Mitsui e Karpowership criam data center flutuante com refrigeração a água do mar
Mitsui OSK Lines, grupo japonês de transporte marítimo, e a Kinetics, iniciativa de transição energética da turca Karpowership, firmaram um memorando de entendimento para desenvolver um data center instalado num navio convertido. O projecto pretende responder à crescente procura de capacidade de computação e inteligência artificial, contornando limitações de solo, energia e licenciamento em terra.
Plataforma móvel reduz prazos e dependência da rede eléctrica
O futuro centro de dados será alojado num navio com cerca de 120 metros de comprimento. A estrutura deverá disponibilizar entre 20 e 73 MW de potência informática logo na primeira fase, valor que poderá ser ampliado através de módulos adicionais.
Ao recorrer a embarcações já existentes, os promotores estimam cortar perto de três anos face ao tempo necessário para erguer um data center tradicional, reduzindo o processo de conversão para aproximadamente 12 meses. Além disso, a operação deverá iniciar-se sem depender da rede eléctrica local, uma vez que o abastecimento de energia será garantido por Powerships da Karpowership — centrais geradoras flutuantes — e, sempre que possível, por parques solares ou eólicos offshore.
Refrigeração a água do mar corta consumo energético
O projecto prevê a utilização de sistemas de arrefecimento que captam directamente água do mar, solução que diminui o consumo de electricidade necessário para manter a temperatura dos servidores. O aproveitamento de equipamentos já instalados a bordo, como ar-condicionado, sistemas de bombagem e geradores, também contribui para baixar o investimento inicial, cujo valor não foi divulgado.
Calendário e benefícios esperados
Segundo o memorando, a obtenção de licenças, a conversão do navio e a celebração de contratos comerciais decorrerão ao longo de 2026. A entrada em funcionamento está prevista para 2027.
Os parceiros defendem que data centers offshore oferecem escalabilidade, mobilidade e implantação rápida, factores relevantes num mercado onde, por exemplo, nos Estados Unidos os prazos de ligação à rede eléctrica podem ultrapassar cinco anos. Além de aliviar a pressão sobre o solo urbano, a solução flutuante permite às empresas de computação iniciar operações imediatamente em regiões com oferta energética limitada.
Com este acordo, Mitsui e Karpowership juntam-se ao grupo restrito de operadores que exploram infra-estruturas de computação em ambiente marítimo, apontando à eficiência e à sustentabilidade como argumentos chave para responder às exigências de uma economia cada vez mais dependente da inteligência artificial e da nuvem.

Imagem: olhardigital.com.br