Oito princesas modernas da Disney que redefinem o papel das heroínas
As produções mais recentes da Disney apresentam protagonistas femininas com participação ativa no desenvolvimento das suas narrativas. Estas personagens substituem o arquétipo clássico da donzela que aguarda resgate por figuras que conduzem a própria história, enfrentam desafios e influenciam diretamente o desfecho das tramas.
Evolução do perfil das princesas
Desde a década de 1930, os contos de fadas animados da Disney foram associados a princesas idealizadas, cuja trajetória culminava num final feliz assegurado pela intervenção de terceiros. Essa estrutura foi revista ao longo dos anos, acompanhando transformações sociais e culturais. O modelo atual prioriza liderança, autonomia e capacidade de decisão, refletindo valores como coragem, empatia e responsabilidade coletiva.
A alteração do perfil não se limita à composição estética; estende-se aos conflitos centrais de cada filme. As protagonistas modernas lidam com questões internas, dilemas familiares e desafios comunitários, deslocando o foco do romance para o autoconhecimento, a solidariedade e a superação de obstáculos concretos. A abordagem procura oferecer referências com as quais o público jovem se possa identificar de forma mais direta.
Oito exemplos de protagonismo feminino
Moana (2016) — Filha do chefe de uma ilha polinésia, decide navegar além-mar para restaurar o equilíbrio ecológico afetado por uma força sobrenatural. Sem depender de poderes externos, aprende técnicas de orientação marítima e toma decisões estratégicas que salvam a comunidade.
Merida (2012) — Princesa escocesa que desafia uma tradição de casamento arranjado entre clãs. A jovem arqueira provoca mudanças políticas internas ao reivindicar liberdade para escolher o próprio destino, desencadeando uma reconciliação familiar baseada no diálogo.
Elsa (2013 e 2019) — Rainha de Arendelle dotada de poderes gelados, passa da repressão dos seus dons à aceitação plena da identidade singular. O enredo aborda isolamento e medo, culminando na utilização controlada das capacidades mágicas em benefício da população.
Anna (2013 e 2019) — Irmã de Elsa, personifica o vínculo familiar como força motriz. A sua viagem pela montanha nevada demonstra que gestos de proteção fraterna podem constituir o “ato de amor verdadeiro” que resolve o conflito principal, afastando a dependência de narrativas românticas.
Raya (2021) — Guerreira do reino fictício de Kumandra, procura o último dragão para reverter uma maldição que fragmentou o território. A aventura aborda reconstrução de confiança entre povos rivais e a importância da cooperação para restaurar a harmonia social.
Mirabel (2021) — Única integrante da família Madrigal sem dom mágico, assume papel fundamental ao identificar falhas na estrutura que sustenta os poderes dos parentes. A trama realça a relevância da inclusão e prova que contributos sem características sobrenaturais continuam decisivos.
Tiana (2009) — Jovem de Nova Orleães que trabalha para abrir um restaurante próprio. O filme reforça o valor do esforço continuado e do planeamento financeiro, demonstrando que metas pessoais podem ser alcançadas através de perseverança, sem depender de soluções místicas.
Mulan (1998 e 2020) — Disfarçada de soldado, substitui o pai doente no exército imperial chinês para proteger a família. A narrativa evidencia competência militar, estratégia e sacrifício individual, contestando preconceitos de género presentes no contexto histórico representado.
Impacto junto do público
Estas oito personagens ilustram a estratégia da Disney de associar entretenimento a mensagens de empoderamento. Ao concentrarem a ação em escolhas próprias e em responsabilidades partilhadas, fornecem exemplos de liderança que podem influenciar positivamente a perceção de crianças e jovens sobre autonomia pessoal e colaboração.
Além disso, as histórias destacam a diversidade cultural e geracional, abrangendo cenários da Polinésia, Escócia, China, América Latina e sul dos Estados Unidos. A representação de contextos distintos contribui para a valorização de identidades variadas, aproximando o conteúdo de públicos globais.
Em conjunto, os filmes citados demonstram que a figura da princesa contemporânea se tornou veículo para temas como sustentabilidade ambiental, igualdade de género, inclusão social e equilíbrio entre tradição e inovação. A consolidação deste modelo sinaliza uma mudança estrutural na abordagem narrativa da Disney, com reflexos na indústria do entretenimento e nas expectativas do público relativamente a protagonistas femininas.

Imagem: tecmundo.com.br