Primeira ministra de IA promete acabar com corrupção foi a frase de impacto usada pelo primeiro-ministro da Albânia, Edi Rama, ao apresentar Diella, a nova integrante virtual de seu gabinete. Criada por inteligência artificial, a “ministra” assume a pasta de compras públicas com a tarefa de tornar todos os processos de licitação “100% livres de corrupção”.
Apesar do anúncio, a nomeação tem caráter simbólico: a constituição albanesa exige que ministros sejam cidadãos maiores de 18 anos e mentalmente capazes. Ainda assim, Rama sustenta que o uso de um agente automatizado reduz riscos de vazamentos, elimina pressões políticas e acelera a análise de propostas.
Primeira ministra de IA promete acabar com corrupção
Antes de chegar ao gabinete, Diella já atuava como assistente virtual na plataforma e-Albania, orientando solicitantes de documentos oficiais. Segundo o premiê, mais de um milhão de pedidos foram processados pelo sistema, demonstrando potencial para “dar um salto” em relação a países que continuam presos a métodos tradicionais.
O projeto está sendo desenvolvido por uma equipe mista, composta por especialistas locais e internacionais, que trabalha na criação do “primeiro modelo totalmente baseado em IA para compras públicas”. Entre os objetivos estão agilizar prazos, aumentar a eficiência e garantir rastreabilidade total em cada etapa das licitações.
A oposição classificou a iniciativa como “ridícula” e “inconstitucional”. Já analistas de mercado, como Aneida Bajraktari Bicja, da Balkans Capital, veem valor prático caso a tecnologia resulte em sistemas reais de transparência. Especialistas em combate à corrupção também observam benefícios, desde que os algoritmos verifiquem com clareza se empresas atendem aos requisitos exigidos.
Para o jurista Andi Hoxhaj, do King’s College London, a meta de concluir as negociações de adesão à União Europeia até 2027 aumenta a pressão por resultados concretos. “Se Diella servir como mecanismo para esse objetivo, vale a pena explorar”, afirma.
Rama admite o componente midiático do anúncio, mas acrescenta que a presença de uma autoridade artificial “obriga os demais ministros e agências a pensar de forma diferente”. Em entrevista à BBC, ele reforçou que a movimentação é um passo decisivo no combate às fraudes estatais.
No curto prazo, Diella continuará operando como chatbot enquanto o modelo completo de IA é integrado ao sistema de licitações. O governo albanês promete apresentar métricas de desempenho ainda este ano, medida que deve indicar se a experiência pioneira poderá ser replicada em outras áreas da administração pública.
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Crédito da imagem: ADNAN BECI/AFP