Oito passos essenciais para evitar comprar um carro roubado

Aplicar as poupanças na compra de um automóvel e descobrir mais tarde que se trata de um veículo roubado pode resultar na perda do bem e em responsabilização por receptação culposa. Para reduzir esse risco, existem procedimentos simples que permitem confirmar a origem e a legalidade do carro antes de fechar negócio.
Consulta electrónica: apps e sites oficiais
O Sinesp Cidadão é uma das principais ferramentas de verificação. Gratuito para Android e iOS, exige apenas o login através da conta Gov.br e a introdução da matrícula do automóvel. Desde 2013, esta aplicação contribuiu para a recuperação de mais de um milhão de viaturas furtadas ou roubadas.
Além da app, cada estado brasileiro mantém um portal do Detran com serviços para consultar pendências administrativas, decisões judiciais e eventuais registos de furto. Algumas plataformas aceitam apenas a matrícula; outras requerem o número do Renavam, equivalente ao “CPF” do veículo. Caso o vendedor se recuse a facultar o Renavam, é aconselhável suspender a negociação.
Verificação de chassi, motor e documentos
Confirmar que os números de chassi e motor não foram adulterados é um passo decisivo. O chassi costuma estar gravado na estrutura próxima ao motor ou no assoalho, enquanto o número do motor fica no bloco. Estas referências devem coincidir com as indicadas no CRLV-e. Qualquer discrepância pode sinalizar clonagem ou sinistro grave.
Também é indispensável conferir se o nome no Certificado de Registro do Veículo corresponde ao vendedor. A presença de intermediários, procurações ou recibos em branco aumenta a probabilidade de fraude.
Histórico de multas e débitos
Outra etapa fundamental consiste em verificar a existência de multas, IPVA ou taxas em atraso. Os sites dos Detrans possibilitam consultas rápidas usando matrícula e, nalguns casos, o Renavam. Analisar a localização e a frequência das infrações ajuda a detectar clonagens: multas recorrentes em cidades distantes da residência do vendedor podem indicar que a matrícula foi duplicada.
Vistoria cautelar antes da compra
A vistoria cautelar realizada por empresas especializadas detecta alterações no chassi, vestígios de sinistros graves e restrições ocultas. Este procedimento, normalmente efectuado antes da assinatura do contrato, fornece um relatório técnico que protege o comprador de surpresas futuras.
Negociar directamente com o proprietário
Lidar com o titular registado no documento minimiza o risco de golpe. Exigir que o recibo de venda seja preenchido na presença de ambas as partes e com reconhecimento de firma em cartório evita contestação posterior e facilita a transferência.
Escolher vendedores de confiança
Concessionárias, revendedoras autorizadas e lojas com reputação consolidada costumam seguir processos legais mais rigorosos, oferecer veículos previamente vistoriados e garantir apoio pós-venda. Apesar de a compra directa poder ser mais barata, a rede de retalho formal reduz a probabilidade de adquirir um carro roubado ou com ónus desconhecidos.
Evitar leilões sem histórico claro
Veículos recuperados de leilões podem apresentar registos de sinistros ou pendências judiciais difíceis de identificar. A ausência de garantia e a complexidade de regularização tornam esta opção arriscada para quem pretende evitar problemas legais.
Resumo dos passos
- Pesquisar a matrícula no Sinesp Cidadão.
- Consultar o histórico no portal do Detran correspondente.
- Solicitar e verificar o Renavam.
- Confirmar chassi e número do motor no veículo e no CRLV-e.
- Conferir se o vendedor é o proprietário registado.
- Analisar multas e débitos pendentes.
- Realizar vistoria cautelar com empresa acreditada.
- Preferir concessionárias ou negociações diretas com o titular.
Seguir estes oito passos reduz significativamente o risco de comprar um carro com origem ilícita e protege o comprador de prejuízos financeiros ou consequências penais.

Imagem: Engevel via olhardigital.com.br
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