu local. A inspiração política surgiu nos EUA nos anos 1980, quando trabalhou no gabinete da deputada democrata Patricia Schroeder para compreender as tensões comerciais entre Washington e Tóquio. A experiência a levou à conclusão de que o Japão precisava fortalecer a própria defesa para não ficar “à mercê da opinião superficial” estrangeira.
Depois de perder a primeira disputa parlamentar em 1992, Takaichi foi eleita deputada no ano seguinte e ingressou no LDP em 1996. Desde então, venceu dez das onze eleições que disputou e ocupou cargos estratégicos, entre eles ministra da Segurança Econômica, dos Assuntos Internos e das Comunicações — esta última função, exercida por período recorde. Na corrida pela liderança do LDP, fracassou em 2021 e 2024, mas persistiu e, na terceira tentativa, saiu vitoriosa ao superar rivais internos.
Discípula do ex-premiê Shinzo Abe, ela promete resgatar a “Abenomics”, combinação de gastos públicos elevados e juros baixos. Conservadora, já se posicionou contra o direito de mulheres casadas manterem o sobrenome de solteira e contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, embora tenha moderado o discurso na campanha mais recente. A candidata também defende a flexibilização do artigo pacifista da Constituição, permitindo que as Forças de Autodefesa ampliem capacidades ofensivas.
Analistas apontam que a escolha de Takaichi busca conter o avanço do partido ultranacionalista Sanseito, que saltou de uma para 15 cadeiras no Parlamento com a bandeira “Japão em primeiro lugar”. O LDP, que governa quase sem interrupções desde 1955, perdeu a maioria nas duas Casas e enfrenta críticas por estagnação econômica, envelhecimento populacional e escândalos internos. “O LDP precisa mudar pelo presente e futuro do Japão”, disse ela após a vitória, reconhecendo a insatisfação dos eleitores conservadores.
Se confirmada pelo Parlamento, Takaichi quebrará um tabu de quase sete décadas, colocando o Japão na lista de nações lideradas por mulheres. A expectativa é que ela combine a agenda de reforma econômica com medidas de apoio à família e ao cuidado de idosos, áreas que considera parte de sua experiência pessoal de três passagens por atividades de enfermagem doméstica.
De acordo com a BBC News, Takaichi afirmou a estudantes que pretende tornar-se a “Dama de Ferro” japonesa, referência a Margaret Thatcher, ao prometer governar “com equilíbrio e sempre pelo interesse nacional”. O desafio será recuperar a confiança popular enquanto enfrenta a ascensão da direita radical e pressões externas na área de segurança regional. Confira mais detalhes na BBC.
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Crédito da imagem: Getty Images
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