Obesidade infantil na África do Sul atinge níveis recordes e já afeta 22% das crianças com menos de cinco anos, segundo dados do governo. Para enfrentar o problema, a Kairos School of Inquiry, em Randburg, implantou um cardápio quase totalmente vegetariano e proibiu lanches ultraprocessados nos intervalos.
A medida se soma a recomendações da Unicef de restringir a publicidade de alimentos ricos em açúcar, gordura e sal dirigida a menores. Na escola, alunos recebem kitchari – mistura de arroz e lentilha –, chutney de tomate, halloumi e saladas, enquanto os pais são orientados a enviar apenas alimentos integrais nas lancheiras.
Obesidade infantil na África do Sul: escolas reforçam dieta
O diretor Marc Loon afirma que a iniciativa vai além de nutrição: “Queremos ensinar a importância de escolhas conscientes”. A prática contrasta com a realidade nacional, onde 80% dos alimentos industrializados para bebês contêm alto teor de açúcar e cadeias de fast food movimentaram US$ 2,7 bilhões em 2018, valor que deve chegar a US$ 4,9 bilhões em 2026.
Marketing agressivo amplia consumo de junk food
Para o gerente de nutrição da Unicef na África do Sul, Gilbert Tshitaudzi, o ambiente desfavorável sabota esforços individuais. Ele defende limites legais à propaganda dirigida às crianças, além de rótulos frontais de advertência — política que o Ministério da Saúde promete implementar.
O impacto da conveniência é sentido por jovens como a estagiária de Direito Mamkhabela Mthembu, 23 anos. Morando sobre uma lanchonete na universidade, ela passou a recorrer a refeições prontas e hoje lida com sobrepeso, sangramento gengival crônico e falta de ar.
Casos complexos exigem apoio multidisciplinar
Nem sempre o excesso de peso está ligado apenas à dieta. Sophia, de oito anos, desenvolveu obesidade após tratamento com esteroides para ADEM, doença autoimune rara. A mãe, Memory Padi, tenta controlar carboidratos, mas depende de doações e enfrenta barreiras como falta de espaços seguros para exercício no bairro de Alexandra.
Em 2018, o governo sul-africano criou imposto sobre bebidas açucaradas, mas o avanço da obesidade infantil persiste. Especialistas defendem facilitar o acesso a alimentos frescos e subsidiar opções saudáveis, principalmente para famílias de baixa renda — desafio maior em um país com alto desemprego, embora considerado “seguro em alimentos”.
Enquanto políticas públicas não se consolidam, escolas, ONGs e pais assumem a linha de frente para proteger a próxima geração. Experiências como a da Kairos School mostram que mudanças de cardápio podem educar o paladar e conter estatísticas preocupantes.
Para saber mais sobre iniciativas globais de combate à obesidade infantil, consulte o relatório da Unicef.
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