Novas tecnologias de pista, fábrica e concessionária redefinem carros conectados e elétricos

Novas tecnologias de pista, fábrica e concessionária redefinem carros conectados e elétricos

Os avanços que surgem nos autódromos, ganham escala nas linhas de produção e, por fim, chegam às concessionárias estão acelerando a transformação dos veículos conectados e elétricos. Em 2025, três profissionais que atuam em pontos distintos desse ecossistema explicaram como as soluções desenvolvidas na pista, o software embarcado nas fábricas e a experiência de compra definem o próximo estágio do automóvel.

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Quem participa do debate

O assunto foi analisado por um piloto de competição, uma gestora de inovação industrial e uma especialista em marketing automotivo. No universo esportivo, o piloto Iago Garcia traz a vivência prática de conduzir máquinas de alto desempenho, somando vitórias na F1600 Brasil Light em 2019 e participação no Porsche Cup Brasil Endurance Challenge em 2024. Na indústria, Priscila Freitas Monteiro, à frente da LUZA Academy, acompanha a implantação de tecnologias de produção e a formação de profissionais adequados à eletrificação. Na ponta que lida diretamente com o consumidor, Desirée Castro, gerente de marketing do maior grupo de concessionárias do país, observa as preferências de quem decide comprar um carro novo.

O que está mudando nas pistas de corrida

O ambiente competitivo serve como laboratório, pois permite testar soluções em condições extremas e obter dados em tempo real. Para Iago Garcia, os modos de condução combinados a mapas de motor são o recurso mais impactante hoje: bastam segundos para alterar a resposta do acelerador, o nível de intervenção do controle de tração e o comportamento dinâmico do veículo. Isso torna possível configurar o mesmo carro para situações distintas ao longo de uma única volta.

Entre as inovações mais próximas de migrar para veículos de rua, desponta o brake-by-wire, já comum na Fórmula 1 e em protótipos de endurance. O sistema substitui a ligação hidráulica por comandos eletrônicos capazes de dosar automaticamente a parcela de frenagem mecânica e a de regeneração elétrica, o que aumenta precisão e eficiência, sobretudo em híbridos e elétricos. Em um horizonte mais amplo, o steer-by-wire aparece como evolução natural, eliminando a coluna física de direção e permitindo respostas configuráveis para diferentes perfis de motorista.

Outro recurso observado nas pistas é a telemetria em tempo real. Ao coletar parâmetros de cada volta, ela revela oportunidades de reduzir desgaste, economizar combustível ou melhorar tempos, informação que, se adaptada ao uso cotidiano, pode orientar condutores a dirigir de modo mais consciente e econômico.

Como a fábrica incorpora a lógica do software

No estágio industrial, Priscila Freitas Monteiro destaca que as atualizações Over The Air (OTA) já permitem corrigir falhas, ativar novos recursos e até ampliar funções sem intervenção física em oficina. Um exemplo citado por ela ocorreu em 2017, quando um fabricante de veículos elétricos liberou remotamente capacidade adicional de bateria para motoristas que precisavam fugir de um furacão nos Estados Unidos. Em 2018, medida semelhante foi repetida diante de outra emergência climática. Ambos os casos evidenciam o poder das plataformas definidas por software.

Essa abordagem exige atenção constante à cibersegurança. Com dados trafegando entre veículo, nuvem e aplicativos, surgem normas específicas para proteger a integridade dos sistemas e a privacidade do usuário. Na LUZA Academy, a resposta passa por formar profissionais com base em eletrônica, programação e automação, preparados para cenários da chamada Indústria 4.0. O objetivo não é apenas ensinar ferramentas, mas desenvolver competências de investigação, adaptação contínua e resolução de problemas complexos.

Na linha de produção, a personalização em escala também evolui. Configurações de equipamentos, pacotes de software e preferências de interface podem ser pré-definidas e gravadas ainda na fábrica, transformando cada unidade em produto único antes mesmo de chegar ao pátio da concessionária.

O que o consumidor já exige ao entrar na loja

Se a tecnologia avança na pista e na fábrica, ela também redefine critérios de compra. Desirée Castro observa que a conectividade deixou de ser acessório para tornar-se requisito básico. Os clientes procuram funções como Android Auto sem fio, Apple CarPlay, Wi-Fi a bordo e assistentes de voz integrados. Testes com modelos europeus mostram a incorporação de IA conversacional diretamente no sistema do veículo.

A eletrificação aparece como fator decisivo de economia e conforto, enquanto sistemas de assistência de direção – frenagem automática, manutenção em faixa, piloto automático adaptativo e alerta de sonolência – migraram dos modelos de luxo para SUVs compactos, ampliando o valor percebido.

Algumas ofertas tangíveis transformam interesse em venda efetiva. Um exemplo é o carregador doméstico (Wallbox) fornecido sem custo adicional na compra de um elétrico. Ao resolver imediatamente a infraestrutura de recarga, a marca demonstra preocupação com toda a jornada de uso. Já recursos como realidade aumentada no showroom ou test-drive virtual atraem curiosidade, mas ainda não determinam a decisão.

A experiência de compra ganha camada digital

A integração entre ambiente físico e digital, conceito conhecido como phygital, começa a transformar as lojas. Espaços denominados “House” ou “Experience Store” permitem visualizar configurações em telas interativas, avaliar impacto ambiental em tempo real e usufruir de áreas de convivência com café, jogos ou eventos corporativos. Nesse contexto, adquirir um automóvel deixa de ser ato isolado e passa a compor uma experiência de marca.

O pós-venda segue o mesmo caminho. Aplicativos conectados ao veículo avisam sobre manutenção preventiva, agendam serviços e geram benefícios personalizados. A coleta de dados de estilo de condução, quilometragem e uso de energia possibilita recomendações específicas para reduzir custos e aumentar a vida útil dos componentes.

Consequências imediatas e de médio prazo

Da somatória dessas tendências surgem consequências palpáveis. No curto prazo, o freio eletrônico tende a equipar modelos elétricos urbanos, elevando eficiência energética. A médio prazo, a direção sem conexão mecânica poderá permitir que montadoras ofereçam perfis de resposta ao volante via assinatura, ajustando sensibilidade para cidade ou estrada conforme preferência.

No âmbito industrial, a ampliação de atualizações OTA reduzirá recalls presenciais, pois patches de segurança ou ajustes de calibragem poderão ser enviados remotamente. Do ponto de vista do consumidor, a possibilidade de adquirir funções sob demanda criará estruturas de preço mais flexíveis, alinhadas ao uso real em vez de pacotes fixos.

Relação entre piloto, engenheiro e comprador

A convergência entre esporte, engenharia de produção e marketing revela um ciclo contínuo: a competição gera protótipos de alta precisão; a fábrica converte esses protótipos em produtos escaláveis, adicionando camadas de software e segurança; a concessionária traduz as inovações em argumentos de valor perceptíveis ao usuário final. Cada etapa depende da anterior para validar dados, aprimorar processos e, por fim, satisfazer novas expectativas de mobilidade.

Com carros cada vez mais semelhantes a dispositivos conectados, atualizações frequentes e personalização constante tornam-se parte do cotidiano. Da telemetria que orienta a forma de conduzir à inteligência artificial que prepara o pós-venda, o núcleo da inovação desloca-se do hardware para o código. Ao mesmo tempo, as exigências de segurança digital e a busca por experiência integrada mantêm a complexidade do desafio, conectando decisões tomadas no autódromo às escolhas feitas na garagem dos motoristas.

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Olá! Eu sou a Zaira Silva — apaixonada por marketing digital, criação de conteúdo e tudo que envolve compartilhar conhecimento de forma simples e acessível. Gosto de transformar temas complexos em conteúdos claros, úteis e bem organizados. Se você também acredita no poder da informação bem feita, estamos no mesmo caminho. ✨📚No tempo livre, Zaira gosta de viajar e fotografar paisagens urbanas e naturais, combinando sua curiosidade tecnológica com um olhar artístico. Acompanhe suas publicações para se manter atualizado com insights práticos e interessantes sobre o mundo da tecnologia.

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