Reino Unido alerta Israel após reconhecer Estado Palestino

Reino Unido reconhece Estado Palestino em uma mudança diplomática considerada histórica e, simultaneamente, avisa Israel que qualquer tentativa de anexar partes da Cisjordânia será inaceitável.

A advertência foi feita pela chanceler Yvette Cooper antes de participar, nesta segunda-feira (08), de conferência na ONU, em Nova York, onde França, Bélgica e outros países europeus devem anunciar gesto semelhante. Segundo Cooper, a decisão britânica visa “proteger a segurança de israelenses e palestinos” e reavivar a solução de dois Estados.

Reino Unido alerta Israel após reconhecer Estado Palestino

A ministra disse ter comunicado ao colega israelense que anexações contrariam o direito internacional e enfraquecem perspectivas de paz. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reagiu classificando o reconhecimento como “grande recompensa ao terrorismo”. Ainda assim, Londres insiste que o Hamas “não terá futuro nem papel de segurança” em um eventual governo palestino.

O anúncio de domingo, feito pelo premiê Sir Keir Starmer ao lado de Canadá, Austrália e Portugal, ocorre enquanto o Parlamento britânico pressiona por medidas frente à expansão de assentamentos israelenses, considerados ilegais. Para Starmer, o gesto é “um compromisso com palestinos e israelenses de que um futuro melhor é possível”.

Em entrevista à BBC, Cooper reforçou que extremistas “dos dois lados” tentam inviabilizar a solução de dois Estados, mas que Londres tem “obrigação moral” de agir após a devastação recente em Gaza, onde mais de 65 mil pessoas teriam morrido em quase dois anos de conflito.

Na ONU, a chanceler buscará formar consenso internacional sobre um roteiro de paz. França e Arábia Saudita copresidem reunião que discutirá o reconhecimento palestino, enquanto a Bélgica deve aderir formalmente à posição francesa. O ministro britânico para o Oriente Médio, Hamish Falconer, argumentou que o momento é crítico porque “a solução de dois Estados nunca esteve tão ameaçada”.

Pelo lado palestino, o presidente Mahmoud Abbas afirmou que a decisão britânica ajuda a “pavimentar o caminho” para a convivência pacífica entre os dois povos. Já o governo israelense sustenta que a medida incentiva o Hamas; porta-voz David Mencer declarou que “a comunidade judaica jamais perdoará o Partido Trabalhista” britânico.

Apesar da ausência de fronteiras definidas, cerca de 75% dos 193 Estados-membro da ONU já reconhecem a Palestina. Especialistas lembram que o reconhecimento é largamente simbólico, pois a Autoridade Palestina não detém controle pleno sobre Gaza e Cisjordânia sob ocupação israelense.

Com o alerta a Israel, Londres tenta impedir novas expansões de assentamentos, enquanto reforça sanções contra lideranças do Hamas. Cooper não definiu prazo para converter o Consulado-Geral em Jerusalém Oriental em embaixada, mas indicou que um processo diplomático será iniciado com a Autoridade Palestina.

No balanço, o movimento britânico busca reanimar negociações de paz paralisadas desde 2014 e aumentar a pressão internacional contra anexações unilaterais. Resta saber como Israel responderá ante a crescente lista de países que já reconhecem a Palestina.

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Crédito da imagem: BBC

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