CEO da Nvidia critica sanções dos EUA e alerta para impactos da perda do mercado chinês

CEO da Nvidia critica sanções dos EUA e alerta para impactos da perda do mercado chinês

O diretor-executivo da Nvidia, Jensen Huang, afirmou que as barreiras comerciais impostas pelos Estados Unidos à China eliminaram praticamente toda a presença da companhia no segundo maior mercado de computação do planeta. O posicionamento, feito em 21 de outubro de 2025 durante um painel organizado pela Citadel Securities, expôs de forma direta o efeito das tarifas sobre o faturamento da fabricante de chips para inteligência artificial e reacendeu o debate sobre o custo das sanções para empresas norte-americanas.

Índice

Quem é o protagonista e qual a relevância da Nvidia

Huang comanda a Nvidia, empresa que se consolidou como líder global na produção de unidades gráficas de processamento (GPUs) utilizadas em servidores de inteligência artificial. Ao atingir esse status, a companhia tornou-se uma das mais valiosas do mundo. Essa posição confere peso especial a qualquer avaliação feita por seu principal executivo, sobretudo quando o tema envolve políticas que impactam diretamente o fornecimento de semicondutores estratégicos.

O que foi dito e em qual contexto

No painel da conferência, Huang descreveu a disputa tarifária entre Estados Unidos e China como prejudicial para os negócios de tecnologia. Ele revelou que, antes da escalada das restrições, a Nvidia detinha aproximadamente 95 % da participação no mercado chinês de GPUs avançadas. Com a ampliação das sanções, a receita da região foi reduzida a zero, situação que levou a companhia a projetar internamente nenhum ganho vindo do país asiático. Segundo o executivo, qualquer venda que venha a ocorrer no futuro será considerada um adicional imprevisto.

Quando e onde ocorreram as declarações

As observações do CEO foram registradas em 21 de outubro de 2025, durante um evento fechado ao público promovido pela Citadel Securities. A conferência reúne executivos de diferentes setores para discutir tendências de mercado, e o palco serviu para Huang detalhar de modo inédito a extensão dos danos provocados pelas barreiras comerciais no segmento de semicondutores.

Como as sanções afetam o fluxo de chips entre EUA e China

A guerra comercial iniciada no primeiro mandato de Donald Trump estabeleceu limites severos ao envio de componentes considerados sensíveis. Na gestão seguinte, comandada por Joe Biden, as restrições foram ampliadas, incluindo proibições específicas de exportação de chips de inteligência artificial de última geração para empresas chinesas. A realidade atual, já no segundo mandato de Trump, combina ameaças de tarifas superiores a 100 % sobre exportações com tributos adicionais para qualquer transação de componentes entre os dois países. Para a Nvidia, essa combinação inviabilizou contratos, interrompeu cadeias de suprimento e expulsou a companhia de um mercado que respondia por quase toda a sua base de clientes na região.

Por que a perda do mercado chinês preocupa a Nvidia

A China representa o segundo maior polo de computação do mundo, concentra centros de pesquisa avançada e hospeda um ecossistema robusto de empresas focadas em inteligência artificial. Para a Nvidia, essa concentração significava não apenas vendas diretas de hardware, mas também a expansão de sua plataforma de software, treinamentos especializados e serviços de manutenção. Ao ser bloqueada, a empresa ficou impedida de acompanhar projetos estratégicos, ver sua tecnologia em ação e capturar receita recorrente de atualização de sistemas. Huang destacou que, além do impacto financeiro, o isolamento pode provocar retrocessos na influência tecnológica dos Estados Unidos justamente em um momento de crescimento acelerado da IA.

Críticas à imprevisibilidade das decisões políticas

Sem citar nomes de legisladores, o executivo classificou como inoportuna a política que afasta cientistas chineses do ecossistema norte-americano de inteligência artificial. Na visão apresentada, restringir acesso a componentes de ponta e impor barreiras de visto cria um ciclo no qual pesquisadores buscam alternativas domésticas, estimulando o desenvolvimento de marcas locais de semicondutores. Embora esse movimento seja previsto pelos formuladores de política industrial nos Estados Unidos como forma de conter avanços chineses, Huang observa que o resultado prático é a perda de um dos maiores mercados consumidores para fabricantes sediadas em solo norte-americano.

Linha do tempo das restrições que envolveram a Nvidia

Período Trump 1 (2017-2021): o governo introduziu as tarifas iniciais contra a China, afetando componentes de alta tecnologia.
Período Biden (2021-2025): as sanções se intensificaram, com foco direto na limitação da exportação de chips avançados de IA. A Nvidia teve o envio de produtos premium vetado e viu a participação na China diminuir progressivamente.
Período Trump 2 (2025-em curso): a administração atual fixou o tom mais elevado da disputa, anunciando possíveis tarifas superiores a 100 % e adotando tributos adicionais para qualquer chip que cruzasse as fronteiras dos dois países.

A criação de uma exceção e a taxa de 15 %

Na tentativa de equilibrar interesses comerciais e preocupações de segurança, o governo norte-americano permitiu que Nvidia e AMD continuassem atendendo parte da demanda chinesa. Para isso, impôs a ambas as fabricantes um imposto de 15 % sobre a receita obtida com vendas ao país asiático. A medida atenuou, mas não resolveu, a perda de margem na região. Ainda que Huang tenha criticado o formato desse acordo, a empresa acabou aceitá-lo para impedir a interrupção completa das remessas.

Adesão a normas migratórias e custos adicionais

As estratégias protecionistas dos Estados Unidos incluem exigências relativas à mão de obra estrangeira. Como contrapartida para manter a possibilidade de exportar, a Nvidia assumiu a responsabilidade de financiar vistos de trabalho para funcionários internacionais. Esse compromisso adiciona despesas administrativas a um contexto já marcado por novos impostos, alimentando a percepção de que as políticas atuais aumentam o custo operacional das empresas de tecnologia norte-americanas.

Consequências para o ecossistema chinês de semicondutores

O bloqueio norte-americano impulsionou companhias chinesas a acelerar programas internos de pesquisa e desenvolvimento de semicondutores. O objetivo declarado dessas organizações é reduzir a dependência de marcas sediadas nos Estados Unidos. Na prática, a ausência da Nvidia atuou como catalisador para investimentos locais, criando competidores diretos que poderão disputar mercados fora da China no futuro. Esse desdobramento ameaça prolongar o impacto sobre a receita de empresas norte-americanas mesmo que eventuais flexibilizações venham a ocorrer.

Perspectiva da Nvidia para o faturamento na região

Diante das incertezas, a empresa decidiu adotar um cenário de planejamento em que as vendas na China são consideradas nulas. Essa abordagem permite elaborar projeções financeiras sem contar com um mercado submetido a decisões governamentais em constante mutação. Caso surjam oportunidades de negociação dentro das regras atuais, o montante obtido será classificado como ganho extraordinário, sem alterar a base de cálculo oficial da companhia.

Por que Huang enxerga risco para a liderança dos EUA em IA

A exclusão de cientistas chineses de projetos que utilizam tecnologia norte-americana preocupa o CEO por dois motivos: a fuga de talentos para ambientes onde possam ter acesso irrestrito a hardware avançado e o consequente enfraquecimento do ecossistema acadêmico dos Estados Unidos. Para Huang, permitir que pesquisadores chineses trabalhem com ferramentas produzidas nos EUA fortalece as plataformas desenvolvidas no país e gera dependência tecnológica favorável aos interesses americanos, em vez de criar incentivos para soluções autóctones.

O componente H20 como símbolo das tensões

Entre os produtos mais cotados pelas empresas de inteligência artificial, destaca-se o chip H20, projetado pela Nvidia. A demanda mundial por esse componente reforça a importância de manter canais de exportação abertos. Mesmo assim, o dispositivo tornou-se alvo das discussões tarifárias, ilustrando como a política influencia a rota de tecnologias de ponta e, consequentemente, o ritmo de adoção de IA em escala global.

Situação atual e próximos passos

O cenário descrito por Jensen Huang demonstra que a guerra comercial continua sem solução definitiva. As tarifas elevadas permanecem vigentes, a China acelera programas internos de semicondutores e empresas norte-americanas calculam prejuízos pela perda de mercado. Enquanto isso, exceções pontuais, como a taxa de 15 %, servem apenas para atenuar o impacto imediato, mas não restabelecem o volume anterior de vendas. A Nvidia segue preparando seus relatórios financeiros assumindo receita zero na China, aguardando sinais de mudança que possam reabrir negociações substanciais.

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