Pesquisa aponta adoção maciça de inteligência artificial e retorno financeiro em grandes empresas

Um estudo conduzido pela Wharton School da Universidade da Pensilvânia, em parceria com a consultoria GBK Collective, indica que a inteligência artificial generativa já faz parte da rotina das grandes corporações e que seus benefícios financeiros são percebidos pela maioria dos líderes. A pesquisa entrevistou 800 executivos de organizações com mais de 1.000 funcionários e faturamento anual superior a US$ 50 milhões, revelando que 82% deles utilizam ferramentas de IA pelo menos uma vez por semana e que 46% recorrem a esses recursos todos os dias. Além disso, 72% das empresas avaliam formalmente o retorno sobre o investimento e aproximadamente três em cada quatro relatam resultados favoráveis.
- Metodologia do levantamento
- Frequência de uso da IA generativa
- Medição de retorno e percepção de resultados
- Efeitos esperados nas contratações de nível inicial
- Diferenças de percepção entre hierarquias
- Principais aplicações corporativas
- Abordagem estratégica além da redução de custos
- Consolidação de habilidades e fortalecimento competitivo
Metodologia do levantamento
O recorte proposto pelos pesquisadores concentrou-se em companhias de grande porte, definidas por dois critérios objetivos: quadro de pessoal superior a mil colaboradores e receita anual acima de cinquenta milhões de dólares. Somente executivos com poder de decisão participaram do mapeamento, o que inclui presidentes, vice-presidentes, diretores, gerentes seniores e gerentes intermediários. Ao todo, 800 entrevistas compuseram o banco de dados que fundamenta as conclusões divulgadas. Essa amostra buscou representar setores variados da economia, sem restringir a investigação a uma indústria específica, o que possibilita observar tendências transversais no ambiente corporativo.
Frequência de uso da IA generativa
Os percentuais acima de 80% ilustram uma expansão considerável em relação a 2023, quando apenas 37% dos entrevistados declaravam empregar soluções de IA generativa semanalmente. O salto para 46% de usuários diários evidencia que o recurso deixou de ser eventual e passou a integrar fluxos de trabalho cotidianos. O ritmo de adoção sugere mudança cultural dentro das empresas, na qual algoritmos de geração de texto, análise de dados ou síntese de informações tornaram-se ferramentas ao alcance de diferentes departamentos. Com acesso frequente, profissionais desenvolvem familiaridade e ajustam processos, reforçando a tendência de incorporação rápida.
Medição de retorno e percepção de resultados
O estudo aponta que 72% das companhias estabeleceram métricas formais para mensurar retorno sobre o investimento em IA. Entre as organizações que acompanham o desempenho, cerca de 75% relatam ganhos positivos. Esses ganhos incluem maior produtividade, redução de etapas operacionais e apoio à tomada de decisão. A prática de mensuração demonstra que os gestores buscam comprovar benefícios concretos antes de ampliar investimentos, sinalizando maturidade na administração de tecnologias emergentes. Mesmo sem detalhar valores absolutos, o fato de três em cada quatro empresas enxergarem impacto financeiro favorável reforça o argumento de que a IA agrega valor mensurável.
Efeitos esperados nas contratações de nível inicial
Quanto às vagas de entrada, a pesquisa contraria visões de que a automação levaria necessariamente à diminuição imediata de postos de trabalho. Apenas 17% dos executivos preveem contratar menos estagiários, ao passo que 49% antecipam ampliar esse quadro. Para cargos iniciais efetivos, 18% projetam redução, e 40% esperam expansão. Os dados sugerem que a automação poderá transformar responsabilidades, mas não implica, no curto prazo, cortes generalizados. Em vez disso, parte das organizações vislumbra redistribuição de tarefas e criação de novos papéis de suporte à tecnologia, mantendo ou até elevando o número de colaboradores em início de carreira.
Diferenças de percepção entre hierarquias
A análise por camada hierárquica revela contraste entre líderes de alto escalão e gestores intermediários. Quase metade dos executivos seniores descreve resultados “significativamente positivos”, enquanto somente 27% dos gerentes de nível médio compartilham esse otimismo. Segundo o professor Stefano Puntoni, da Wharton, essa divergência decorre do horizonte estratégico mais amplo ocupado pelos dirigentes. Enquanto presidentes e vice-presidentes visualizam ganhos de médio a longo prazo, chefes operacionais lidam diariamente com desafios de implementação, ajustes de processos e curvas de aprendizado ainda em andamento. O cenário sugere que a aceitação plena da IA passa por apoiar os níveis que executam a adoção prática.
Principais aplicações corporativas
O levantamento identificou usos recorrentes que atravessam departamentos:
Análise de dados: algoritmos processam grandes volumes de informações para extrair padrões e previsões mais rapidamente que métodos tradicionais.
Resumo de reuniões: sistemas generativos sintetizam discussões, produzindo documentos de acompanhamento automaticamente.
Redação de conteúdo: ferramentas elaboram rascunhos de textos, relatórios e materiais de marketing, reduzindo tempo de produção.
Suporte a decisões estratégicas: modelagens baseadas em IA fornecem cenários comparativos que ajudam executivos a avaliar riscos e oportunidades.
Melhoria da experiência do cliente: chatbots e assistentes virtuais respondem dúvidas, personalizam ofertas e diminuem tempos de espera em atendimento.
Desenvolvimento de produtos e serviços: análise de tendências alimenta propostas mais alinhadas às necessidades de mercado.
Otimização de processos internos: fluxos administrativos são reconfigurados para eliminar redundâncias e elevar eficiência.
Abordagem estratégica além da redução de custos
Puntoni ressalta, de acordo com o relatório, que os benefícios da IA vão além de economias imediatas. A ênfase recai na criação de oportunidades, na concepção de experiências inéditas para os clientes e na inovação de portfólio. Para o professor, focar apenas em cortar despesas limita o potencial da tecnologia; empresas que imaginam funcionalidades exclusivas ou antecipam necessidades de mercado tendem a extrair vantagens competitivas mais duradouras. Essa orientação estratégica contrasta com abordagens defensivas, em que a adoção ocorre apenas para não perder terreno frente a concorrentes.
Consolidação de habilidades e fortalecimento competitivo
A utilização frequente descrita no estudo indica que profissionais estão adquirindo novas competências ligadas à IA. O domínio dessas ferramentas transforma-se em requisito de performance, impulsionando programas internos de capacitação. À medida que a experiência se aprofundar, a barreira de entrada para quem ainda não adota a tecnologia tende a aumentar, reforçando o diferencial das empresas que já medem resultados e ampliam investimentos. Em paralelo, a familiaridade progressiva reduz resistência interna, acelera ciclos de aprendizado e incentiva experimentação, aspectos que favorecem uma cultura de inovação contínua.
Os números apresentados pelo levantamento confirmam um movimento consistente: a inteligência artificial generativa consolidou-se como elemento estrutural nas grandes empresas, influencia decisões de contratações e recebe avaliação predominantemente positiva quando submetida a métricas financeiras. Observa-se ainda diferença de percepção entre níveis hierárquicos e ampliação de usos que vão da análise de dados à experiência do cliente, configurando um cenário em que a tecnologia deixa de ser tendência e se torna prática consolidada.
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