Putin avisa que Rússia continuará ofensiva se Kiev não aceitar acordo

O Presidente russo, Vladimir Putin, declarou em Pequim que o Kremlin “terá de cumprir todas as tarefas pelo caminho militar” se a Ucrânia não chegar a um entendimento que satisfaça as exigências de Moscovo. A afirmação foi feita após um desfile militar na capital chinesa, visto por analistas como uma demonstração de alinhamento estratégico entre a Rússia e a China.

Putin insiste nos objectivos no Donbass

Questionado por um canal estatal russo sobre a possibilidade de o conflito terminar num futuro próximo, Putin admitiu ver “uma luz ao fundo do túnel”, mas acrescentou que a Rússia não abandonará o Donbass, região que considera parte do seu território desde os referendos contestados de 2022. O chefe de Estado reiterou ainda duas condições consideradas essenciais: que a Ucrânia abandone a intenção de aderir à NATO e ponha fim ao que classificou como “discriminação” contra cidadãos de origem russa.

O líder russo sublinhou que está “aberto” a encontrar-se com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, mas defendeu que só haveria utilidade num encontro bem preparado e com resultados garantidos. Chegou a sugerir que Zelensky poderia deslocar-se a Moscovo, hipótese imediatamente rejeitada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano.

Pressão diplomática liderada por Washington e aliados

Em paralelo, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, procura convencer o Kremlin a aceitar um cessar-fogo. A última tentativa ocorreu numa cimeira no Alasca, onde Trump retirou Putin do isolamento diplomático para discutir uma trégua. O encontro terminou sem compromissos concretos, e o líder norte-americano defendeu depois que um acordo de paz abrangente teria mais hipóteses de pôr fim à guerra do que um cessar-fogo imediato.

O secretário da Defesa britânico, John Healey, deslocou-se a Kyiv e declarou à BBC que o Reino Unido, tal como mais de 30 países, está preparado para intensificar sanções económicas contra Moscovo e reforçar os fornecimentos de armamento a Kiev. Healey revelou que Londres já canalizou mil milhões de libras, provenientes de bens russos congelados, para apoio militar à Ucrânia.

Plano europeu para garantias de segurança

Em Paris, o Palácio do Eliseu prepara uma reunião da denominada “Coalition of the Willing”, formado por aliados de Kiev, com o objectivo de obter apoio dos Estados Unidos a um esquema de garantias de segurança antes mesmo de qualquer tratado de paz. A proposta procurará persuadir Moscovo a aceitar um cessar-fogo imediato, oferecendo a Kiev protecção aérea, marítima e terrestre assim que as hostilidades terminem.

Escalada no terreno

Enquanto a diplomacia prossegue, a actividade militar intensificou-se. Segundo dados ucranianos, as forças russas lançaram mais de 500 drones e 24 mísseis de cruzeiro numa única noite, com alvos distribuídos por várias cidades, incluindo Kyiv. Estes ataques coincidiram com a recusa de Putin em considerar uma trégua e reforçam a percepção de que Moscovo pretende avançar no terreno para consolidar ganhos antes de qualquer eventual negociação.

Contexto e implicações

A Rússia iniciou a invasão em grande escala em Fevereiro de 2022, alegando proteger minorias russófonas e impedir a expansão da NATO. Desde então, a guerra provocou milhares de vítimas civis, deslocou milhões de pessoas e levou a sucessivos pacotes de sanções ocidentais.

Para Kiev, a posição de Putin evidencia a necessidade de apoio militar contínuo, bem como de garantias de segurança que desencorajem uma nova ofensiva russa após qualquer cessar-fogo. Para Moscovo, a aposta parece ser ganhar vantagem territorial e política suficiente para ditar os termos de um eventual acordo.

Sem concessões visíveis de ambas as partes, a ofensiva russa e a ajuda ocidental à Ucrânia mantêm-se em paralelo, enquanto a diplomacia tenta abrir espaço a negociações que possam pôr fim ao conflito.

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