Rover Perseverance identifica rocha de 80 cm rica em ferro e níquel que pode ser meteorito em Marte

Rover Perseverance identifica rocha de 80 cm rica em ferro e níquel que pode ser meteorito em Marte

O rover Perseverance, operado pela NASA na cratera Jezero desde 2021, registrou e começou a estudar uma rocha de cerca de 80 centímetros de diâmetro que se destaca por sua composição rica em ferro e níquel. A peça foi batizada de Phippsaksla e pode representar o primeiro meteorito encontrado pelo veículo em sua atual missão em Marte.

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Detalhes da descoberta e do cenário geológico

A rocha foi fotografada em duas ocasiões distintas, nos dias 2 e 19 de setembro. Nas imagens, Phippsaksla contrasta de forma nítida com o terreno plano e profundamente fraturado que caracteriza o setor da cratera Jezero investigado pelo Perseverance. A aparência maciça e o brilho metálico, incomuns na paisagem rochosa do local, chamaram a atenção da equipe responsável pela operação do robô.

A confirmação oficial da NASA, no entanto, só foi divulgada em 13 de outubro. O intervalo entre o registro fotográfico e a comunicação pública ocorreu devido a uma paralisação temporária de sistemas do governo dos Estados Unidos, o que afetou o fluxo rotineiro de informações da agência espacial.

Instrumentos que apoiaram a identificação química

Para compreender a natureza do objeto, o Perseverance empregou o instrumento SuperCam. O equipamento, instalado no mastro do veículo, possui sensores capazes de analisar a composição elementar de alvos a distância. Durante a última semana de observações, o SuperCam indicou altos teores de ferro e níquel em Phippsaksla, perfil que costuma caracterizar meteoritos metálicos formados no interior de grandes asteroides.

Os dados coletados até o momento sugerem que a rocha não se originou no próprio solo marciano. A hipótese é que ela tenha sido produzida por um corpo progenitor em outro ponto do Sistema Solar, atravessado o espaço e, em algum momento do passado, impactado a superfície de Marte antes de se posicionar onde hoje se encontra.

Comparação com achados de missões anteriores

Rochas metálicas semelhantes já foram encontradas em Marte por missões anteriores. Os rovers Opportunity e Spirit, ativos na década de 2000, documentaram objetos com composição também dominada por ferro e níquel. Contudo, o Perseverance ainda não havia identificado material desse tipo desde o início de suas atividades na cratera Jezero, em fevereiro de 2021.

Para Candice Bedford, pesquisadora da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, o fato era inesperado. A cratera Jezero possui idade geológica comparável à cratera Gale — explorada pelo rover Curiosity — e apresenta diversas pequenas crateras de impacto. Essa combinação sugeria aos cientistas uma maior probabilidade de ocorrência de meteoritos metálicos na área, o que aumenta o interesse atual por Phippsaksla.

Processos de erosão e exposição na superfície marciana

Meteoritos compostos majoritariamente de ferro e níquel têm maior resistência às condições do ambiente marciano quando comparados a rochas silicatadas. A densidade e a estrutura metálica oferecem proteção contra intempéries, permitindo que esses corpos sobrevivam por períodos prolongados na superfície. Por essa razão, pesquisadores da NASA observam que alguns desses objetos são encontrados em terrenos planos, não necessariamente em crateras frescas.

É possível que a depressão causada pelo impacto original tenha sido erodida ou recoberta ao longo de extensos intervalos de tempo, restando apenas o material metálico sobre o substrato rochoso. Esse processo explicaria a presença de Phippsaksla em meio a um solo fissurado e aparentemente homogêneo.

Frequência de meteoritos em Marte e na Terra

Desde 2005, a Sociedade Meteorítica reconheceu oficialmente quinze meteoritos com predominância de ferro na superfície de Marte. Todos foram detectados por rovers que operaram ou ainda operam no planeta. Caso se confirme a natureza extraterrestre de Phippsaksla, o Perseverance se somará à lista de veículos responsáveis por tais achados.

No contexto terrestre, a chegada de material espacial é ainda mais volumosa. Estimativas indicam a queda de aproximadamente 48,5 toneladas de meteoritos por dia na atmosfera do nosso planeta. Apesar do fluxo constante, grande parte desse material se desintegra durante o percurso ou termina depositada nos oceanos. Até hoje, cerca de 60 mil meteoritos foram identificados em solo terrestre, dos quais 175 possuem origem marciana comprovada.

Por que a confirmação é relevante para a missão Perseverance

Além do valor científico intrínseco, a confirmação de um meteorito metálico na cratera Jezero complementa o objetivo mais amplo da missão, que é reconstruir a história geológica de Marte e avaliar a habitabilidade passada de regiões que apresentam vestígios de antigos ambientes aquáticos. A presença de meteoritos oferece marcadores cronológicos e químicos que ajudam a calibrar a linha do tempo de impactos na região.

Meteoritos preservam, em sua composição, informações sobre processos cosmológicos que antecedem a formação de Marte e da própria Terra. Ao estudar a distribuição e a integridade desses objetos, cientistas podem inferir as taxas de erosão da superfície marciana, estimar quanto tempo determinadas rochas permanecem expostas e avaliar variações ambientais ao longo de eras.

Etapas futuras de investigação

A equipe do Perseverance planeja continuar coletando dados de alta resolução sobre Phippsaksla. Entre as medidas previstas está o uso repetido do SuperCam em diferentes pontos da rocha para confirmar a homogeneidade da composição. Enquanto isso, o rover prossegue com sua rotina de amostragem em leitos rochosos mais antigos, localizados fora do delta principal de Jezero.

Os resultados adicionais devem esclarecer se a rocha contém apenas ferro e níquel ou se apresenta vestígios de outros elementos menores, característica que pode reforçar a identificação como meteorito de um corpo progenitor específico. Embora o robô não possua capacidade de trazer amostras imediatas para a Terra, os dados in situ já fornecem base suficiente para comparação com meteoritos metálicos catalogados.

Implicações para a ciência planetária

Cada novo meteorito identificado em Marte amplia o catálogo de materiais que escaparam de erosão severa, possibilitando análises sobre a influência de fatores climáticos locais. Por abrigar concentrações elevadas de ferro e níquel, Phippsaksla representa um registro potencialmente preservado de processos de nucleação metálica no interior de asteroides de grande porte.

Se confirmada a origem extrassolar da rocha, a descoberta reforçará a visão de que a superfície de Marte atua como arquivo geológico de eventos de impacto de diferentes épocas. A latência desses registros, preservados graças a taxas de erosão mais baixas que as observadas na Terra, fornece aos pesquisadores a oportunidade de estudar materiais formados em ambientes e épocas distintas do Sistema Solar.

Quando a análise completa estiver concluída, Phippsaksla poderá tornar-se uma referência para futuros estudos sobre meteoritos metálicos no planeta vermelho e oferecer parâmetros comparativos para os fragmentos marcianos encontrados em nosso planeta. Enquanto isso, o Perseverance continua seu trajeto em Jezero, expandindo o conjunto de dados sobre a geologia e a cronologia de impactos em Marte.

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