Peter Mutharika retorna à presidência do Malawi aos 85

Peter Mutharika retorna à presidência do Malawi aos 85. Cinco anos depois de ter o mandato anulado pelo Tribunal Constitucional, o ex-chefe de Estado superou o rival Lazarus Chakwera nas eleições gerais e prepara-se para reassumir o Palácio de Sanjika.
A vitória marca a quarta candidatura do professor de direito internacional formado em Yale, que governou de 2014 a 2020 e perdeu o cargo após denúncias de fraude com uso de corretivo “Tipp-Ex” nas urnas. Desta vez, o eleitorado atribuiu a ele a esperança de reverter uma inflação que hoje supera 30% e um dos piores recuos econômicos da história do país.
Peter Mutharika retorna à presidência do Malawi aos 85
Durante a campanha, o candidato do Partido Progressista Democrático (DPP) repetiu que “a vida era melhor” sob sua gestão, citando a redução da inflação para um dígito em 2019 e a captação de bilhões de dólares em empréstimos chineses para infraestrutura. Em comícios esporádicos, perguntava em chichewa: “Munandisowa eti? Mwakhaula eti?” (“Vocês sentiram minha falta? Sofreram, não é?”).
Apesar da idade avançada e de aparições públicas limitadas, Mutharika venceu até em redutos tradicionalmente alinhados ao presidente Chakwera, como Lilongwe e Nkhotakota. Analistas locais atribuem o resultado ao descontentamento popular com longas filas por combustível, à devastação do ciclone Freddy e à escassez de divisas.
Nascido em Thyolo, filho de dois professores, Mutharika passou décadas lecionando em universidades dos Estados Unidos, Tanzânia, Uganda e Etiópia antes de entrar na política, em 2004, como conselheiro do irmão Bingu wa Mutharika, então presidente. No governo, acumulou as pastas de Justiça, Educação e Relações Exteriores. A projeção, porém, provocou críticas de nepotismo e desencadeou uma crise sucessória após a morte de Bingu em 2012.
Acusado de tentar usurpar o cargo de Joyce Banda, conforme estabelece a Constituição, Mutharika foi indiciado por traição. As acusações caíram em 2014, quando ele venceu Banda e Chakwera com 36% dos votos. Seu primeiro mandato foi marcado por avanços em obras públicas, mas também por apagões, falta de alimentos e suspeitas de propina em contrato de 2,8 bilhões de kwachas — caso no qual acabou inocentado.
Para especialistas citados pela BBC (https://www.bbc.com/news/world/africa), o novo governo terá de equilibrar austeridade e investimento social. O presidente eleito promete reabrir negociações com doadores internacionais e “restaurar a confiança” na gestão pública.
Embora reservado na vida pessoal, Mutharika, casado desde 2014 com a ex-deputada Gertrude Maseko, assumirá uma mesa de trabalho mais pesada do que em 2014. A população, majoritariamente rural, espera ações rápidas contra a pobreza extrema que afeta um em cada quatro malauianos.
O jurista que um dia se orgulhou de voar em classe econômica precisará, agora, mostrar fôlego para conduzir um país que enfrenta inflação alta, contas externas exauridas e os efeitos das mudanças climáticas.
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Crédito da imagem: Bloomberg via Getty Images
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