Oito espécies com audição extraordinária destacam estratégias de sobrevivência no reino animal
A capacidade de perceber sons além do alcance humano é decisiva para alimentação, comunicação e defesa de diversas espécies. Morcego, coruja, elefante, golfinho, gato, cão, traça-da-cera e cavalo figuram entre os animais que mais se beneficiam de ouvidos altamente sensíveis.
Morcego
Os quirópteros utilizam a ecolocalização para identificar obstáculos e presas em completa escuridão. O processo começa com a emissão de ultrassons pela boca ou pelo nariz, ondas que atingem objetos e retornam em forma de eco. Ao analisar o tempo de retorno e a qualidade do som, o morcego calcula distância, tamanho, formato e textura daquilo que o cerca.
Coruja
Entre as aves, as corujas noturnas lideram em precisão auditiva graças a duas adaptações principais. A assimetria na posição das orelhas cria diferenças ínfimas no tempo de chegada das ondas sonoras, permitindo localizar presas com grande exatidão. O disco facial atua como refletor, direcionando o som para os canais auditivos mesmo na ausência total de luz.
Elefante
Capaz de captar infra-sons, o elefante detecta vibrações que se propagam pelo ar e pelo solo em frequências tão baixas que escapam ao ouvido humano. Ossículos adaptados e vias auditivas especializadas interpretam esses sinais, úteis para comunicação a longas distâncias e para antecipação de ameaças. As grandes orelhas, embora fundamentais na termorregulação, também ampliam a captação de ondas sonoras.
Golfinho
No ambiente aquático, golfinhos dependem de uma ecolocalização refinada para navegar, caçar e interagir. Eles emitem cliques de alta frequência que percorrem a água, refletem em peixes, rochas ou embarcações e retornam como eco. O animal interpreta o padrão do som refletido para definir posição, velocidade e dimensões do objeto, recurso que pode compensar até perda total da visão.
Gato
Felinos domésticos percebem frequências que variam de notas graves a ultrassons superiores ao limite humano, faixa que inclui ruídos produzidos por roedores. Orelhas móveis giram independentemente e funcionam como antenas direcionais, auxiliando na triangulação da fonte sonora. Essa combinação ajuda o gato a construir um mapa mental do território e a reconhecer a chegada de pessoas conhecidas apenas pela voz.
Cão
O ouvido canino detecta sons quatro vezes mais distantes que os percebidos por pessoas e cobre frequências que ultrapassam 40 kHz. Essa sensibilidade favorece a comunicação intraespécie, diferenciando latidos, rosnados e uivos conforme o contexto. Estudos mostram que áreas cerebrais de cachorros reagem tanto a fala humana quanto a ruídos ambientais, sugerindo processamento auditivo complexo.
Traça-da-cera
Entre insetos, a Galleria mellonella destaca-se por captar até 300 kHz, marca que supera a maior parte do reino animal. Tímpanos minúsculos registram os ultrassons emitidos por morcegos predadores, acionando respostas imediatas como queda livre ou imobilização. Essa audição extrema evoluiu como mecanismo direto de sobrevivência, reduzindo o risco de captura.
Cavalo
Equinos giram as orelhas num arco de 180 graus, habilidade que lhes concede ampla cobertura auditiva sem mover a cabeça. A agudez sonora contribui para detectar predadores em campo aberto e influencia a comunicação por relinchos e estalos. Em contrapartida, barulhos súbitos ou muito intensos podem provocar estresse, revelando a sensibilidade dos ouvidos do animal.
Embora situados em ambientes distintos, os oito exemplos demonstram como pressões evolutivas moldam estruturas auriculares específicas. Seja por meio de ultrassons emitidos no ar, infra-sons viajando pelo solo ou vibrações transmitidas na água, a audição segue como ferramenta essencial à sobrevivência de inúmeras espécies.