Perseidas atingem pico e continuam visíveis até 24 de agosto

A chuva de meteoros Perseidas registou o seu pico na madrugada de terça-feira, 12 de agosto, mas mantém-se ativa até 24 de agosto. O fenómeno ocorre quando a Terra atravessa a esteira de partículas deixadas pelo cometa 109P/Swift-Tuttle, cujo ponto radiante se encontra na constelação de Perseu.

Melhor janela de observação

No Brasil, onde a constelação permanece baixa no horizonte, a exibição é mais discreta do que no Hemisfério Norte. Ainda assim, é possível ver rastos luminosos a partir das 01h30 (hora de Brasília), com maior frequência entre as 03h30 e o amanhecer, quando o radiante atinge a maior altitude do dia. Em condições ideais, a taxa zenital (ZHR) da chuva ronda os 100 meteoros por hora; todavia, a posição do radiante e a intensidade da lua cheia reduzem consideravelmente esse número.

A fase lunar foi um dos principais factores limitadores no pico de 2025, aumentando o brilho do céu e dificultando a identificação dos traços. A partir de 16 de agosto, com a Lua a entrar em quarto minguante, o céu torna-se progressivamente mais escuro, criando condições mais favoráveis para novas observações até ao término da atividade no dia 24.

Registos no Brasil e no exterior

Mesmo com o brilho lunar, diversas câmaras captaram meteoros Perseidas. No município de Taquara (Rio Grande do Sul), o Observatório Heller & Jung registou um meteoro às 00h14, início da madrugada do dia 12. De acordo com o diretor Carlos Fernando Jung, o meteoro entrou na atmosfera a 93,9 km de altitude, percorreu o céu durante 2,63 segundos e extinguiu-se ao largo de Palmares do Sul, com magnitude de −1,5.

Em Nhandeara (São Paulo), o astrónomo amador Renato Poltronieri, vice-presidente da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (BRAMON), também documentou a passagem de meteoros na mesma madrugada.

Registos fora da América do Sul mostram a popularidade do evento entre astrofotógrafos. Na Suécia, Bengt Flodqvist capturou um rasto brilhante pouco depois da meia-noite local. Em Voltana, Itália, Fabrizio Melandri configurou um lapso temporal de 500 fotografias para registar a conjunção entre Vénus e Júpiter e acabou surpreendido por um meteoro Perseida. Já em Memphis, Tennessee, Greg Stablein utilizou um iPhone com obturador remoto e registou um meteoro após uma série de 60 imagens.

Monitorização contínua

No Reino Unido, a divulgadora científica Mary McIntyre utilizou quatro câmaras da Global Meteor Network instaladas em Oxfordshire para monitorizar a atividade entre 9 e 11 de agosto, conseguindo identificar rastos tanto de Perseidas como de meteoros esporádicos. As imagens mostram trilhos curtos de ionização deixados pelas partículas, bem como a distinção entre eventos associados à constelação de Perseu e outros não relacionados.

Como aproveitar os próximos dias

Os observadores interessados em testemunhar as Perseidas devem procurar locais afastados de luz artificial, com horizonte desimpedido para nordeste. A recomendação é chegar ao local cerca de 30 minutos antes da sessão para permitir que a visão se adapte à escuridão. Embora binóculos e telescópios não sejam necessários, evitar ecrãs luminosos e manter a paciência aumenta as hipóteses de detetar meteoros.

Com a Lua a perder luminosidade ao longo da terceira semana de agosto, as madrugadas até ao dia 24 prometem condições progressivamente melhores. Caso o céu esteja limpo, o período entre as 03h00 e as 05h30 continua a oferecer a maior probabilidade de avistamentos, ainda que a taxa horária efetiva se situe abaixo dos 100 meteoros estimados teoricamente.

Contexto astronómico

As Perseidas resultam de partículas deixadas pelo cometa 109P/Swift-Tuttle, descoberto em 1862. Ao entrarem na atmosfera terrestre a velocidades próximas dos 59 km/s, esses fragmentos vaporizam-se pela fricção do ar, gerando riscas luminosas que, na maioria dos casos, se extinguem a altitudes superiores a 80 km. Por ocorrerem todos os anos na mesma altura, as Perseidas são consideradas uma das chuvas de meteoros mais fiáveis e populares do calendário astronómico.

A temporada de 2025 comprova que, mesmo em condições menos favoráveis, a atividade continua a atrair observadores em todo o mundo. Com a Lua em declínio, os entusiastas ainda têm mais de uma semana para registar ou simplesmente contemplar os traços que cruzam o céu antes de a Terra abandonar a corrente de detritos do Swift-Tuttle.

Perseidas atingem pico e continuam visíveis até 24 de agosto - Imagem do artigo original

Imagem: Bengt Flodqvist via Spaceweather.com via olhardigital.com.br

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