Rotação da Terra acelera e encurta dia de 5 de agosto de 2025 em 1,5 ms

O Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra (IERS) registou esta terça-feira, 5 de agosto de 2025, o dia mais curto do ano. De acordo com os dados oficiais, a rotação do planeta foi 1,5 milissegundo mais rápida do que o padrão de 86 400 segundos, encurtando de forma quase impercetível a duração das 24 horas.

Quarta quebra de recorde em pouco mais de um mês

O fenómeno repete-se pelo quarto ano consecutivo durante os meses de julho e agosto. Em 2025, a sequência começou em 9 de julho, quando a Terra completou a volta 1,30 ms mais depressa do que o habitual. O segundo registo ocorreu em 22 de julho, com um encurtamento de 1,38 ms. O dia 5 de agosto fixou agora o novo máximo anual, superando as marcas anteriores e mantendo a tendência iniciada em 2020.

Os cálculos do IERS são confirmados pelo Observatório Naval dos Estados Unidos, que monitoriza de forma contínua a velocidade de rotação através de relógios atómicos de alta precisão. Estes instrumentos permitem identificar variações na ordem dos microssegundos, fundamentais para ajustar o Tempo Universal Coordenado (UTC) e garantir a compatibilidade com sistemas de navegação por satélite, telecomunicações e redes de energia.

Por que a rotação está a acelerar?

Historicamente, a rotação da Terra tende a abrandar devido à interação gravitacional com a Lua, responsável por reduzir a velocidade de forma estimada em menos de 2 ms por século. Contudo, desde 2020 observam-se flutuações anómalas: nesse ano registaram-se 28 dos dias mais curtos desde 1960, e novos máximos são assinalados todos os anos. Em 2024, o dia recorde ficou 1,66 ms abaixo das 24 horas teóricas.

Os especialistas investigam várias hipóteses para explicar a aceleração recente. Entre os fatores considerados estão alterações na distribuição de massas internas, circulação oceânica, variações atmosféricas e oscilações do núcleo líquido. A proximidade da Lua em relação ao equador terrestre pode igualmente influenciar a força de maré e, consequentemente, a velocidade de rotação. Até ao momento, nenhum modelo atmosférico ou oceânico justifica plenamente as medições, segundo investigadores da Universidade Estatal de Moscovo e do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos Estados Unidos.

Efeitos de fenómenos extremos

Alguns eventos súbitos demonstram com clareza a forma como a redistribuição de massa modifica o período de rotação. O sismo de magnitude 9,0 que atingiu o Japão em 2011 deslocou o eixo terrestre em cerca de 17 centímetros, encurtando os dias em 1,8 microssegundo. O terramoto de 2004 na Indonésia provocou uma redução ainda maior, na ordem dos 2,68 microssegundos. Embora muito inferiores aos valores registados em julho e agosto deste ano, estes exemplos evidenciam a sensibilidade do sistema rotacional a reajustes geológicos.

Impacto no tempo civil e nos sistemas de precisão

Para manter o alinhamento entre o tempo civil e o tempo astronómico, os cientistas recorrem aos chamados segundos intercalares. Desde 1972, foram adicionados 27 segundos extra ao UTC, mas nenhum foi necessário desde 2016. O IERS já comunicou que também em 2025 não será introduzido qualquer segundo adicional, devido precisamente à aceleração observada.

A sincronização rigorosa é crucial para operações dependentes de cronometria absoluta, como o posicionamento por GPS, a gestão de satélites em órbita e a coordenação de redes elétricas. Diferenças de poucos milissegundos podem originar erros de localização de vários metros ou falhas de comunicação entre sistemas.

Monitorização contínua

O IERS continuará a acompanhar a rotação do planeta ao longo dos próximos meses para confirmar se os dias de julho e agosto permanecem como os mais curtos de 2025. Embora as variações de milissegundos sejam impercetíveis no quotidiano, a atualização constante dos dados é indispensável para aplicações científicas, de navegação e observação terrestre.

Enquanto se procuram respostas para a aceleração inesperada, os registos de 2025 reforçam a necessidade de monitorizar em permanência a dinâmica interna da Terra e os seus reflexos na cronometria global.

Imagem: Flavia Correia via ChatGPT via olhardigital.com.br