Orcas de Marineland: polêmica sobre estímulo sexual
Orcas de Marineland: polêmica sobre estímulo sexual
Orcas de Marineland: polêmica sobre estímulo sexual marca o novo capítulo da crise no parque francês fechado em janeiro, onde treinadores vêm estimulando manualmente o macho Keijo, de 11 anos, para evitar acasalamento com a mãe, Wikie, de 24.
Orcas de Marineland: polêmica sobre estímulo sexual
O procedimento, confirmado à BBC News pela administração do Marineland Antibes, ocorre uma vez por mês e teria caráter “natural e indolor”, segundo os responsáveis. A prática busca impedir a reprodução consanguínea e possíveis disputas agressivas entre mãe e filho, mantidos em piscinas separadas no sul da França.
O parque encerrou as apresentações em janeiro, antecipando a lei francesa que proibirá, a partir de dezembro, o uso de baleias-assassinas em shows. Desde então, governo, gestores e organizações de proteção animal não chegam a um acordo sobre o destino dos animais. Em vídeo recente, a ministra da Ecologia, Agnès Pannier-Runacher, garantiu inspeções periódicas, mas reconheceu a ausência de um santuário europeu pronto para recebê-los.
A ONG TideBreakers divulgou imagens aéreas de 12 de agosto que mostram dois treinadores ao lado de Keijo, de barriga para cima, durante o estímulo. Para Valérie Greene, ex-treinadora da SeaWorld e integrante da ONG, a prática é “incomum” fora de programas de inseminação artificial e levanta suspeitas de eventual coleta de sêmen. O Marineland nega interesse comercial e lembra que qualquer exportação precisaria de aval governamental.
A polêmica reacendeu debates sobre o futuro dos cetáceos. Tentativas de transferi-los para o Loro Parque, na Espanha, foram barradas por autoridades científicas em abril passado. Propostas anteriores, como enviar a dupla para um santuário no Canadá ou para um aquário japonês, também não avançaram. Especialistas ouvidos pela BBC News alertam que a indefinição prolongada pode comprometer o bem-estar dos animais.
A pressão por uma solução cresce. Uma força-tarefa liderada pela ex-ministra Barbara Pompili estuda opções na Europa, enquanto ativistas defendem tanques provisórios até que um refúgio permanente seja construído. “O tempo está se esgotando”, afirma a cinegrafista Marketa Schusterova, cofundadora da TideBreakers.
Reubicar grandes mamíferos marinhos após o fechamento de zoológicos tem histórico complicado: o Living Coasts, no Reino Unido, considerou a eutanásia de espécies em 2020, e o Orsa Predator Park, na Suécia, levou mais de um ano para acomodar seus ursos-polares.
No caso francês, um laudo pericial, solicitado pela Justiça, avaliará se as instalações atuais oferecem condições mínimas de segurança para Wikie, Keijo e outros 12 golfinhos ainda no parque. Até lá, o estímulo sexual mensal deve continuar como medida de contenção, mantendo viva a controvérsia.
Para acompanhar desdobramentos sobre conservação marinha e tecnologia aplicada ao bem-estar animal, leia também nosso artigo recente em nossa editoria de Ciência e Tecnologia. Continue informado!
Crédito da imagem: AFP

Imagem: Internet