Protestos na França marcam posse de Sébastien Lecornu

Protestos na França tomaram ruas e estradas nesta quarta-feira (4 h atrás), mesmo dia em que Sébastien Lecornu foi empossado como novo primeiro-ministro, sucedendo François Bayrou após voto de desconfiança.

Convocados pelo movimento de base Bloquons Tout (“Vamos Bloquear Tudo”), manifestantes incendiaram lixeiras, interditaram acessos a escolas e sabotaram cabos elétricos perto de Toulouse. Até o meio da manhã, 250 pessoas haviam sido detidas, informou o ainda ministro do Interior, Bruno Retailleau.

Protestos na França marcam posse de Sébastien Lecornu

Em Paris, cerca de 1 000 participantes — muitos com rostos cobertos — entraram em confronto com policiais nas imediações da estação Gare du Nord, onde agentes usaram gás lacrimogêneo para evitar a invasão do terminal. Outras concentrações ocorreram em Marselha, Bordeaux, Montpellier e Rennes, onde um ônibus foi incendiado.

Com perfil de esquerda, o Bloquons Tout ganhou força nas redes sociais durante o verão europeu, após se opor aos cortes orçamentários de € 44 bilhões (R$ 238 bilhões) propostos por Bayrou. Entre as reivindicações, o grupo pede mais investimentos em serviços públicos, taxação sobre altas rendas, congelamento de aluguéis e a renúncia do presidente Emmanuel Macron.

Lecornu, considerado leal a Macron e quinto premiê em menos de dois anos, assume sob forte contestação de partidos de extrema direita e de esquerda, que apontam a necessidade de um novo orçamento capaz de obter apoio na Assembleia dividida. O déficit público francês atingiu 5,8 % do PIB em 2024, e a França Insubmissa já anunciou que apresentará moção de censura contra o novo gabinete.

“Precisaremos de mais criatividade e seriedade no diálogo com a oposição”, disse Lecornu no discurso de posse, prometendo iniciar conversas imediatas com legendas e sindicatos. A perspectiva de nova votação para derrubar o governo dependerá do posicionamento de blocos como o Reagrupamento Nacional, que se declarou cauteloso, mas disposto a “ouvir” o primeiro-ministro.

Segundo a BBC News, as ações de hoje foram consideradas pontuais, embora o movimento ameace ampliar atos de desobediência civil contra “austeridade, desprezo e humilhação”.

Para entender como protestos semelhantes impactam políticas públicas e economia, leia também a cobertura da editoria “Notícias e tendências” em Online Digital Soluções e acompanhe atualizações diárias.

Imagem: Getty Images

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