Protestos Gen Z 212 no Marrocos deixam dois mortos

Protestos Gen Z 212 no Marrocos registraram as primeiras vítimas fatais após a polícia abrir fogo para impedir que manifestantes invadissem uma delegacia em Lqliaa, nos arredores de Agadir, na noite de quarta-feira (13). Segundo a agência estatal MAP, dois jovens morreram e vários foram feridos durante a ação, classificada pelas forças de segurança como “legítima defesa”.
Os atos, que reúnem principalmente a geração Z, começaram no sábado (9) e se espalharam por cidades como Rabat, Casablanca, Tânger e Marrakesh. A indignação cresce contra a decisão do governo de investir em estádios para a Copa do Mundo de 2030 enquanto hospitais e demais serviços públicos enfrentam carências históricas.
Protestos Gen Z 212 no Marrocos deixam dois mortos
“Estádios estão aqui, mas onde estão os hospitais?” tornou-se o grito mais ouvido nas ruas. Um manifestante de Oujda, na fronteira com a Argélia, relatou à BBC que o hospital local é “como uma prisão”, onde pacientes precisam subornar vigilantes e enfermeiros para conseguir atendimento.
O movimento, organizado majoritariamente pelas redes sociais e sem liderança formal, rejeita a violência. Ainda assim, o porta-voz do Ministério do Interior, Rachid El Khalfi, informou que 409 pessoas já foram detidas. Ao menos 260 policiais e 20 manifestantes ficaram feridos, enquanto 40 viaturas oficiais e 20 carros particulares foram incendiados.
Dados oficiais indicam taxa de desemprego geral de 12,8% e de 35,8% entre os jovens; entre graduados, chega a 19%. As cifras, divulgadas pela agência Reuters, alimentam o descontentamento que ganha força no país.
O governo marroquino declarou, em nota, estar disposto a dialogar com os jovens “dentro das instituições e espaços públicos” para encontrar “soluções realistas”, ao mesmo tempo em que elogiou a “reação equilibrada” das forças de segurança. Organizações de direitos humanos pedem investigação imparcial sobre o uso de força letal.
Episódios semelhantes de mobilização juvenil ocorreram neste ano em Nepal, Indonésia, Filipinas e Madagascar, resultando em renúncias e dissoluções de governos. Especialistas apontam as redes sociais como catalisadoras desses protestos globais.
As manifestações continuam concentradas no período noturno. O Ministério do Interior reiterou que o direito de protestar será respeitado “dentro da lei”, enquanto a polícia afirma manter operações para “proteger instalações públicas”.
Em síntese, os protestos Gen Z 212 expõem a tensão entre investimentos em megaeventos e a urgência por serviços básicos. Acompanhe outras análises sobre tecnologia e movimentos sociais na editoria de Ciência e tecnologia e fique informado sobre os próximos desdobramentos.
Crédito da imagem: AFP via Getty Images
Postagens Relacionadas