A OpenAI disponibilizou esta terça-feira, 5 de agosto, dois modelos de inteligência artificial em open-source destinados ao público e à comunidade de programadores. Designados gpt-oss-120b e gpt-oss-20b, os novos sistemas marcam o regresso da empresa ao código aberto depois de seis anos de lançamentos exclusivos em formato proprietário.
Dois modelos para diferentes recursos de hardware
O gpt-oss-120b, versão de maior dimensão, inclui 120 mil milhões de parâmetros e pode ser executado numa única placa gráfica Nvidia compatível com aceleração de IA, configuração presente em muitas estações de trabalho actuais. Já o gpt-oss-20b concentra 20 mil milhões de parâmetros e dispensa GPU dedicada, funcionando em computadores portáteis equipados com 16 GB de memória RAM.
Segundo a empresa, o modelo mais compacto apresenta um desempenho lógico comparável ao o3-mini, enquanto o modelo de 120 mil milhões de parâmetros aproxima-se do comportamento do o4-mini. Ambos foram concebidos para tarefas de processamento de linguagem natural, criação de conteúdo e resolução de problemas complexos, mantendo a capacidade de ajuste por parte dos utilizadores.
Mudança de estratégia da OpenAI
Estes lançamentos representam os primeiros modelos abertos da OpenAI desde o GPT-2, introduzido em 2019. Durante esse intervalo, a empresa apostou exclusivamente em soluções de acesso restrito, como as famílias GPT-3, GPT-3.5 e GPT-4. A decisão de regressar ao formato aberto coloca a organização em concorrência directa com actores que já adoptam esta abordagem, incluindo a Meta e a DeepSeek.
Num enquadramento de mercado em rápida evolução, a disponibilização do código permite integrá-lo em múltiplos ecossistemas, aumentar o volume de contributos da comunidade e potenciar melhorias sucessivas. A OpenAI pretende também criar um sentimento de familiaridade junto dos programadores, favorecendo a transição futura para modelos comerciais de maiores dimensões.
Preocupações de segurança e mitigação de riscos
A divulgação de modelos avançados em código aberto reacende o debate sobre a utilização maliciosa de ferramentas de IA. Especialistas em cibersegurança alertam para a possibilidade de criação de conteúdos enganosos ou de apoio a actividades ilícitas. A empresa afirma ter submetido os dois sistemas a testes extensivos para reduzir o potencial de uso em ataques informáticos ou desenvolvimento de armas biológicas, incluindo filtros de conteúdos e limitações no training data.
Apesar das medidas adoptadas, a OpenAI reconhece que a abertura total do código implica um equilíbrio delicado entre inovação e responsabilidade. O processo de monitorização continuará em curso, mediante contribuições da comunidade científica e de organizações independentes.
Requisitos técnicos e disponibilização
O gpt-oss-120b pode ser executado em servidores equipados com uma GPU Nvidia de classe profissional, desde que suporte aceleração de IA. Configurações mais avançadas, com várias placas, permitem reduzir os tempos de inferência e ampliar a produtividade em cenários corporativos. Já o gpt-oss-20b necessita unicamente de 16 GB de RAM, factor que facilita a adopção por estudantes, investigadores e pequenas empresas com recursos limitados.
Os pacotes de instalação, documentação técnica e ficheiros de peso encontram-se disponíveis em repositórios públicos. A licença inclui permissões para uso comercial, alteração de código e distribuição de versões derivadas, condicionada ao cumprimento de políticas de segurança definidas pela OpenAI.
Impacto no ecossistema de IA
A chegada dos modelos gpt-oss deverá intensificar a competição no segmento de IA generativa. Ao adoptar o formato aberto, a OpenAI amplia o acesso a tecnologias de ponta e responde à pressão exercida por iniciativas semelhantes no mercado. De acordo com analistas, a iniciativa pode acelerar o ritmo de inovação, reduzir barreiras de entrada e incentivar novas aplicações em áreas como assistência médica, educação e automação empresarial.
Embora a longo prazo se espere a disponibilização de modelos ainda mais robustos em regime pago, os dois sistemas agora revelados oferecem uma oportunidade para universidades, startups e comunidades de desenvolvimento explorarem capacidades avançadas sem custos de licenciamento. A evolução deste programa será acompanhada de perto por reguladores e organizações de pesquisa, atentos ao impacto social e ético das tecnologias de grande linguagem.
Imagem: tecmundo.com.br
