Palestinos fogem de Gaza City sob avanço israelense

Palestinos fogem de Gaza City em massa após o Exército de Israel intensificar a ofensiva terrestre que visa ocupar a cidade e derrotar cerca de 3 000 combatentes do Hamas. A fuga ocorre em meio a bombardeios contínuos e à denúncia de ataques a hospitais infantis.

Estimativas da ONU indicam que ao menos 650 000 civis permanecem na capital de Gaza, apesar de a Defesa israelense afirmar que 350 000 pessoas já deixaram a área desde agosto. Quem tenta sair relata preços abusivos: alugar um caminhão pode chegar a 3 000 shekels (US$ 900), enquanto uma tenda para cinco pessoas custa 4 000 shekels.

Palestinos fogem de Gaza City sob avanço israelense

Para escapar, colunas de moradores seguem em carroças, riquixás, veículos sobrecarregados e até a pé pela única rota costeira disponível. Nesta quarta-feira, as Forças de Defesa de Israel (IDF) abriram por 48 horas a via Salah al-Din como segundo corredor humanitário, numa tentativa de acelerar a evacuação para al-Mawasi, zona já superlotada.

Segundo a agência Reuters, mais de 150 “alvos terroristas” foram atingidos em dois dias. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, alega que o hospital infantil al-Rantisi sofreu três ataques, obrigando metade dos pacientes a fugir.

Relatos de uso de veículos militares antigos carregados com explosivos, operados remotamente contra posições do Hamas, aumentam a preocupação de organizações humanitárias. Já familiares de 48 reféns israelenses — 20 supostamente vivos — temem que a escalada coloque em risco seus entes.

A comunidade internacional reage. Volker Türk, alto-comissário da ONU para Direitos Humanos, classificou a operação como “totalmente inaceitável”, enquanto a chanceler britânica Yvette Cooper chamou-a de “imprudente e chocante”. Por outro lado, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, declarou que negociações são preferíveis, mas “nem sempre possíveis com um grupo como o Hamas”.

Em relatório recente, uma Comissão de Inquérito da ONU acusou Israel de genocídio na Faixa de Gaza, citando violência sexual, ataques a crianças e destruição sistêmica de locais religiosos e educacionais. O governo israelense repudiou o documento, chamando-o de “distorcido e falso”.

Desde o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou 1 200 israelenses e resultou em 251 reféns, a campanha militar já deixou ao menos 64 964 mortos em Gaza, quase metade mulheres e crianças, segundo autoridades locais. Com a fome declarada em Gaza City, a ONU adverte que o agravamento da ofensiva pode empurrar a população para “catástrofe ainda mais profunda”.

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Crédito da imagem: Reuters

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