Robô Memo: o humanoide que executa tarefas domésticas e aproxima o sonho de Rosie dos Jetsons

Robô Memo, o mais recente humanoide apresentado pela empresa californiana Sunday Robotics, mostrou em demonstrações públicas que já consegue assumir uma série de tarefas domésticas, sinalizando um avanço que aproxima o cotidiano real da lembrança da famosa personagem Rosie, do desenho Os Jetsons.
- A criação do robô Memo: quem está por trás do projeto
- Do desenho animado à prática: comparação entre Rosie e o robô Memo
- Processo de aprendizagem: por que o robô Memo imita em vez de ser programado
- Testes públicos revelam as capacidades atuais do robô Memo
- Especificações estruturais e medidas de segurança
- Aprendizagem contínua e evolução de versão
- Impacto no mercado doméstico e convivência com robôs industriais
- Planejamento de distribuição e próximos passos para o robô Memo
A criação do robô Memo: quem está por trás do projeto
A iniciativa partiu da Sunday Robotics, companhia sediada na Califórnia dedicada ao desenvolvimento de sistemas humanoides para uso residencial. O robô Memo foi oficialmente lançado em 19 de novembro, após um período de pesquisa que começou em 2024 com um protótipo dotado de apenas uma mão funcional. O objetivo declarado pela empresa é automatizar atividades repetitivas nos lares, aliviando pessoas de rotinas como limpeza, organização e preparo de bebidas.
Com 1,70 m de altura e 77 kg, o equipamento mantém a forma humana clássica: tronco, cabeça e dois braços articulados. Diferente de outras soluções robotizadas fixas em trilhos ou braços industriais, o Memo se mantém ancorado a uma base estável, mas ainda assim movimenta livremente as articulações superiores para alcançar diferentes áreas de trabalho, desde a pia da cozinha até a superfície de uma mesa.
Do desenho animado à prática: comparação entre Rosie e o robô Memo
A década de 1980 popularizou o ideal de um assistente doméstico mecânico por meio de Rosie, a empregada robô da família Jetson. Naquela época, a imagem era meramente ficcional; porém, quatro décadas depois, a Sunday Robotics demonstra que grande parte daquele conceito já pode ser replicada. O Memo não só aspira poeira como a personagem do desenho, mas também dobra roupas, lava utensílios e até serve café expresso.
Enquanto Rosie aparecia sempre equipada com rodinhas, avental e atitude jovial, o humanoide moderno traz uma carcaça de silicone lisa, sem arestas aparentes. Esse acabamento foi pensado para evitar riscos de acidentes e possibilitar interação segura com moradores, crianças ou animais de estimação.
Processo de aprendizagem: por que o robô Memo imita em vez de ser programado
Robôs tradicionais dependem de rotinas pré-codificadas e, por isso, falham quando se deparam com um objeto desconhecido. Para contornar essa limitação, a Sunday Robotics adotou um método de aprendizagem por imitação. O sistema central reúne Inteligência Artificial treinada com um grande conjunto de ações humanas capturadas pela Skill Capture Glove — uma luva que registra, em tempo real, cada movimento de um operador.
Quando alguém veste a luva e realiza uma atividade, como colocar uma xícara na máquina de café ou dobrar uma camiseta, sensores mapeiam trajetória, força, ângulos de preensão e velocidade. Esses dados alimentam a IA, que reproduz o gesto de forma ajustada ao corpo do robô Memo. Desta maneira, o humanoide desenvolve uma espécie de “intuição motora”, permitindo manipular objetos que nunca viu, desde que suas características se assemelhem ao cenário de treinamento.
Testes públicos revelam as capacidades atuais do robô Memo
Em 22 de dezembro, durante a avaliação batizada de “Pegue qualquer coisa”, a Sunday Robotics submeteu o robô Memo a uma sequência de desafios com itens variados: cestas, bandejas, conchas de cozinha, copos, chaves de fenda e fios flexíveis. O resultado divulgado em vídeo mostrou que o humanoide conseguiu agarrar, deslocar e organizar cada peça com precisão comparável à de uma pessoa.
Além de agarrar objetos aleatórios, o robô demonstrou domínio em tarefas complexas no ambiente doméstico. No vídeo, ele limpa mesas removendo migalhas, lava pratos na pia, coloca utensílios no escorredor, dobra camisetas de forma alinhada e finaliza preparando um café expresso. A capacidade de operar 24 horas por dia, sete dias por semana, foi destacada como vantagem para quem precisa de apoio contínuo em afazeres rotineiros.
Especificações estruturais e medidas de segurança
O corpo do Memo é revestido por silicone flexível, escolhido para reduzir riscos de colisão ou arranhões em móveis e em pessoas. A ausência de cantos afiados permite que o robô trabalhe em proximidade direta com moradores, sem exigir barreiras de proteção. Para personalização estética, a empresa oferece a possibilidade de instalar chapéus coloridos, recurso pensado para facilitar a aceitação do produto no ambiente familiar.
Embora o robô permaneça fixo em uma base, sua envergadura de braços cobre a maior parte de uma bancada convencional de cozinha. O peso de 77 kg contribui para estabilidade, evitando tombamentos durante movimentos de força ao esfregar superfícies ou manusear utensílios maiores.
Aprendizagem contínua e evolução de versão
Desde a primeira aparição do projeto, em 2024, quando o protótipo dispunha de apenas uma mão funcional, o Memo passou por avanços expressivos. A incorporação do segundo braço ampliou o leque de possibilidades, permitindo atividades bimanuais, como segurar uma panela enquanto mexe seu conteúdo ou retirar uma xícara da máquina de café sem derramamento.
A empresa afirma que cada nova sessão de treinamento com a Skill Capture Glove adiciona movimentos ao repertório do robô. Dessa forma, o sistema não precisa esperar por grandes atualizações de software; bastam novos registros de gestos para que a memória motora seja ampliada. A estratégia promete encurtar ciclos de desenvolvimento, aumentando gradualmente a utilidade do humanoide em cenários cada vez mais diversos.
Impacto no mercado doméstico e convivência com robôs industriais
A Sunday Robotics projeta que modelos baseados em imitação conquistem espaço em residências, hospitais e lojas, onde a variabilidade de objetos e situações exige flexibilidade. Em contrapartida, robôs programáveis manterão relevância em linhas de produção que exigem precisão milimétrica e repetibilidade absoluta.
Nesse contexto, especialistas da própria empresa preveem coexistência de abordagens: unidades como o Memo cuidariam de serviços dinâmicos, enquanto braços industriais seguirão responsáveis por tarefas padronizadas em fábricas. O resultado seria um ecossistema híbrido, distribuindo responsabilidades conforme a natureza do trabalho.
Planejamento de distribuição e próximos passos para o robô Memo
Embora ainda não exista preço definido nem previsão de comercialização em larga escala, a Sunday Robotics anunciou um programa Beta previsto para o final de 2026. Algumas famílias serão selecionadas para receber o robô Memo gratuitamente, com o propósito de avaliar desempenho em residências reais e coletar dados adicionais de uso.
A etapa de testes em domicílios deve fornecer feedback sobre ergonomia, segurança e eficiência energética, orientando ajustes finais antes da possível entrada no mercado. Até lá, novos ciclos de treinamento com a Skill Capture Glove devem ampliar o repertório de tarefas, reforçando a meta de aproximar, cada vez mais, as rotinas domésticas da lembrança popularizada por Rosie nas telas.

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