Piometra: entenda a infecção uterina que coloca em risco cadelas e gatas não castradas

Piometra: entenda a infecção uterina que coloca em risco cadelas e gatas não castradas

Piometra é o nome dado a uma infecção uterina potencialmente fatal que afeta fêmeas caninas e felinas que ainda possuem ovários e útero. Embora faça parte da rotina diária de inúmeros consultórios veterinários, a enfermidade continua sendo um perigo pouco conhecido por muitos tutores, surgindo silenciosamente após o período do cio e exigindo ação imediata para evitar complicações graves.

Índice

O que é a Piometra e por que ela ocorre

A doença é definida como uma infecção bacteriana secundária do útero desencadeada por alterações hormonais que se repetem a cada ciclo reprodutivo sem gestação. Depois do cio, o organismo da fêmea produz progesterona, hormônio que prepara o endométrio para receber embriões. Caso a gravidez não aconteça, esse tecido permanece espessado. Ao longo dos anos, a exposição contínua à progesterona leva à chamada Hiperplasia Endometrial Cística, caracterizada por aumento do número de glândulas e acúmulo de secreções dentro da cavidade uterina. Esse ambiente rico em nutrientes torna-se terreno fértil para bactérias oportunistas, principalmente Escherichia coli, isolada em cerca de 90 % dos casos confirmados.

Diferentemente de enfermidades transmitidas por contato direto entre animais, a Piometra nasce “de dentro para fora”. A combinação de mucosa uterina espessada e portas imunológicas temporariamente baixas cria a tempestade perfeita: as bactérias migram, multiplicam-se rapidamente e produzem toxinas capazes de atingir a corrente sanguínea, provocando endotoxemia e sepse.

Como a Piometra se manifesta em cadelas e gatas

A infecção pode surgir de duas formas. Na variante de cérvix aberta, o colo do útero permanece entreaberto, permitindo que pus misturado a sangue seja eliminado pela vagina. Esse vazamento facilita o reconhecimento do problema, pois o tutor observa manchas onde o animal se deita. Já a modalidade de cérvix fechada representa risco elevado: o colo uterino se fecha totalmente, o pus fica retido e as toxinas entram na circulação com mais velocidade. Nessa situação, a evolução para choque séptico é mais rápida, e o diagnóstico torna-se mais desafiador por não haver secreção externa visível.

A enfermidade pode acometer fêmeas de qualquer idade após o primeiro cio. Ainda assim, estatísticas clínicas apontam maior frequência em cadelas de meia-idade a idosas, resultado da exposição hormonal acumulativa. Em gatas, o número de ocorrências é menor porque, na espécie felina, a ovulação depende normalmente do estímulo do acasalamento, o que reduz a repetição dos picos de progesterona sem gestação.

Sinais clínicos que sugerem Piometra

Os sintomas costumam aparecer algumas semanas depois do cio, justamente quando o tutor imagina que o período reprodutivo terminou sem consequências. Os indícios mais frequentes incluem apatia intensa, desinteresse por alimentos, aumento exagerado da ingestão de água (polidipsia) e, consequentemente, aumento do volume de urina (poliúria). Esses sinais são explicados pelas toxinas bacterianas que prejudicam a capacidade dos rins de concentrar a urina.

Vômitos, diarreia e distensão abdominal também podem surgir. Quando o colo uterino está aberto, secreção purulenta ou sanguinolenta é observada na região vulvar ou em locais onde o animal repousa. Em casos de cérvix fechada, a barriga tende a ficar visivelmente inchada, já que o útero acumula líquido contaminado sem possibilidade de drenagem.

Diagnóstico rápido é vital diante da Piometra

Diante de qualquer suspeita, o veterinário procede ao exame clínico, avaliando estado geral, mucosas, temperatura e palpação abdominal. Embora a inspeção física levante forte suspeita, a confirmação depende de exames complementares. A ultrassonografia é o método de escolha, pois permite visualizar diretamente o aumento uterino e a presença de conteúdo líquido em seu interior. Paralelamente, um hemograma costuma revelar leucocitose pronunciada, sinal de infecção sistêmica importante.

O tempo é determinante: quanto mais cedo a Piometra for identificada, menor a chance de ruptura uterina, peritonite ou progressão para choque séptico. Por isso, tutores devem levar a fêmea ao consultório assim que notarem qualquer combinação de secreção anormal, prostração ou aumento súbito da sede após o cio.

Tratamento cirúrgico e cura da Piometra

O procedimento de eleição é a ovariohisterectomia de emergência, que remove completa e simultaneamente útero e ovários. A cirurgia elimina o foco de infecção e impede novas exposições hormonais. Antes da operação, o animal recebe fluidoterapia para estabilizar a circulação e antibióticos para reduzir a carga bacteriana. Após a retirada do órgão contaminado, o tratamento antibiótico continua para assegurar que microrganismos remanescentes sejam eliminados.

Há tentativas de manejo medicamentoso com prostaglandinas, cujo objetivo é contrair o útero e expulsar o material purulento, preservando a fertilidade em reprodutoras de alto valor genético. Contudo, essa estratégia apresenta risco substancial de ruptura uterina, reincidência da doença e não é indicada para a maioria dos animais de companhia.

Quando o diagnóstico é tardio e ocorre ruptura do útero dentro da cavidade abdominal, instala-se peritonite aguda, situação que agrava o prognóstico e requer cuidados intensivos adicionais. Sem intervenção, a Piometra pode culminar em óbito por falência múltipla de órgãos.

Castração preventiva: única forma de evitar a Piometra

A prevenção da enfermidade é considerada 100 % eficaz e está ao alcance de todos os tutores: castrar a fêmea antes que o problema apareça. Ao retirar útero e ovários eletivamente, elimina-se o substrato hormonal que desencadeia a Hiperplasia Endometrial Cística e, por consequência, o risco de infecção bacteriana subsequente.

Além de proteger contra a Piometra, a castração precoce reduz as probabilidades de tumores mamários influenciados por hormônios em cadelas e evita crias indesejadas. Em gatas, o procedimento também impede vocalizações e fugas associadas ao cio. O momento ideal deve ser discutido com o médico-veterinário, considerando porte, idade e condições de saúde de cada animal.

Em síntese, a Piometra é uma emergência veterinária grave, mas completamente evitável. Informar-se sobre o ciclo reprodutivo da fêmea, reconhecer sinais suspeitos após o cio e optar pela castração preventiva são medidas decisivas para preservar a vida de cadelas e gatas e afastar o risco dessa infecção uterina silenciosa.

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