Robô humanoide da Figure dobra roupa com IA Helix e avança nas tarefas domésticas

A empresa norte-americana Figure apresentou, a 12 de agosto de 2025, uma nova demonstração do robô humanoide Figure 02. Num vídeo publicado pela companhia, a máquina recebe o comando “dobre a toalha”, identifica uma pilha de peças de tecido e conclui o trabalho de forma autónoma, acionando um sistema de inteligência artificial designado Helix.

Visão, linguagem e controlo num único modelo

O Helix é descrito pela fabricante como um modelo de Visão-Linguagem-Ação (VLA). A rede neural analisa imagens captadas pelas câmaras do robô, interpreta instruções de linguagem natural e converte essas informações em movimentos contínuos do tronco, cabeça, pulsos e dedos. O processamento decorre de ponta a ponta, dispensando módulos externos para perceção ou planeamento.

De acordo com a Figure, o método baseia-se em aprendizagem por reforço. Sempre que o robô executa uma tarefa com sucesso, o sistema ajusta os pesos dos algoritmos de forma a melhorar a precisão em tentativas seguintes. Para acrescentar novas competências basta introduzir dados de demonstração; o Helix integra-os no modelo global sem necessidade de reprogramação manual.

Dobrar toalhas: um desafio para robôs

Parece uma rotina banal para humanos, mas dobrar tecido flexível envolve complexidade significativa do ponto de vista robótico. As toalhas não mantêm forma estável, podem enrolar-se ou escorregar perante pequenas imprecisões e obrigam a coordenação fina de vários dedos para alinhar bordas e retirar vincos.

No vídeo, o Figure 02 aproxima-se da pilha, seleciona cada peça, alisa a superfície e executa sucessivas dobras até atingir o tamanho pretendido. Em seguida, coloca cada toalha num cesto, empilhando-as de forma ordenada. Durante o processo é possível observar microajustes nos dedos sempre que o tecido se desloca, sinal de que o controlo ocorre em tempo real, com correção de trajetória a cada fração de segundo.

A empresa sublinha que um leve deslize de um dos dedos poderia desalojar o tecido ou provocar um emaranhado, exigindo que a máquina reajustasse o plano de ação. O sucesso, refere a Figure, combina perceção precisa do ambiente com destreza motora comparável à de um operador humano.

Do laboratório para ambientes reais

Esta não é a primeira vez que o Figure 02 demonstra progressos. Em março, a mesma unidade foi vista a caminhar de forma mais fluida do que a marcha rígida tradicional de muitos humanoides. A empresa considera que o ritmo de evolução se deve à arquitetura unificada do Helix, que simplifica a expansão do repertório de movimentos.

A estratégia passa agora por expor o robô a cenários fora do ambiente controlado do laboratório. Segundo a Figure, unidades de teste já operam em locais reais, onde enfrentam luminosidade variável, objetos inesperados e interações com pessoas. A companhia planeia ensinar novas rotinas, como arrumação de espaços desorganizados e preparação básica de refeições.

O objetivo a médio prazo é oferecer um assistente doméstico capaz de aliviar tarefas repetitivas. Para tal, a equipa pretende refinar tanto a robustez física do robô como a capacidade de tomar decisões rápidas perante objetos desconhecidos. Cada sessão de utilização gera novos dados que alimentam o Helix, criando um ciclo de aprendizagem contínuo.

Implicações para o mercado de robótica

A demonstração coloca a Figure entre as empresas que procuram integrar inteligência artificial generativa em plataformas humanoides. Ao combinar visão computacional, compreensão de linguagem e controlo motor num único sistema treinável, a tecnológica norte-americana pretende reduzir o tempo necessário para introduzir novas funções e acelerar a comercialização.

Embora ainda existam limitações — como velocidade de execução e custo de produção — a capacidade de manusear objetos deformáveis representa um marco relevante. Até agora, grande parte dos robôs industriais trabalhava exclusivamente com componentes rígidos e previsíveis, enquanto a manipulação de tecidos permanecia domínio quase exclusivo de operadores humanos.

Com os avanços registados, a Figure prevê lançar novas demonstrações ao longo dos próximos meses. O progresso será acompanhado de perto por investidores, empresas de logística e consumidores que procuram soluções automatizadas para tarefas domésticas.

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Imagem: tecmundo.com.br

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