Protestos contra anistia a Bolsonaro mobilizam milhares marcaram o domingo (24) em todo o Brasil, quando dezenas de milhares de pessoas foram às ruas para rejeitar o projeto de lei que pode conceder perdão judicial ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
Com faixas que chamavam o Congresso de “sem vergonha” e gritos de “sem anistia”, manifestantes ocuparam avenidas nas principais capitais, apoiados por centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda.
Protestos contra anistia a Bolsonaro mobilizam milhares
O texto, acelerado por aliados de Bolsonaro na Câmara dos Deputados, pode livrar o ex-mandatário e sete co-réus de cumprir a pena de 27 anos imposta no início de junho, quando o Supremo Tribunal Federal os considerou culpados de conspirar para um golpe de Estado após a derrota eleitoral de 2022. Bolsonaro segue em prisão domiciliar até o fim dos recursos.
Na mesma semana, a Câmara também aprovou em primeira votação uma Proposta de Emenda à Constituição que torna mais difícil processar parlamentares. Pelo texto, somente com aval do plenário, em votação secreta, um deputado ou senador poderia ser denunciado ou preso. Críticos batizaram a medida de “PEC da Bandalheira”. Agora, o projeto segue para análise do Senado.
A rejeição popular ganhou força em grandes atos no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Porto Alegre e Recife. Segundo a consultoria Quaest, mais de 40 mil pessoas se concentraram na orla carioca, onde Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso se apresentaram em apoio à causa.
Pelo noticiário internacional da Reuters, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou no X (ex-Twitter) que “fica do lado do povo brasileiro” e prometeu vetar qualquer tentativa de anistia aprovada no Senado.
Os protestos ocorreram duas semanas depois de atos pró-Bolsonaro que apontaram “perseguição judicial” ao ex-chefe do Executivo, evidenciando a polarização. Pesquisa Datafolha publicada em 16 de setembro mostrou que 50% dos entrevistados defendem a prisão de Bolsonaro, enquanto 43% são contra.
Enquanto o Partido Liberal reivindica perdão para os condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023 — quando sediciosos invadiram Congresso, Supremo e Palácio do Planalto —, a multidão de domingo entoava “prisão para Bolsonaro”, afirmando lutar “pela democracia brasileira”. Mais de 1,5 mil envolvidos na invasão já foram detidos, alguns com penas longas.
Analistas avaliam que a pressão popular pode influenciar senadores indecisos, embora líderes bolsonaristas ainda tenham capacidade de articulação. Com o clima político acirrado, a votação no Senado deve ocorrer nas próximas semanas.
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Crédito da imagem: AFP via Getty Images