Protestos no Nepal liderados pela Gen Z derrubam premiê marcaram os últimos dias em Katmandu, depois que milhares de jovens saíram às ruas contra a corrupção e o bloqueio de redes sociais. A mobilização, que começou há uma semana, já deixou 21 mortos e quase 200 feridos, segundo autoridades hospitalares.
Os manifestantes escalaram muros do Parlamento, incendiaram sedes partidárias e desafiaram o toque de recolher imposto pela polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo, canhões de água e balas de borracha — além de disparos de munição real, de acordo com médicos ouvidos pela imprensa local.
Protestos no Nepal liderados pela Gen Z derrubam premiê
O primeiro-ministro KP Sharma Oli renunciou na terça-feira (22), alegando “abrir caminho para uma solução constitucional”. Oli, empossado pela quarta vez em julho de 2024 com apoio do Partido do Congresso Nepalês, viu sua própria residência ser alvo de vandalismo poucas horas antes de anunciar a saída.
Motivação: redes sociais e corrupção sistêmica
O estopim foi a decisão governamental, na semana passada, de proibir 26 plataformas — entre elas WhatsApp, Instagram e Facebook — por não se registrarem oficialmente. A medida foi revertida na segunda-feira, mas o recuo não conteve a insatisfação popular, que rapidamente se ampliou para denúncias de nepotismo e desvio de recursos públicos.
Dois slogans viralizaram: #NepoBaby e #NepoKids. Eles expõem o contraste entre o luxo ostentado por familiares de políticos e a realidade de jovens que enfrentam desemprego e migração forçada. Vídeos nas redes mostram carros importados, viagens internacionais e roupas de grife custeadas, segundo os manifestantes, com dinheiro público.
Geração Z na linha de frente
Sem liderança centralizada, coletivos estudantis organizaram convocações online. Alunos de colégios e universidades em Katmandu, Pokhara e Itahari foram incentivados a participar fardados, livros na mão, simbolizando a defesa da educação e da liberdade de expressão. Até crianças em idade escolar foram vistas em marchas.
Binu KC, 19, declarou ao serviço nepali da BBC: “Queremos o fim da corrupção. Os líderes prometem na eleição e depois não entregam”. Para a criadora de conteúdo Subhana Budhathoki, “a Geração Z não vai recuar; é sobre calar nossas vozes, e não permitiremos”.
Próximos passos e riscos
Analistas alertam que, se o governo interino não abrir diálogo, a crise pode escalar à medida que sindicatos e organizações civis aderem aos atos. A polícia anunciou reforço no perímetro dos prédios públicos e manutenção do toque de recolher, mas os jovens prometem voltar às ruas nesta quarta-feira.
Detalhes adicionais sobre a crise podem ser conferidos na cobertura da BBC ( https://www.bbc.com/news/world-asia ), referência internacional em jornalismo.
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Crédito da imagem: Getty Images