Renúncia do primeiro-ministro francês agrava crise política

Renúncia do primeiro-ministro francês agrava crise política e aprofunda o impasse que domina a França desde as eleições legislativas antecipadas de 2023. Sébastien Lecornu entregou o cargo nesta segunda-feira (data local) ao presidente Emmanuel Macron, menos de 24 horas depois de anunciar seus ministros e com menos de um mês no posto.
A Presidência confirmou que Macron aceitou o pedido de demissão. Lecornu, quarto chefe de governo em um único ano, alegou “falta de condições para construir consenso” no Parlamento, onde a ala de extrema-direita e a coalizão de esquerda somam mais de 320 cadeiras, contra 210 dos centristas e aliados conservadores.
Renúncia do primeiro-ministro francês agrava crise política
No discurso de despedida, Lecornu defendeu humildade e primazia do país sobre interesses partidários. A saída precipitou pedidos de novas eleições. A líder da Reunião Nacional, Marine Le Pen, afirmou que Macron “chegou ao fim da linha” e deve dissolver a Assembleia Nacional ou renunciar. À esquerda, o França Insubmissa ecoou a cobrança e sugeriu reviver uma coalizão de progressistas, socialistas, verdes e comunistas.
A instabilidade repercutiu nos mercados: o índice CAC-40 caiu quase 2% em relação ao fechamento de sexta-feira, enquanto ministros nomeados na véspera viraram interinos antes mesmo de tomar posse. A retomada de Bruno Le Maire, ex-titular da Fazenda, para a Defesa foi alvo de críticas pela oposição, que o responsabiliza pelo déficit público de 114% do PIB e pela dívida de €3,346 trilhão no primeiro trimestre de 2025.
Segundo análise da BBC, o desafio imediato do próximo governo será votar o orçamento sem recorrer ao artigo constitucional que permite aprová-lo sem apoio parlamentar — mecanismo que Lecornu prometera evitar. Consultas com partidos e sindicatos realizadas por ele não renderam o respaldo necessário.
Além da Defesa, permaneceram praticamente iguais as pastas de Interior, conduzida por Bruno Retailleau, Relações Exteriores, com Jean-Noël Barrot, e Justiça, sob Gérald Darmanin. Retailleau, líder dos Republicanos, declarou não ter “responsabilidade” pela queda do governo, mas criticou a falta de transparência na composição ministerial.
Com menos de dois anos para a eleição presidencial, Macron enfrenta recorde de impopularidade e escassez de aliados dispostos a assumir o Matignon. Analistas não descartam nova convocação às urnas, cenário que poderia redefinir o equilíbrio de forças antes dos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024.
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Crédito da imagem: Global News
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