Operação prende quadrilha que desviou R$ 1,4 milhão no Distrito Federal com o “golpe do falso advogado”

Operação prende quadrilha que desviou R$ 1,4 milhão no Distrito Federal com o “golpe do falso advogado”

Uma força-tarefa formada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu suspeitos de integrar um esquema que, segundo as investigações, desviou mais de R$ 1,4 milhão de moradores do Distrito Federal mediante o chamado “golpe do falso advogado”. A operação, desencadeada em 4 de novembro de 2025, às 20h45, cumpriu dez mandados de prisão e 13 ordens de busca e apreensão nos municípios de São Paulo e Guarulhos, onde se concentrava a base logística da organização criminosa.

Índice

Quem são os alvos da operação

Ao longo da investigação, os agentes identificaram uma quadrilha estruturada em núcleos específicos para coleta de dados, contato com as vítimas e movimentação financeira. A lista de mandados emitidos incluiu integrantes de diferentes funções: responsáveis por obter informações judiciais, operadores de telefonia clandestina e intermediários encarregados de repassar as quantias obtidas. Todos os suspeitos foram conduzidos para unidades da PCDF, onde permanecem à disposição da Justiça.

O que caracteriza o golpe do falso advogado

A fraude investigada baseia-se na combinação de dados processuais autênticos com técnicas de engenharia social. Diferentemente de abordagens genéricas, os golpistas selecionam pessoas que possuem ações em curso ou já concluídas no Poder Judiciário. De posse de informações como número do processo, nomes das partes e detalhes da causa, eles se apresentam como advogados ou representantes de escritório jurídico, afirmam que houve êxito na demanda e solicitam pagamentos imediatos para liberar verbas supostamente devidas à vítima.

Como o grupo obtinha informações sigilosas

De acordo com o inquérito, o primeiro passo do esquema era acessar bancos de dados judiciais que deveriam ser restritos ou, ao menos, de difícil consulta para o público leigo. As modalidades de obtenção dos documentos não foram divulgadas, mas os investigadores apontam indícios de acesso irregular a sistemas eletrônicos e coleta de peças processuais por meio de terceiros com autorização de consulta. Essa etapa era crucial, pois fornecia o conteúdo verídico que tornava o discurso dos criminosos convincente.

Etapas detalhadas da abordagem

Após selecionar o alvo, os integrantes da quadrilha seguiam um roteiro padronizado:

1. Contato inicial: a vítima recebe ligação ou mensagem de texto do “advogado”, que se identifica por nome, número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e referências ao processo verdadeiro.

2. Criação de urgência: o interlocutor informa que há valores a serem liberados, mas a quantia dependeria do pagamento de taxas, custas ou honorários complementares. O sentido de pressa é reforçado para impedir que a pessoa procure confirmação.

3. Orientação de transferência: a vítima recebe dados bancários para depósito imediato. Em algumas situações, é sugerido o uso de PIX para acelerar o repasse.

4. Confirmação e desaparecimento: tão logo o dinheiro entra na conta indicada, os golpistas cessam o contato. Quando a vítima tenta retorno, não obtém resposta e descobre o golpe.

Por que as vítimas acreditam

A principal arma psicológica do grupo era o reconhecimento de informações reais. Ao ouvir detalhes que somente constam no processo, a pessoa conclui que o interlocutor possui legitimidade. Associada a isso, a expectativa de receber valores judiciais cria uma postura de confiança. O senso de urgência completa a armadilha: com pouco tempo para refletir ou consultar o advogado de fato, a vítima segue a orientação fraudulenta.

Balanço de ocorrências e prejuízo financeiro

Somente no primeiro semestre de 2025 foram registradas cerca de 30 ocorrências atribuídas ao mesmo grupo, todas concentradas no Distrito Federal. A soma dos depósitos realizados pelas vítimas ultrapassou R$ 1,4 milhão. Os investigadores apontam que a cifra pode crescer, pois nem todos os enganados registram boletim de ocorrência, e parte dos valores movimentados passa por contas de laranjas, dificultando o rastreio.

Recursos tecnológicos empregados

Relatórios da PCDF indicam uso de aplicações de “spoofing” para mascarar números de telefone e de softwares de automação que permitem discagem em massa. Além disso, foram apreendidos computadores contendo planilhas com informações processuais e scripts de argumentação. Essas ferramentas reduziram o tempo de preparação de cada golpe e ampliaram o alcance do grupo.

Impacto sobre as vítimas

Pessoas de diferentes faixas etárias e níveis de instrução foram atingidas. Em comum, todas mantinham algum processo judicial, o que significa que os criminosos direcionavam seus esforços de forma estratégica. Quando o golpe é percebido, o dinheiro costuma ter sido transferido para diversas contas, sacado em terminais eletrônicos ou convertido em criptomoedas, o que dificulta a recuperação dos valores.

Recomendações de prevenção divulgadas pelas autoridades

Especialistas em segurança ouvidos pela investigação elencaram práticas consideradas essenciais para reduzir o risco de fraudes dessa natureza. Entre as orientações estão:

Verificar a fonte: diante de qualquer contato inesperado, o cidadão deve anotar dados do suposto advogado, desligar e procurar seu representante legal por meios previamente conhecidos.

Consultar o processo on-line: tribunais disponibilizam sistemas de acompanhamento em que é possível verificar a existência de sentenças e valores. Informações oficiais prevalecem sobre comunicações telefônicas.

Questionar a urgência: procedimentos judiciais seguem prazos definidos e raramente exigem pagamentos em questão de horas. O apelo à pressa é um indício recorrente de tentativa de golpe.

Evitar pagamentos antecipados: custas e honorários costumam ser deduzidos do montante liberado ao final do processo, não solicitados antes.

Registrar boletim de ocorrência: quem suspeitar de fraude deve reunir registros de ligação, comprovantes de depósito e mensagens, entregando tudo à polícia para auxiliar na identificação de suspeitos.

Proteger dados pessoais: a recomendação é nunca fornecer senhas, códigos de autenticação ou cópias de documentos por telefone ou aplicativo de mensagem.

Diferença entre esse golpe e fraudes genéricas

A relevância de dados verídicos é o principal fator que diferencia o “golpe do falso advogado” de esquemas mais simples. Numa fraude genérica, o criminoso depende de argumentos vagos e pode ser facilmente desmentido. No caso investigado, o acesso a dados sigilosos elimina grande parte da desconfiança inicial, pois a vítima reconhece números de processo, datas de audiências e nomes de partes envolvidas. Por isso, a prevenção foca na verificação independente das informações.

Próximos passos da investigação

Com os mandados cumpridos e os suspeitos presos, a PCDF analisa material apreendido — computadores, celulares e comprovantes bancários — para identificar cúmplices, mapear a rota dos valores desviados e descobrir como os dados judiciais eram obtidos. O inquérito permanece em sigilo para não prejudicar diligências futuras. Paralelamente, o Gaeco articula medidas de recuperação de ativos e busca localizar eventuais vítimas que ainda não formalizaram denúncia.

Alerta permanente

Autoridades reiteram que, enquanto dados sensíveis permanecerem vulneráveis e usuários não confirmarem informações em canais oficiais, golpes semelhantes podem ressurgir. A cooperação entre instituições de justiça, polícia e cidadãos é apontada como elemento crucial para reduzir a incidência desse tipo de crime financeiro.

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