Natal pode alcançar o dia mais quente de dezembro em São Paulo em mais de seis décadas

Dia mais quente de dezembro em São Paulo é a expressão que domina a previsão para esta quinta-feira, 25 de dezembro. Segundo dados meteorológicos compilados por diferentes órgãos de monitoramento, a capital paulista pode registrar temperaturas acima de 35 °C e, com isso, estabelecer um novo marco de calor para o mês em mais de 60 anos.

Por que o dia mais quente de dezembro em São Paulo pode ocorrer justamente no Natal?

O cenário projetado pelos modelos atmosféricos aponta para uma combinação de três fatores decisivos: presença de ar seco em níveis médios da atmosfera, redução expressiva da nebulosidade e forte incidência solar ao longo de todo o dia. Esse conjunto favorece o aquecimento acelerado desde as primeiras horas da manhã. As mínimas devem começar em torno de 23 °C e, rapidamente, ultrapassar a marca dos 30 °C antes do meio-dia. Durante a tarde, a tendência é que os termômetros atinjam — ou mesmo excedam — 35 °C, intensificando a sensação de abafamento em toda a área urbana.

Meteorologistas destacam que a ausência de nuvens densas permite maior quantidade de radiação solar direta sobre o solo. Em resposta, o ar próximo à superfície se aquece com mais rapidez, elevando não só a temperatura real, mas também índices de calor — sensação térmica percebida pelos moradores. Embora o tempo seco predomine na maior parte do dia, a combinação entre forte aquecimento e a entrada da brisa marítima no fim da tarde ainda pode gerar pancadas isoladas de chuva, de curta duração, sobre a capital e municípios vizinhos.

Histórico do dia mais quente de dezembro em São Paulo: recordes anteriores em perspectiva

Manter um registro sistemático das temperaturas extremas permite comparar eventos atuais com episódios históricos. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o recorde absoluto para dezembro em São Paulo foi fixado em 3 de dezembro de 1998, quando o termômetro oficial atingiu 35,6 °C. Caso a previsão para este Natal se confirme, o valor pode ser igualado ou até superado, o que configuraria o dia de dezembro mais quente desde 1963.

Além do possível recorde mensal, há outra comparação importante: a máxima anual de 2025. Até agora, o pico do ano foi registrado em 6 de outubro, com 35,1 °C. Portanto, superar essa marca colocaria o feriado natalino também no topo do ranking de calor de todo o ano corrente na capital paulista. A perspectiva reforça a excepcionalidade do fenômeno, já que dezembro costuma apresentar máximas ligeiramente inferiores às de setembro ou outubro, meses normalmente associados a picos de calor antes da chegada das chuvas de verão.

Condições atmosféricas que sustentam o possível dia mais quente de dezembro em São Paulo

A dinâmica atmosférica que favorece o aquecimento não está restrita à área metropolitana. Grande parte do Sudeste encontra-se sob influência de um sistema de alta pressão em altitude, responsável por inibir a formação de nuvens carregadas. Com o ar descendente tornando-se mais seco e quente, estabelece-se um bloqueio atmosférico, impedindo a entrada de frentes frias vindas do Sul e garantindo estabilidade na coluna de ar.

Esse bloqueio ganha força especialmente na última semana do ano, coincidindo com o feriado. No interior de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, os modelos de previsão indicam temperaturas até 5 °C acima da média histórica. A cidade do Rio pode chegar a 40 °C, e Belo Horizonte deve alcançar aproximadamente 32 °C, também sem expectativa de chuva volumosa. Assim, a massa de ar quente que cobre a região atua como “tampa”, dificultando a formação de sistemas convectivos mais robustos, mesmo com altos índices de umidade em alguns pontos.

Repercussões do calor extremo em outras regiões do país

Enquanto o Sudeste se prepara para lidar com temperaturas elevadas, o Sul apresenta um quadro meteorológico oposto. A passagem de uma frente fria gera instabilidade persistente, com previsão de chuva contínua, rajadas de vento e eventual queda de granizo em áreas pontuais. Ainda assim, o ambiente permanece abafado, com máximas ao redor de 33 °C em capitais como Florianópolis e Curitiba.

No Norte e no Centro-Oeste, o calor se soma à alta umidade típica da estação. Estados como Amazonas, Acre, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul podem registrar acumulados diários expressivos de precipitação, resultado da convergência de ventos úmidos e quentes. Nas capitais Cuiabá e Campo Grande, os termômetros devem atingir 35 °C, mas com sensação térmica potencialmente maior devido ao índice de umidade elevado.

O Nordeste, por sua vez, segue influenciado pela Zona de Convergência Intertropical. Essa faixa de nebulosidade mantém pancadas de chuva em estados como Alagoas, Sergipe e Bahia. As máximas variam de 30 °C a 31 °C nas principais capitais, valores menores que os observados no Sudeste, mas suficientes para gerar desconforto quando combinados à umidade relativa do ar já naturalmente alta na região.

Cuidados recomendados pelo Inmet diante do calor recorde

Diante da possibilidade de um novo dia mais quente de dezembro em São Paulo, o Instituto Nacional de Meteorologia reforça orientações básicas. A primeira delas é evitar exposição prolongada ao Sol entre o fim da manhã e o meio da tarde, intervalo no qual a radiação ultravioleta costuma alcançar índices mais elevados. A segunda recomendação é manter hidratação constante, com ingestão regular de água mesmo antes de sentir sede.

Adicionalmente, o órgão aconselha atenção aos boletins de alerta emitidos por Defesas Civis municipais. Em caso de surgimento de pancadas de chuva intensas, rajadas de vento ou alagamentos, a população deve acionar os serviços de emergência e procurar abrigo seguro. Já para quem pratica atividades físicas ao ar livre, recomenda-se optar por horários de temperatura mais amena, como início da manhã ou final da tarde, e vestir roupas leves de cores claras.

Com base nas projeções até o momento, os paulistanos devem acompanhar a evolução dos termômetros ao longo desta quinta-feira, 25 de dezembro, uma vez que a marca de 35,6 °C registrada em 1998 permanece como referência a ser batida.