NATO acelera envios de armas norte-americanas para a Ucrânia
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) iniciou a coordenação de entregas regulares de pacotes de armamento pesado à Ucrânia, compostos sobretudo por sistemas adquiridos nos Estados Unidos. A medida surge após a confirmação de vários programas de apoio de países europeus e da América do Norte, destinados a reforçar as defesas ucranianas face à ofensiva russa.
Pacotes coordenados chegam já este mês
De acordo com informações divulgadas em Bruxelas, estão previstas duas remessas de equipamento ainda durante o mês em curso, enquanto um lote financiado por três países nórdicos deverá ser despachado em setembro. A NATO refere que o processo será «rápido e regular», uma vez que as necessidades mais urgentes de Kiev são atualizadas em permanência. Os Aliados identificam o material disponível nos seus arsenais ou nos mercados internacionais e enviam-no para o território ucraniano.
Os Países Baixos lideram o esforço imediato com um pacote avaliado em 500 milhões de euros, que inclui sistemas de defesa aérea, munições e outros meios considerados críticos. Em paralelo, Suécia, Dinamarca e Noruega comprometeram-se com 500 milhões de dólares para adquirir defesas aéreas, armas anticarro, munições e peças sobresselentes, dos quais 275 milhões serão financiados por Estocolmo.
A maioria deste material será comprada nos Estados Unidos, que dispõem de maiores reservas e de sistemas considerados tecnologicamente mais eficazes. Segundo o Ministério da Defesa neerlandês, os componentes norte-americanos, em particular os mísseis para defesa antiaérea, «são cruciais» para travar os bombardeamentos russos.
Defesa aérea permanece prioridade
A exigência de mais sistemas antiaéreos continua no topo da lista de Kiev. Dados das Nações Unidas indicam que os ataques russos contra áreas urbanas posteriores à linha da frente causaram mais de 12 000 mortes civis desde o início da invasão em fevereiro de 2022. Além disso, Moscovo mantém uma ofensiva de progressão lenta, mas persistente, ao longo de cerca de mil quilómetros, concentrando-se atualmente sobre Pokrovsk, um importante nó logístico no leste do país.
Perante este cenário, a Alemanha confirmou que enviará nos próximos dias dois lançadores Patriot adicionais, depois de Washington garantir o reabastecimento dos próprios arsenais alemães. Estes sistemas, fabricados exclusivamente nos Estados Unidos, juntam-se aos vários modelos de defesa aérea já prometidos por outros membros da Aliança.
Embora a NATO, enquanto organização, limite o seu contributo a ajuda não letal — como fardamentos, tendas, material médico e apoio logístico —, a coordenação entre os trinta e dois países tem vindo a alargar-se desde janeiro. A decisão visa evitar atrasos ou duplicações no fornecimento dos sistemas mais solicitados, nomeadamente radares, interceptores de mísseis e munições de 155 mm.
Contributo financeiro europeu ultrapassa 70 mil milhões
O Instituto Kiel, que monitoriza a assistência internacional à Ucrânia, estima que, até junho, os Estados europeus atribuíram 72 mil milhões de euros em ajuda militar, valor superior aos 65 mil milhões de dólares provenientes dos Estados Unidos. O reforço agora anunciado será adicionado a este montante.
O Presidente Volodymyr Zelenskyy agradeceu publicamente o novo apoio neerlandês, considerando que «a Ucrânia, e toda a Europa, ficarão melhor protegidas do terror russo». Também o ministro da Defesa dos Países Baixos, Ruben Brekelmans, sublinhou que «os ataques russos visam quebrar a Ucrânia» e que o envio de material antiaéreo é, por isso, essencial.
Posição dos Estados Unidos e impacto político
A actual administração norte-americana não anunciou, até agora, novos fornecimentos bilaterais de armas a Kiev, instando os aliados europeus a «assumir a responsabilidade pela sua própria segurança e pela da Ucrânia». Numa declaração a 28 de julho, o ex-Presidente Donald Trump afirmou que os Estados Unidos «vão enviar equipamento militar para a NATO, que depois fará o que entender, maioritariamente em parceria com a Ucrânia».
Apesar da ausência de novos compromissos diretos de Washington, os sistemas fabricados no país continuam a dominar as listas de compras dos aliados europeus, que recorrem às linhas de produção norte-americanas para colmatar lacunas urgentes. O facto de Berlim ter condicionado o envio de mais Patriot às garantias de reposição dos seus stocks ilustra essa dependência.
Logística e próximos passos
Os lotes programados para agosto incluem, além de defesas aéreas, munições de grande calibre e armamento anticarro. As equipas técnicas da NATO estão a coordenar o transporte por via terrestre e aérea, bem como a formação de militares ucranianos na operação dos novos sistemas. Fontes da Aliança referem que os próximos pacotes serão definidos nas «semanas seguintes» em função da evolução no terreno.
Entretanto, Moscovo prossegue as suas ofensivas com recurso a mísseis balísticos, drones de fabrico iraniano e artilharia pesada. Analistas militares alertam que a eficácia das defesas ucranianas dependerá da rapidez destas entregas e da capacidade de integrar diferentes plataformas de origem ocidental.
Ao organizar remessas conjuntas e regulares, a NATO procura reduzir tempos de resposta e garantir uma linha de abastecimento estável ao exército ucraniano, descrevendo a iniciativa como «um passo adicional para colmatar as necessidades imediatas de Kiev e reforçar a segurança europeia».

Imagem: Efrem Lukatsky via globalnews.ca