Nova Rota da Seda não reduzirá preço dos celulares: o megaprojeto de infraestrutura liderado pela China chega ao Brasil com promessas de investimentos, mas pouca influência imediata nos valores de smartphones e outros eletrônicos comprados no varejo online.
Desde 2013, a Iniciativa do Cinturão e Rota já destinou mais de US$ 3 trilhões à construção de ferrovias, portos e parques industriais em cerca de 150 países, gerando debates sobre vantagens comerciais e expansão da influência chinesa.
Nova Rota da Seda não reduzirá preço dos celulares
O memorando assinado em julho de 2025 entre Brasil e China prevê estudos para um corredor ferroviário ligando o porto peruano de Chancay ao Centro-Oeste brasileiro, conectado depois ao porto de Ilhéus (BA). O traçado, que atravessa áreas sensíveis da Amazônia, busca agilizar a exportação de soja, milho e minério de ferro, desafogando portos do Sul e Sudeste.
Impacto direto ao consumidor é limitado
Apesar do porte da obra, o transporte de encomendas de plataformas como Shopee ou Temu permanecerá prioritariamente aéreo. Assim, prazos de entrega continuarão os mesmos, e eventuais remessas seguirão sujeitas à triagem em Curitiba, principal hub alfandegário brasileiro.
O que pode mudar na indústria nacional
Exigências de participação de empresas chinesas nas licitações tendem a aproximar companhias do Brasil. Filiais ou linhas de montagem, como a da BYD na Bahia, geram empregos e podem baratear produtos fabricados localmente no médio prazo. No entanto, a cadeia de smartphones ainda depende de produção completa em território nacional para refletir preços mais baixos, cenário distante enquanto marcas como Xiaomi e Realme apenas montam aparelhos com peças importadas.
Segundo análise da BBC, projetos semelhantes já criaram dívidas de US$ 300 bilhões a países participantes, reforçando que benefícios vêm acompanhados de desafios financeiros e ambientais.
Remessa Conforme pesa mais que a ferrovia
Para o consumidor, o fator decisivo hoje é o programa Remessa Conforme, que desde 2023 formalizou o comércio eletrônico internacional e aumentou tributações. Com o dólar em torno de R$ 5,30, revisões nessa política poderiam reduzir preços de forma mais rápida que qualquer rota ferroviária em construção.
Em síntese, a Nova Rota da Seda promete impulsionar a infraestrutura e atrair fábricas, mas não há sinal de celulares mais baratos num futuro próximo. Mudanças tributárias e maior industrialização local continuam sendo os caminhos mais curtos para aliviar o bolso do brasileiro.
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Crédito da imagem: AP Newsroom