Relatório da OMM projeta 2025 entre os três anos mais quentes da história dos registros

Relatório da OMM projeta 2025 entre os três anos mais quentes da história dos registros

Belém (PA) — A atualização do relatório Estado do Clima Global, apresentada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) durante a Cúpula do Clima em Belém, sinaliza que 2025 deverá figurar como o segundo ou o terceiro ano mais quente desde o início dos registros instrumentais, há 176 anos. A projeção baseia-se em medições realizadas entre janeiro e agosto, que apontam temperatura média global 1,42 °C acima dos níveis pré-industriais.

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Quem divulga o alerta e em que contexto ele surge

A OMM, agência das Nações Unidas especializada em clima e meteorologia, levou o novo balanço a público na quinta-feira (6), em meio à programação oficial da Cúpula do Clima na capital paraense. Representantes da própria OMM e autoridades da Organização das Nações Unidas utilizaram a plataforma do evento para sublinhar a gravidade dos resultados e preparar o terreno para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que começa na segunda-feira (10).

O que o relatório mede e quais números sustentam a projeção

O documento examina a evolução térmica da Terra usando dados consolidados até agosto. Esse recorte mostra que o aquecimento atual coloca 2025 no top 3 de anos mais quentes, caso a tendência se mantenha nos meses restantes. O índice de 1,42 °C acima da era pré-industrial é ligeiramente inferior ao patamar de 1,55 °C observado em 2024, mas conserva a sequência de temperatura elevada que marca a última década.

Segundo o Observatório do Clima, a série de 2015 a 2025 já representa onze anos consecutivos com as médias anuais mais altas registradas desde 1849, ano que inaugura a cronologia oficial das medições globais.

Como as condições oceânicas e polares reforçam a tendência de calor

A atualização da OMM destaca duas dinâmicas oceânicas decisivas: o incremento recorde da temperatura dos mares observado em 2024 e a expectativa de continuidade desse patamar em 2025. O aquecimento dos oceanos altera correntes, intensifica a evaporação e retroalimenta o aquecimento atmosférico.

Paralelamente, o relatório aponta que a extensão do gelo marinho no Ártico atingiu a menor marca da série histórica, enquanto a Antártida mantém níveis bem inferiores à média. A redução da cobertura de gelo diminui a refletância solar, amplia a absorção de calor pela superfície terrestre e acelera o degelo periférico, fenômeno que potencializa o aumento do nível do mar.

Por que as emissões de gases de efeito estufa permanecem centrais

A OMM identifica a queima de combustíveis fósseis como a principal fonte de emissões desde a década de 1950. A concentração de dióxido de carbono, metano e outros gases retém radiação infravermelha que o planeta normalmente liberaria para o espaço, criando o chamado efeito estufa antropogênico. O relatório observa que a combinação entre gases acumulados e o calor oceânico crescente configura as condições ideais para que novos recordes de temperatura continuem acontecendo.

Eventos extremos já associados ao padrão de aquecimento

A publicação enumera ondas de calor, incêndios florestais e inundações observados em diferentes regiões até agosto como manifestações da energia adicional no sistema climático. Esses episódios tendem a tornar-se mais longos, intensos e frequentes quando a média global se aproxima ou ultrapassa os 1,5 °C de aquecimento, limite de risco elevado reconhecido pela comunidade científica internacional.

A meta de 1,5 °C do Acordo de Paris: onde ela se encontra hoje

Firmado em 2015, o Acordo de Paris instituiu como objetivo coletivo manter o aquecimento global “bem abaixo” de 2 °C e, preferencialmente, limitá-lo a 1,5 °C em relação ao período pré-industrial. A secretária-geral da OMM avalia que a trajetória de emissões e os picos térmicos sucessivos tornam praticamente inevitável ultrapassar esse limiar nos próximos anos, ainda que de forma temporária.

A constatação, contudo, não representa sentença definitiva. As projeções da entidade indicam viabilidade técnica para retornar à faixa de 1,5 °C até o final do século, desde que os governos ampliem imediatamente a escala e a velocidade das medidas de mitigação. Entre as ações defendidas estão a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, a expansão de energias renováveis e o fortalecimento da adaptação a impactos já em curso.

Posicionamento das Nações Unidas diante do novo cenário

Para o secretário-geral da ONU, conter o aquecimento além do patamar atual é crucial não apenas para o equilíbrio ecológico, mas também para evitar o aprofundamento das desigualdades sociais e econômicas. A liderança das Nações Unidas enfatiza que qualquer excesso além dos 1,5 °C precisa ser “o menor, o mais curto e o mais seguro possível”, de modo que a curva de temperatura volte a descer antes de 2100.

Por que o relatório antecede a COP30 e qual o papel da conferência

A divulgação antecipada serve a um propósito prático: embasar as negociações climáticas com evidências recentes e reconhecidas. Durante a Cúpula do Clima em Belém, o documento foi caracterizado como referência científica destinada a ancorar os debates oficiais da COP30. Ao levar dados consolidados aos chefes de Estado, governos locais, setor privado e sociedade civil, a OMM pretende reduzir margens para questionamentos sobre a urgência da transição energética e da adaptação.

Sequência histórica de altas temperaturas: implicações para políticas públicas

O período de 2015 a 2025, identificado no relatório como a década mais quente dos registros, impõe desafios diretos às estratégias de planejamento urbano, agrícola e de infraestrutura. No curto prazo, governos devem lidar com pressões sobre sistemas de saúde durante ondas de calor, riscos de incêndios em áreas florestais e prejuízos econômicos associados a inundações frequentes.

No médio e longo prazos, a tendência de aquecimento exige revisão de códigos de construção, investimentos em abastecimento de água resiliente e proteção de populações costeiras. O relatório sugere, implicitamente, que atrasos na implementação de tais medidas aumentarão custos futuros e limitarão opções de resposta.

Chance de reversão e condições necessárias

Embora a OMM considere a ultrapassagem temporária dos 1,5 °C praticamente inevitável, a entidade ressalta que ações coordenadas e rápidas ainda podem reduzir a temperatura média global até o fim do século. Para isso, projeções internas apontam três pilares:

• Redução drástica das emissões de dióxido de carbono nas próximas décadas.
• Contenção do aquecimento dos oceanos por meio de emissões zero líquidas que estabilizem o balanço radiativo.
• Proteção e restauração de florestas, manguezais e outras áreas naturais que funcionam como sumidouros de carbono.

Próximos passos imediatos na agenda climática

A realização da COP30, iniciada poucos dias após a publicação do relatório, será o primeiro teste para medir o grau de ambição renovada entre os países. Os organizadores da conferência pretendem inserir os números da OMM como linha de base para compromissos mais robustos de corte de emissões.

Com a projeção de 1,42 °C para 2025 e a continuidade de recordes térmicos oceânicos, o intervalo até o final da década desponta como janela crítica. A OMM, ao divulgar o panorama, defende que decisões tomadas nesse período determinarão se o planeta terá ou não condições de se recolocar abaixo do limite de 1,5 °C até 2100.

Os dados apresentados em Belém, portanto, não se restringem a um diagnóstico de curto prazo. Eles configuram um marco científico que poderá guiar — ou expor — a eficácia das medidas anunciadas nos próximos fóruns internacionais.

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