Polônia derruba drones russos que violaram seu espaço aéreo durante a madrugada desta quarta-feira (27), num episódio classificado por Varsóvia como “ato de agressão” e sem precedentes desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022.
Segundo o comando operacional polonês, pelo menos 19 drones cruzaram a fronteira em sete horas de ataques russos ao território ucraniano. Parte dos veículos aéreos não tripulados teria partido de Belarus, onde tropas russas e belarussas se reúnem para exercícios militares.
Polônia derruba drones russos que violaram seu espaço aéreo
O primeiro artefato foi detectado por volta das 23h30 de terça-feira, e o último, às 6h30 de hoje, informou o primeiro-ministro Donald Tusk ao Parlamento. O governo já localizou oito pontos de queda; em Wyryki, na região de Lublin, o telhado de uma residência foi arrancado, mas não houve feridos.
De acordo com a agência Reuters, caças F-35 da Força Aérea dos Países Baixos interceptaram parte dos drones, enquanto sistemas Patriot alemães e aviões de alerta antecipado italianos permaneceram em prontidão. Foi a primeira vez que a OTAN enfrentou uma ameaça real dentro de seu próprio espaço aéreo, ressaltou o porta-voz coronel Martin O’Donnell.
Reação internacional
A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, disse que a violação “parece intencional, não acidental”. O presidente francês, Emmanuel Macron, exigiu que Moscou “cesse essa escalada imprudente”, enquanto os líderes dos Bálticos alertaram para o risco crescente à segurança europeia. Para o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, o episódio cria um “precedente extremamente perigoso”.
Versão de Belarus
O major-general Pavel Muraveiko, chefe do Estado-Maior belarusso, afirmou em comunicado on-line que os drones “perderam o curso” após interferência eletrônica e que Minsk avisou Varsóvia sobre objetos não identificados. Tusk rebateu dizendo ser a primeira vez que a maior parte dos aparelhos veio diretamente de Belarus, e não da Ucrânia.
Impactos imediatos
Durante a operação, parte do espaço aéreo polonês foi fechada e o aeroporto Chopin, em Varsóvia, suspendeu voos por algumas horas. Consultas sob o Artigo 4 do tratado da OTAN — que permite discussões urgentes entre aliados — ocorreram, mas não houve ativação do Artigo 5, que prevê defesa coletiva.
Varsóvia já havia acusado Moscou de provocações aéreas: em agosto, um drone russo explodiu num milharal; em março, um míssil cruzou brevemente o país; e, em 2022, um projétil — provavelmente ucraniano — matou dois civis.
O Ministério da Defesa da Ucrânia registrou, na mesma noite, o lançamento de 415 drones e 42 mísseis russos contra várias regiões, interceptando a maioria.
O incidente reforça o clima de tensão na fronteira oriental da OTAN. Para acompanhar os desdobramentos e outras análises geopolíticas, visite nossa editoria Notíciase tendências e siga lendo nossos conteúdos.
Crédito da imagem: Global News