Rosa Roisinblit morre aos 106, símbolo dos direitos humanos

Rosa Roisinblit morre aos 106, símbolo dos direitos humanos, encerrou uma trajetória de 46 anos de luta em defesa das vítimas da ditadura militar argentina (1976-1983). Fundadora e presidenta honorária das Avós da Praça de Maio, ela dedicou a vida a localizar crianças sequestradas pelo regime.

A organização confirmou o falecimento neste sábado (16/12) e agradeceu “a dedicação e o amor” com que Roisinblit manteve a busca pelos netos desaparecidos. Estima-se que 30 000 pessoas tenham sido mortas ou desaparecidas na “Guerra Suja” e aproximadamente 500 bebês tenham sido entregues a famílias ligadas aos militares.

Rosa Roisinblit morre aos 106, símbolo dos direitos humanos

Nascida em 1919, na colônia judaica de Moisés Ville, centro da Argentina, Roisinblit mudou-se para Buenos Aires em 1949, onde atuou como obstetra. O drama pessoal começou em 1978: a filha grávida, Patricia, o genro José Pérez Rojo e a neta de 15 meses, Mariana, foram levados para a Escola de Mecânica da Armada (Esma), maior centro clandestino de detenção do país.

Patricia foi mantida viva apenas até o parto em um porão; seus restos jamais foram achados. Mariana acabou devolvida à avó, mas o bebê recém-nascido foi entregue a um agente da Aeronáutica. Em 2000, após exames de DNA, Guillermo — nome dado pelos pais adotivos — reencontrou Rosa e a irmã. Hoje, ele atua como advogado de direitos humanos ao lado das Avós.

Em 2016, Roisinblit assistiu à condenação de Francisco Gómez à prisão perpétua pelo sequestro do neto. No mesmo ano, o ex-comandante da Aeronáutica Omar Graffigna e o ex-oficial de inteligência Luis Trillo receberam 25 anos de prisão pelo rapto e tortura de Patricia e José, parte de uma série de julgamentos que puniram centenas de militares.

Até agora, as Avós da Praça de Maio confirmaram a recuperação de 140 identidades; centenas de casos permanecem abertos. Em entrevista à agência AFP em 2017, aos 97 anos, Rosa declarou: “Essa ferida não cicatriza, mas desistir jamais”.

O legado da ativista repercutiu internacionalmente. A BBC News destacou que, mesmo centenária, ela participava de audiências, reforçando o valor da memória e da justiça.

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Crédito da imagem: AFP via Getty Images

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