Primeira maquinista da Índia, Surekha Yadav se despede

Primeira maquinista da Índia, Surekha Yadav encerrou nesta semana uma trajetória de 36 anos nos trilhos, oficializando sua aposentadoria como pioneira no comando de locomotivas no país asiático.

Nascida em 1965, no interior de Maharashtra, Yadav ingressou nos Caminhos-de-Ferro Indianos em 1989 como assistente de maquinista, depois de formar-se em engenharia elétrica. À época, não havia sequer referência feminina na função, mas ela superou um processo seletivo concorrido para conquistar o cargo em um setor historicamente dominado por homens.

Primeira maquinista da Índia, Surekha Yadav se despede

No início, Yadav enfrentou turmas de treinamento exclusivamente masculinas, jornadas irregulares e infraestrutura pouco preparada para mulheres, como a ausência de vestiários e banheiros em algumas rotas. Ainda assim, aprendeu a interpretar sinais, lidar com sistemas de monitoramento simultâneos e tomar decisões em segundos para garantir a segurança de passageiros e cargas.

A promoção a piloto de locomotiva em 1996 consolidou sua carreira. Desde então, ela conduziu trens de carga e de passageiros por todo o território indiano, atravessando regiões montanhosas, trechos alagados e viagens de vários dias, inclusive durante duas gestações. “Máquinas não veem gênero, veem competência”, costuma dizer.

O legado da maquinista é visível: hoje, mais de 2.000 mulheres operam trens na Indian Railways, número inimaginável quando ela iniciou. Além de dirigir, Yadav também formou novas gerações de condutoras, tornando-se referência para quem busca estabilidade em empregos públicos no país.

Seu último turno foi à frente do Rajdhani Express, um dos serviços premium de longa distância. Ao chegar a Mumbai, colegas a receberam com tambores e dança, selando uma despedida que a própria Yadav não previa quando se candidatou por meio de um anúncio de jornal.

Em entrevista à BBC News, a veterana revelou que sentirá falta dos sinais luminosos que sempre lhe mostraram o caminho. Agora, pretende dedicar-se à família e a projetos de mentoria.

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Crédito da imagem: Central Railway/Twitter