Possessor(s) aposta em pacto demoníaco para entregar metroidvania urbano de combate dinâmico

- Premissa e ambientação
- Conflito narrativo
- Mecânicas de jogo
- Armas improvisadas e itens de apoio
- Bestiário e design dos inimigos
- Exploração e navegação
- Direção de arte e performance
- Público-alvo e posicionamento no mercado
- Pontos destacados positivamente
- Limitações identificadas
- Conclusões informativas
Premissa e ambientação
Possessor(s) é o novo projeto independente do estúdio Heart Machine, time que ficou conhecido por Hyper Light Drifter. O jogo se passa na fictícia Senzu, cidade colocada em quarentena depois de um acidente ligado à exploração de energia sobrenatural. A tragédia instaura o caos e abre caminho para criaturas demoníacas, estabelecendo o pano de fundo sobre o qual toda a experiência se desenvolve.
No centro da trama está Luca, estudante local que perde as pernas durante a explosão e, para seguir viva, faz um acordo com Rhen, entidade demoníaca até então aprisionada. Esse pacto fornece habilidades sobre-humanas, mas também cria um vínculo de dependência entre hospedeira e demônio. A dupla precisa cruzar a cidade devastada em busca da casa de Luca, enfrentando os perigos liberados no incidente.
Conflito narrativo
O catalisador da história é uma megacorporação que pesquisava a chamada “energia demoníaca” como possível fonte sustentável. O experimento sai do controle e o vazamento dessa força oculta não só destrói a infraestrutura urbana como corrompe objetos, pessoas e até arquivos digitais. O avanço da narrativa ocorre por meio de missões principais, objetivos opcionais e memórias coletáveis que revelam detalhes do passado de Luca e de Rhen.
Embora o enredo não fuja a clichês do gênero — pacto sobrenatural, corporação irresponsável e cidade isolada —, ele fornece motivação suficiente para sustentar a exploração. A estrutura fragmentada, baseada em registros espalhados pelo mapa, estimula a curiosidade do jogador e encaixa-se na atmosfera melancólica proposta pela direção de arte.
Mecânicas de jogo
Possessor(s) adota a estrutura clássica dos metroidvania 2D, em que um grande mapa interconectado se expande gradualmente à medida que o personagem obtém novas técnicas de locomoção e combate. O título acrescenta um sistema de missões principais e secundárias, solução que direciona o público por zonas específicas e ajuda a reduzir parte da inevitável desorientação comum ao gênero.
No combate, o estúdio buscou inspiração em jogos de arena como Super Smash Bros. Os confrontos permitem lançar adversários contra paredes ou usar elementos do cenário para ampliar combos. Essa vertente mais dinâmica confere ritmo elevado às batalhas e diferencia o jogo de metroidvanias focados exclusivamente em plataformas.
Armas improvisadas e itens de apoio
O arsenal principal de Luca é formado por objetos cotidianos que ganham status de arma graças à energia que circula pela cidade. A aventura começa com duas facas de cozinha e evolui para itens como taco de beisebol ou guitarra elétrica. Complementam o conjunto equipamentos secundários, entre eles um mouse capaz de arremessar inimigos e um celular que dispara ondas de choque. Essa escolha reforça o contraste entre o ordinário e o sobrenatural que marca a ambientação de Senzu.
Cada inimigo derrotado libera Croma, recurso usado para adquirir produtos de comerciantes não jogáveis distribuídos pelas áreas. Além disso, é possível aplicar modificadores às armas, acrescentando vantagens específicas sem sobrecarregar o gerenciamento de inventário.
Bestiário e design dos inimigos
O vazamento de energia demoníaca deforma objetos e cria adversários de aparência insólita. Entre os exemplos citados na análise de referência estão vasos de flores possuídos, arquivos corrompidos e uma criatura composta por monitor de computador e mouses que se transformam em ratos perseguidores. Esse alinhamento entre conceito visual e narrativa sustenta a coerência do mundo e adiciona variedade ao combate.
Apesar de contar com marcações de objetivo e pontos de viagem rápida, Possessor(s) mantém a tradição metroidvania de exigir atenção a atalhos, salas secretas e habilidades recém-desbloqueadas. Jogadores iniciantes podem sentir dificuldade em alguns trechos pela ausência de assistências mais robustas, situação que deve gerar procura por guias externos após o lançamento.
Um aspecto apontado como limitador é a falta de uma roda de armas, ferramenta que agilizaria a troca de equipamentos em confrontos intensos. Sem esse recurso, a alternância durante a ação exige pausas no fluxo da batalha, o que pode reduzir o dinamismo pretendido pelo sistema de combos.
Direção de arte e performance
Visualmente, Possessor(s) alcança um resultado expressivo para seu escopo independente. A paleta de cores mescla tons vibrantes — presentes principalmente no design de Luca — com cenários sombrios, evidenciando a degradação de Senzu. Modelos de personagem, interface e animações contribuem para a identidade do projeto.
A trilha sonora acompanha o tom melancólico, reforçando momentos de descoberta ou conflito. Do ponto de vista técnico, a análise registrou bom desempenho em três configurações: placa de vídeo RTX 5080, notebook equipado com GTX 1050 Ti e o portátil Steam Deck. Isso sugere otimização sólida mesmo em hardwares intermediários.
Dois pontos merecem ressalva: a ausência de dublagem, opção que obrigou o estúdio a contar apenas com diálogos em texto, e transições de movimento que, em situações como o ato de subir escadas, aparentam leve rigidez. Nenhum desses fatores inviabiliza a experiência, mas revelam áreas com potencial de aprimoramento.
Público-alvo e posicionamento no mercado
O ano de 2025 recebeu lançamentos de alto orçamento em diversas plataformas, cenário que eleva a concorrência. Dentro desse contexto, Possessor(s) se apresenta como porta de entrada acessível para curiosos pelo gênero metroidvania. O jogo foi disponibilizado para PC e PlayStation 5, com preço sugerido de R$ 54,99 na versão para computadores.
O estúdio recebeu apoio da Devolver Digital para distribuição, e uma cópia para PC foi cedida à imprensa especializada para avaliação prévia. A nota atribuída na análise que serve de referência foi 80, refletindo apreciação consistente, ainda que não entusiástica.
Pontos destacados positivamente
• Combate envolvente: o sistema de combos aliado à interação com o cenário cria lutas variadas.
• Criatividade em armas e inimigos: utensílios domésticos transformados em equipamento ofensivo e bestiário calcado em objetos corrompidos reforçam a identidade visual.
• Ambientação e personagens: a relação entre Luca e Rhen, somada ao contraste de cores, sustenta o interesse na jornada.
• Estrutura metroidvania clássica: mapa expansivo, segredos e progressão por habilidades respeitam as convenções do gênero.
Limitações identificadas
• Foco exclusivo em texto: a falta de vozes reduz a imersão de sequências dramáticas.
• Animações de transição: movimentos pontuais, como escalar escadas, exibem leve rigidez.
• Profundidade de combate e exploração: ausência de roda de armas e camadas adicionais de estratégia deixam espaço para evolução.
Conclusões informativas
Possessor(s) reúne elementos conhecidos — metroidvania, pacto demoníaco, cidade em ruínas — e acrescenta assinatura própria por meio de arte vibrante e combate que lembra arenas de luta. A experiência foi construída para ser acessível, com preço inferior ao de grandes lançamentos e desempenho estável em diferentes configurações de hardware. Embora careça de dublagem e de alguns refinamentos de qualidade de vida, o título entrega um pacote coeso para fãs do gênero ou para quem deseja iniciar nesse estilo de jogo.
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