Por que os smartphones deixaram de ter baterias removíveis e o que muda até 2027

Durante anos, retirar a tampa traseira do telemóvel e trocar a bateria era um gesto corriqueiro. Esse cenário alterou-se de forma quase total na última década, com a indústria a migrar para baterias integradas. A mudança, iniciada por modelos emblemáticos como o primeiro iPhone em 2007, trouxe ganhos de design e estanqueidade, mas também gerou saudade em utilizadores que apreciavam a substituição rápida do componente.

Design mais fino e maior resistência à água

A transição para baterias não removíveis teve como principal motivação a procura por dispositivos mais delgados, leves e robustos. Sem a necessidade de uma tampa amovível nem dos conectores extra exigidos pela bateria destacável, os fabricantes conseguiram libertar espaço interno e reduzir a espessura dos equipamentos.

Outro ponto decisivo foi a certificação de resistência contra água e poeira. Estruturas unibody facilitam a obtenção de selagens IP68 ou superiores, meta difícil de alcançar com compartimentos abertos ao utilizador. Este fator tornou-se crítico à medida que os smartphones passaram a acompanhar o utilizador em actividades como fotografia subaquática ligeira ou utilização sob chuva intensa.

Evolução da tecnologia e novos hábitos de carregamento

Paralelamente, a química das baterias avançou. As actuais células de iões de lítio — e versões que já incorporam silício-carbono — oferecem autonomia prolongada e ciclos de vida que ultrapassam, com margem, o período médio de substituição de um telefone. Assim, a urgência em trocar a bateria diminuiu.

O comportamento do consumidor também mudou. Carregadores rápidos e power banks disseminaram-se, tornando comum recarregar ao longo do dia em vez de transportar uma bateria sobresselente. Desta forma, a procura por módulos amovíveis caiu, o que reforçou a decisão das marcas.

Excepções no mercado atual

Apesar da tendência dominante, existem modelos que mantêm o conceito de bateria removível, sobretudo em nichos profissionais ou de sustentabilidade. Entre os exemplos mais recentes surgem o Fairphone 5, projectado para reparação facilitada, alguns dispositivos da marca Doogee, como o Fire 6 Max, e o Samsung Galaxy Xcover 7, pensado para ambientes industriais e uso em campo.

Regulamentação europeia reabre o debate

A União Europeia aprovou legislação que obriga, a partir de 2027, à disponibilização de um método de remoção de bateria sem ferramentas especializadas. A norma não exige o regresso das tampas traseiras clássicas, mas impõe um processo acessível a qualquer utilizador com utensílios simples, abrindo caminho a designs híbridos que conciliem estanqueidade e reparabilidade.

Perante este enquadramento, os fabricantes terão de equilibrar engenharia interna, certificação de resistência e facilidade de substituição. Até lá, a esmagadora maioria dos smartphones manterá o formato unibody, mas a exigência legal poderá trazer de volta, ainda que de forma adaptada, a autonomia instantânea que muitos utilizadores recordam.

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