Renúncia de Sébastien Lecornu abala governo francês

Renúncia de Sébastien Lecornu abala governo francês. A saída súbita de Sébastien Lecornu do cargo de primeiro-ministro da França, oficializada nesta segunda-feira (26), aprofunda a crise política no país e deixa o presidente Emmanuel Macron diante de escolhas limitadas: convocar novas eleições, renunciar ou indicar outro chefe de governo que, possivelmente, também enfrentará resistência parlamentar.
Lecornu apresentou sua carta de renúncia após uma reunião de uma hora com Macron no Palácio do Eliseu. Em breve pronunciamento, o ex-premiê declarou que “as condições não estavam reunidas” para continuar e criticou a relutância dos partidos em aceitar compromissos, acusando-os de agir “como se tivessem maioria absoluta”.
Renúncia de Sébastien Lecornu abala governo francês
Nomeado há apenas 26 dias, após a queda do governo de François Bayrou, Lecornu tornou-se o quinto primeiro-ministro francês em menos de dois anos. Sua equipe ministerial, praticamente idêntica à anterior, foi alvo de fortes críticas na Assembleia Nacional, onde diferentes bancadas ameaçavam derrubá-la em votação.
Partidos de todo o espectro político pressionam por eleições antecipadas. Marine Le Pen, da sigla de extrema-direita Reagrupamento Nacional (RN), afirmou que “a única saída sensata é chamar novas eleições” e acusou Macron de colocar o país “em posição extremamente difícil”. Até o momento, o presidente não se pronunciou publicamente.
O impasse teve início em julho de 2024, quando Macron convocou eleições legislativas antecipadas após o revés de seu partido no pleito europeu. O resultado foi um parlamento fragmentado, tornando quase impossível a aprovação de projetos. Desde então, Michel Barnier, Bayrou e agora Lecornu foram incapazes de formar maiorias estáveis.
A turbulência política ocorre em meio a uma delicada situação fiscal. O déficit público atingiu 5,8% do PIB em 2024 e a dívida corresponde a 114% do produto interno, a terceira maior da zona do euro, equivalente a quase €50 mil por cidadão. O orçamento de austeridade proposto por Bayrou, que previa corte de €44 bilhões em gastos, foi rejeitado, contribuindo para sua queda.
O mercado reagiu rapidamente. As ações negociadas na bolsa de Paris recuaram com força após o anúncio da renúncia, refletindo a preocupação dos investidores com a incerteza política. Conforme informou a BBC, o cenário francês é observado de perto por toda a União Europeia.
Acompanhe a editoria de política para entender os próximos passos de Macron e os desdobramentos no parlamento. Para mais análises sobre o cenário internacional, visite a seção Notíciase tendências e continue informado.
Imagem: Laura Gozzi/BBC
Postagens Relacionadas