Pais processam Meta após extorsão sexual no Instagram levar adolescente ao suicídio

Atenção: este texto menciona suicídio. Se você ou alguém que conhece precisar de apoio, procure o Centro de Valorização da Vida (CVV), disponível 24 h pelo telefone 188.
Um casal britânico ingressou com uma ação judicial contra a Meta Platforms após o filho de 16 anos tirar a própria vida, em dezembro de 2023, ao ser vítima de extorsão sexual no Instagram. O processo, protocolado no estado de Delaware, sustenta que falhas estruturais da rede social permitiram o contato com criminosos, desencadeando ameaças que terminaram na morte do adolescente.
- O que motivou o processo por extorsão sexual no Instagram
- Detalhes sobre o contato criminoso no Instagram
- Acusações centrais apresentadas contra a Meta e a relação com a extorsão sexual no Instagram
- Extorsão sexual no Instagram e o crescimento do fenômeno entre adolescentes
- Medidas de segurança anunciadas pela Meta diante das críticas
- Próximos passos do litígio nos Estados Unidos
O que motivou o processo por extorsão sexual no Instagram
De acordo com a petição, o jovem foi abordado por um perfil que se passava por uma garota da mesma idade. As conversas evoluíram até que ele, acreditando estar em um relacionamento virtual legítimo, enviou imagens íntimas. Na sequência, descobriu que se tratava de golpistas especializados em sextortion, prática que combina chantagem financeira e sexual. Sob ameaça de divulgação das imagens, o adolescente enfrentou intenso estresse emocional que, segundo a família, resultou no suicídio. Para os pais, a plataforma contribuiu diretamente para o desfecho ao não bloquear perfis suspeitos nem alertar sobre riscos já documentados internamente.
Detalhes sobre o contato criminoso no Instagram
A sequência de fatos reconstruída pelos pais mostra que o perfil fraudulento manteve conversas por tempo suficiente para criar confiança. Após obter o conteúdo íntimo, o grupo criminoso exigiu pagamento, afirmando que publicaria as imagens caso o valor não fosse enviado. Registros no aparelho do adolescente indicariam uma escalada de mensagens ameaçadoras. A ação judicial argumenta que o Instagram, ao recomendar contas ou permitir interações sem filtros mais rigorosos, facilitou o encontro entre vítima e extorsionários, ainda que já houvesse mecanismos internos capazes de detectar comportamentos de risco.
Acusações centrais apresentadas contra a Meta e a relação com a extorsão sexual no Instagram
O processo reúne dois casos: o do jovem britânico e o de um garoto norte-americano de 13 anos, morto em circunstâncias semelhantes. Ambos são representados por uma organização especializada em litígios contra empresas de tecnologia. A peça jurídica afirma que:
• Design previsivelmente perigoso: ferramentas de recomendação e coleta de dados priorizariam engajamento, aproximando menores de contas já catalogadas como suspeitas.
• Adoção tardia de salvaguardas: somente após crescimento de ocorrências de sextortion a companhia teria limitado interações entre adultos e adolescentes, medida considerada insuficiente.
• Conhecimento prévio do risco: relatórios internos apontariam que adolescentes do sexo masculino eram alvo preferencial de quadrilhas, mas ajustes técnicos permaneceram lentos.
Com base nesses pontos, as famílias reivindicam responsabilidade civil e buscam reparação financeira, embora declarem que o principal objetivo é provocar mudanças que impeçam novos casos.
Extorsão sexual no Instagram e o crescimento do fenômeno entre adolescentes
Relatórios citados pela investigação jornalística situam o caso dentro de uma curva ascendente de extorsão sexual digital no Reino Unido, nos Estados Unidos e na Austrália. As vítimas mais frequentes são meninos de 13 a 17 anos, abordados por perfis que simulam interesse romântico. Os grupos criminosos, muitas vezes pouco estruturados, operam internacionalmente e preferem pagamentos rápidos via plataformas de transferência instantânea. Ao ameaçar expor fotos íntimas para amigos e familiares, conseguem quantias relativamente pequenas, mas repetem o golpe em larga escala. A denúncia dos pais britânicos alega que o modelo de negócios das redes, focado em sugestões algorítmicas baseadas em dados pessoais, cria terreno fértil para esse tipo de crime.
Medidas de segurança anunciadas pela Meta diante das críticas
Em declarações públicas, a empresa afirma restringir mensagens de contas suspeitas, exigir idade verificada em determinados recursos e limitar o acesso de adultos a perfis de adolescentes. Também menciona inteligência artificial para identificar possíveis conteúdos de nudez. No entanto, a ação sustenta que as mudanças ocorreram apenas após pressão social e não atacam os pontos considerados mais críticos, como a lógica de recomendação que expõe jovens a desconhecidos. Para os familiares, bloquear perfis sinalizados internamente ou desativar certas funções para menores poderia ter evitado o contato inicial que levou ao crime.
Próximos passos do litígio nos Estados Unidos
Como a Meta tem sede corporativa em Delaware, o tribunal local analisará se a empresa pode ser responsabilizada por decisões de design que afetaram usuários fora do território norte-americano. A fase inicial envolverá coleta de documentos internos sobre políticas de segurança e dados de uso. As famílias pretendem demonstrar que executivos tinham ciência do aumento de sextortion contra adolescentes e, ainda assim, priorizaram métricas de engajamento. O caso poderá influenciar discussões regulatórias e servir de referência para reclamações semelhantes em outras jurisdições.
A próxima movimentação processual relevante é a apresentação, pela Meta, de sua defesa preliminar, cujo prazo estipulado pelo tribunal de Delaware deve ocorrer nas próximas semanas.

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