Pequenos buracos negros engolem matéria de forma caótica foi a conclusão de uma equipe internacional de astrônomos ao observar o sistema binário 4U 1630-472, situado a cerca de 26 mil anos-luz da Terra. Usando os sensores de raio X da Missão de Imagem e Espectroscopia de Raios X (XRISM), projeto conjunto da JAXA, NASA e ESA, os pesquisadores registraram como o buraco negro de massa estelar devora lentamente uma estrela do tamanho do Sol.
O estudo, publicado em julho de 2025 na revista The Astrophysical Journal Letters, revela que parte da matéria arrancada da estrela não cai diretamente no objeto compacto. Antes de ser tragada, ela forma um disco de acreção superaquecido que chega a mais de 10 milhões °C e emite luminosidade intensa em raios X.
Pequenos buracos negros engolem matéria de forma caótica
Durante um surto de atividade registrado em fevereiro de 2024 — evento que ocorre aproximadamente a cada dois anos e dura cerca de sete dias —, o brilho do sistema aumentou mais de 10 000 vezes. Foi nesse instante que a equipe detectou jatos de material escapando a 32 milhões km/h, velocidade equivalente a 3 % da luz.
Segundo Jon Miller, da Universidade de Michigan e líder da pesquisa, a variedade de fluxos de gás observada é inédita em buracos negros supermassivos, pois esses fenômenos levariam centenas de milhões de anos para serem percebidos no centro de uma galáxia. Em entrevista ao portal Space.com, o cientista afirmou que sistemas menores como 4U 1630-472 oferecem um “laboratório acelerado” para entender como a ejeção de matéria influencia a evolução galáctica.
A descoberta reforça a ideia de que a alimentação de buracos negros, independentemente da massa, não é um processo limpo: sempre há desperdício de matéria. “É como tentar despejar um copo de água em um balde e mesmo assim ver líquido se perder”, comparou Miller, destacando a importância de continuar monitorando essas explosões de raios X.
Nos próximos dois anos, período definido pela NASA como fase principal da XRISM, o grupo pretende mapear novos episódios de pico de brilho para detalhar a interação entre jatos, campo gravitacional e disco de acreção. A expectativa é que esses dados sirvam de ponte para compreender o papel dos buracos negros supermassivos, como Sagittarius A*, no centro da Via Láctea.
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Imagem: NASA/Esa L. Hustak (STScI)