Plano de paz de dois Estados: Abbas se diz pronto a agir

Plano de paz de dois Estados volta ao centro do debate internacional após o presidente palestino, Mahmoud Abbas, declarar na Assembleia Geral da ONU que está “pronto para trabalhar” com Estados Unidos, França, Arábia Saudita e demais parceiros para viabilizar a proposta divulgada por Paris nesta segunda-feira.
Falando por videoconferência — depois de ter o visto revogado pelo Departamento de Estado norte-americano —, Abbas reforçou que o Hamas não terá papel no governo futuro de Gaza e que o grupo deve entregar as armas. Ele pediu ainda que países que ainda não reconheceram a Palestina o façam e que a ONU conceda assento pleno ao Estado palestino.
Plano de paz de dois Estados: Abbas se diz pronto a agir
O plano francês, apoiado pela Arábia Saudita, prevê a libertação simultânea dos 48 reféns restantes do Hamas e a suspensão imediata das operações militares de Israel em Gaza. Na sequência, uma administração transitória — chefiada pela Autoridade Palestina (AP) e com exclusão do Hamas — governaria o enclave, preparando terreno para um “Estado palestino soberano, independente e desmilitarizado”.
Embora Washington e Tel Aviv não tenham endossado a proposta, Abbas, 89 anos, manifestou disposição para colaborar “com o presidente norte-americano, o Reino da Arábia Saudita, a França, a ONU e todos os parceiros” a fim de implementá-la, abrindo caminho para “paz justa e cooperação regional abrangente”.
O líder palestino condenou o ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023, quando 1.200 pessoas foram mortas e 251 feitas reféns, mas qualificou a retaliação israelense como “uma das mais terríveis tragédias humanitárias dos séculos XX e XXI”. Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo Hamas, 65.502 palestinos, metade mulheres e crianças, morreram desde então.
Abbas agradeceu a recente onda de reconhecimentos da Palestina por Canadá, Austrália, Reino Unido, Portugal, França, Bélgica, Luxemburgo, Malta, Mônaco, San Marino, Andorra e Dinamarca. Os EUA, contudo, dizem que reconhecer agora significaria “recompensar o Hamas”.
No campo doméstico, o presidente afirmou que a AP quer assumir “plenas responsabilidades” na Faixa de Gaza após a retirada israelense, integrar o território à Cisjordânia ocupada e realizar eleições presidenciais e parlamentares até um ano após o fim da guerra. O último pleito nacional ocorreu em 2006, vencido pelo Hamas, que expulsou o Fatah de Gaza em 2007.
Dados da Organização das Nações Unidas indicam que a reconstrução de Gaza exigirá apoio financeiro multilateral, reforçando a relevância de um consenso internacional para o pós-guerra.
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Crédito da imagem: Reuters
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