Polilaminina, proteína sintética criada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), reacendeu a esperança de pacientes com lesão na medula espinhal ao favorecer a reconexão de nervos danificados, condição que provoca paralisia parcial ou total e ainda carece de tratamento eficaz.
A substância reproduz em laboratório a laminina, proteína-chave do desenvolvimento embrionário capaz de guiar o crescimento neuronal. Quando aplicada diretamente no local da lesão, ela estimula a formação de novas vias de transmissão de sinais motores.
Polilaminina mostra avanço contra paralisia da medula
Em pesquisa publicada na revista científica Frontiers in Veterinary Science, seis cães paraplégicos que não respondiam a cirurgia nem fisioterapia receberam a proteína. Quatro voltaram a dar passos firmes, enquanto dois apresentaram melhorias mais discretas. O acompanhamento durou seis meses e não registrou efeitos colaterais graves, apenas um episódio de diarreia sem relação comprovada com o fármaco.
Ensaios experimentais com oito voluntários brasileiros também mostraram resultados encorajadores. Alguns participantes, sem qualquer movimento abaixo da lesão, recuperaram controle de tronco e chegaram a dar passos com auxílio. Os autores destacam, contudo, que os dados são preliminares e necessitam de validação em estudos maiores e controlados.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lembra que a pesquisa ainda se limita a protocolos acadêmicos. Segundo a agência, faltam informações de segurança para autorizar ensaios clínicos formais em humanos. O caminho regulatório inclui finalizar estudos pré-clínicos, realizar as fases 1, 2 e 3 em voluntários, comprovar eficácia, definir doses e solicitar registro sanitário — processo que pode levar vários anos.
Caso todas as etapas sejam concluídas com sucesso, a polilaminina poderá chegar a hospitais públicos e integrar o Sistema Único de Saúde (SUS), tornando-se um marco na luta contra a paralisia medular, área de pesquisa que busca, há décadas, uma solução de regeneração neuronal.
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Crédito da imagem: zedspider/Shutterstock