Perplexity firma acordo plurianual com Getty Images para exibir fotos em plataforma de busca por IA

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A startup de busca baseada em inteligência artificial Perplexity concluiu um acordo de licenciamento plurianual com a agência Getty Images, passando a ter permissão oficial para apresentar fotografias do acervo da Getty em todas as interfaces de busca e descoberta mantidas pela empresa. O entendimento altera a postura da Perplexity, que vinha sendo pressionada por alegações de uso não autorizado de conteúdo jornalístico e fotográfico, e sinaliza uma tentativa de formalizar a relação com detentores de direitos autorais.
- Fato principal: licença para uso de imagens da Getty
- Quem é a Perplexity e qual o contexto do acordo
- Alegações anteriores de scraping e plágio
- Argumentação da startup sobre uso justo
- Estrutura e alcance do novo contrato
- Mudança de estratégia da Perplexity
- Consequências potenciais para o ecossistema de busca por IA
- Controvérsias e processos ainda em aberto
- Perspectivas para a colaboração
Fato principal: licença para uso de imagens da Getty
O ponto central do anúncio é a concessão de uma licença que cobre o uso e a exibição de imagens da Getty em resultados gerados pela tecnologia de busca conversacional da Perplexity. Segundo as companhias, o contrato estabelece um período de validade de vários anos, sem divulgação de valores ou de métricas de repasse. A partir da entrada em vigor, cada fotografia exibida deverá conter créditos adequados e um link de referência ao material fonte hospedado pela própria Getty, atendendo aos critérios de atribuição defendidos pela agência.
Quem é a Perplexity e qual o contexto do acordo
A Perplexity se apresenta como uma plataforma de busca que emprega modelos de IA para responder a perguntas do usuário em linguagem natural, incorporando trechos de textos e, agora, recursos visuais. Antes do novo contrato, a empresa já mantinha um relacionamento indireto com a Getty: a agência fazia parte do chamado Publishers Program, iniciativa criada pela startup para compartilhar receita publicitária sempre que conteúdos de parceiros aparecessem em suas respostas. Apesar dessa cooperação, a utilização de imagens ainda não dispunha de uma autorização formal, fato que alimentou questionamentos de veículos jornalísticos e de outras organizações acerca de possíveis violações de direitos autorais.
Alegações anteriores de scraping e plágio
Nos meses que antecederam a parceria, a Perplexity enfrentou críticas recorrentes sobre a forma como coletava e reproduzia dados. Entre os episódios mais citados, veículos acusaram a empresa de incorporar trechos completos de reportagens e fotografias sem o licenciamento adequado. Um caso envolvendo material do Wall Street Journal e uma imagem licenciada pela Getty ganhou destaque e serviu de exemplo para questionar a legalidade do procedimento adotado pela startup.
Além de veículos jornalísticos, outras plataformas também acionaram medidas contra a Perplexity. Em outro processo, o Reddit alegou que a companhia teria realizado scraping em grande escala e contornado barreiras técnicas para acessar dados da comunidade. Essas contestações reforçaram o debate sobre limites de uso justo na era das IAs generativas, sobretudo quando as ferramentas se apropriam de conteúdo protegido por assinatura ou por licença.
Argumentação da startup sobre uso justo
Em sua defesa pública, a Perplexity sustentou que a utilização de textos e imagens de terceiros poderia se enquadrar no princípio do uso justo. A empresa afirma que extrai apenas fatos ou informações consideradas de domínio público, alegando que esses elementos não estariam sujeitos a proteção autoral. Essa interpretação, porém, foi recebida com ceticismo por parte de editores, fotógrafos e associações de imprensa, sobretudo porque as respostas geradas pela IA reproduziam estrutura, seleção e, em alguns casos, passagens substanciais do conteúdo original.
Estrutura e alcance do novo contrato
Conforme informado por fontes próximas às negociações, o modelo adotado não corresponde ao formato tradicional de licenças baseadas em pagamento fixo. Isso decorre do fato de a Perplexity não treinar modelos fundamentais próprios, dependendo de provedores externos para gerar suas respostas. Dessa maneira, a remuneração à Getty estaria associada a métricas de exibição ou a outro índice não especificado, em vez de um valor único antecipado.
Mesmo sem detalhes financeiros divulgados, as partes confirmaram três pilares no acordo: permissão explícita para utilização das fotos da Getty, exibição obrigatória de créditos com link de origem e reforço de processos internos de atribuição. Tais pontos visam oferecer maior transparência ao usuário final e, simultaneamente, assegurar que os fotógrafos e a agência mantenham reconhecimento e benefícios econômicos pela circulação do material.
Mudança de estratégia da Perplexity
A formalização do licenciamento com a Getty representa uma inflexão na trajetória recente da startup. Anteriormente, a companhia amparava-se principalmente na tese da inexistência de barreira legal para indexar conteúdo público. A parceria, no entanto, demonstra a busca por acordos oficiais com criadores e detentores de direitos, sinalizando uma adaptação a um mercado cada vez mais atento à propriedade intelectual na esfera da IA.
Para a Getty, a cooperação é apresentada como reconhecimento do valor de autorizações explícitas em projetos de inteligência artificial. Ao participar do Publishers Program e, agora, conceder a licença de imagens, a agência reforça a mensagem de que o desenvolvimento de soluções de IA pode coexistir com remunerar adequadamente os produtores de conteúdo.
Consequências potenciais para o ecossistema de busca por IA
A inclusão de fotografias licenciadas deve ampliar a expressividade visual das respostas da Perplexity, aproximando o produto da experiência de plataformas tradicionais de busca, nas quais texto e imagem caminham lado a lado. Do ponto de vista dos usuários, a presença de créditos visíveis pode facilitar a verificação de origem, aspecto que vinha sendo criticado em modelos de IA que deixam a atribuição em segundo plano.
Ao mesmo tempo, outros editores e bancos de conteúdo poderão observar o desfecho como precedente. Se a estratégia resultar em incremento de receita ou de visibilidade para a Getty, novos acordos semelhantes tendem a surgir no setor, alterando a dinâmica entre desenvolvedores de IA e titulares de direitos autorais.
Controvérsias e processos ainda em aberto
A assinatura do contrato não encerra todas as disputas envolvendo a Perplexity. A ação movida pelo Reddit, que cita scraping em escala industrial e suposta violação de medidas de segurança, permanece em andamento. A startup terá de equilibrar a expansão de suas capacidades técnicas com o cumprimento de obrigações legais e contratuais, especialmente à medida que outras entidades avaliam se seus dados foram utilizados sem permissão.
Perspectivas para a colaboração
A Perplexity afirma que a licença proporcionará ganhos de precisão e de clareza na apresentação de respostas visuais, argumento alinhado à busca por maior legitimidade no mercado. Já a Getty enfatiza o papel das autorizações formais na evolução da inteligência artificial, reforçando que há espaço para inovação sem prejuízo aos artistas e fotógrafos. Embora nenhuma das partes divulgue metas numéricas, a expectativa conjunta é que o fluxo de tráfego direcionado às páginas da agência e a exibição adequada de créditos constituam retorno tangível para detentores de direitos.
Com o acordo plurianual, a Perplexity avança na construção de um modelo de busca conversacional que incorpora texto e imagem sob licenciamento explícito, ao mesmo tempo em que tenta mitigar riscos jurídicos decorrentes de alegações recentes de plágio e scraping. O resultado desse experimento será acompanhado de perto por criadores, editores, plataformas de IA e usuários, todos interessados em entender como se dará o equilíbrio entre inovação tecnológica e respeito à propriedade intelectual.
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