Escrita por H.G. Wells em 1898, “A Guerra dos Mundos” volta a ganhar vida no streaming. A Amazon Prime Video disponibilizou de surpresa uma nova adaptação cinematográfica da obra, realizada por Rich Lee e protagonizada pelo rapper Ice Cube. O lançamento foi feito sem campanha promocional ampla, mas depressa entrou para a lista dos títulos mais vistos na plataforma.
Nova abordagem ao clássico literário
O filme coloca Ice Cube no papel de um técnico de segurança que acompanha, através dos ecrãs do seu posto de trabalho, a chegada de máquinas alienígenas responsáveis por devastar o planeta. A narrativa inclui também temas contemporâneos como vigilância digital, privacidade e dependência tecnológica. Eva Longoria surge num dos papéis de maior destaque, ao lado de Clark Gregg, Andrea Savage, Iman Benson e Devon Bostick. Michael O’Neill interpreta o Secretário da Defesa dos Estados Unidos, enquanto Jim Meskimen faz uma breve participação como Presidente.
Produzida pela Universal Pictures, a obra marca a primeira longa-metragem de Rich Lee, conhecido sobretudo pela realização de videoclipes. O argumento procura diferenciar-se das versões anteriores ao combinar ficção científica com crítica social, destacando a influência das grandes empresas tecnológicas no quotidiano.
Receção crítica pouco favorável
A reação do público tem sido maioritariamente negativa. No portal IMDb, a longa-metragem regista uma classificação média de 3,4 em 10, baseada em mais de dois mil comentários, aproximando-se das posições de pior avaliação do ano de 2025. As críticas especializadas também têm sido severas. De acordo com a Variety, a produção “carece de emoção” e apresenta um orçamento limitado, visível nos cenários reduzidos e no foco quase exclusivo no protagonista diante de um computador.
A mesma publicação assinala ainda que o enredo faz referência explícita a serviços da Amazon. Um dos momentos destacados ocorre quando a ativação de uma assinatura Prime surge como elemento determinante para o desenrolar da ação, opção descrita como “promoção descarada” pela revista norte-americana.
Audiência elevada apesar das críticas
Contrariando a receção negativa, o filme alcançou o segundo lugar entre os mais vistos do Prime Video nos últimos dias. Analistas do sector apontam o lançamento silencioso como factor que poderá ter despertado a curiosidade dos subscritores e impulsionado os números de visualizações.
A popularidade inicial sugere que o público continua interessado em novas leituras do clássico de Wells, mesmo quando a qualidade artística é questionada. O desempenho da produção reforça ainda a estratégia do serviço de streaming de apresentar títulos inesperados para renovar o catálogo e manter os utilizadores ativos.
Comparação com adaptações anteriores
Desde a publicação do romance, “A Guerra dos Mundos” já inspirou vários projectos no cinema, rádio e televisão. A versão mais conhecida do grande público é a de 2005, dirigida por Steven Spielberg e interpretada por Tom Cruise. Ao contrário do novo lançamento, o filme de Spielberg beneficiou de lançamento global nos cinemas e de um orçamento robusto, refletindo-se em melhores efeitos visuais e receção crítica mais positiva.
Apesar das diferenças de escala e de abordagem, ambas as adaptações partilham o tema central da invasão extraterrestre e a análise do comportamento humano perante uma ameaça de aniquilação. A edição agora em streaming acrescenta a discussão sobre a influência corporativa e o controlo da informação em ambiente digital.
Perspetivas futuras
Não obstante a avaliação desfavorável, a performance de “A Guerra dos Mundos” no Prime Video poderá motivar a plataforma a apostar em novas produções de ficção científica de baixo orçamento e lançamento surpresa. Para a Universal Pictures, o resultado comercial no streaming servirá de indicador sobre a viabilidade de projetos semelhantes, sobretudo aqueles que recorrem a propriedades intelectuais consolidadas.
Enquanto isso, a obra original de H.G. Wells mantém-se como referência incontornável do género, continuando a gerar adaptações que procuram dialogar com a realidade de cada época. Resta saber se o público manterá o interesse por releituras sucessivas ou se exigirá experiências mais inovadoras no futuro.
Imagem: tecmundo.com.br
