Protestos no Nepal resultaram em pelo menos 19 mortes após a segurança abrir fogo contra manifestantes que se opunham ao bloqueio de plataformas como TikTok. A repressão transformou a indignação popular em crise política, levando o primeiro-ministro K.P. Sharma Oli a renunciar e a suspender a proibição das redes.
As manifestações, lideradas por adolescentes e jovens adultos da Geração Z, começaram na semana passada quando o governo tentou obrigar as empresas de mídia social a registrar operações no país e aceitar fiscalização local. Organizações de direitos humanos denunciaram o projeto como tentativa de censura.
Protestos no Nepal deixam 19 mortos e derrubam premiê
Mesmo com a revogação do veto online, a revolta cresceu. Casas de políticos de alto escalão foram incendiadas, expondo o descontentamento com acusações de corrupção e nepotismo. Segundo o editor Prateek Pradhan, do portal independente Baahrakhari, o banimento apenas “acelerou a frustração acumulada” em um país com 13 governos desde 2008.
A desigualdade social também inflamou os atos. Campanhas no TikTok destacaram o estilo de vida luxuoso dos filhos de autoridades em contraste com uma renda per capita de US$ 1.400 e desemprego juvenil de 20%, de acordo com o Banco Mundial. Para muitos manifestantes, a saída de Oli não basta; há pedidos para dissolução completa do governo.
Analistas advertem que o vácuo de poder pode aprofundar a instabilidade no Himalaia, situado entre Índia e China. “Um arranjo de transição precisa incluir figuras que ainda gozem de credibilidade, sobretudo entre os jovens”, avaliou Ashish Pradhan, do International Crisis Group, em declaração à agência Reuters.
Desde segunda-feira, os protestos se espalham para subúrbios de Katmandu. O universitário Nima Tendi Sherpa, 19, ferido a bala, afirmou que a marcha era pacífica até a polícia disparar: “Não culpo os policiais, mas quem deu a ordem. Agora o fogo precisa continuar até alcançarmos liberdade verdadeira”.
Os eventos já são apontados como os mais violentos desde 2006, quando uma revolta derrubou a monarquia. Naquele ano, 18 pessoas morreram; em 2024, o número já ultrapassa essa marca, mostrando a força de uma juventude que não aceita retrocessos em liberdade de expressão.
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Crédito: Global News