Ministra gerada por IA lidera compras públicas na Albânia

Ministra gerada por IA foi oficialmente apresentada pelo primeiro-ministro Edi Rama como nova responsável pelas compras públicas na Albânia, com a missão declarada de tornar as licitações 100% livres de corrupção.

Batizada de Diella—“Sol” em albanês—, a assistente virtual atua desde janeiro no portal governamental e-Albania. Segundo Rama, a iniciativa coloca o país num “ponto de virada” ao substituir decisões antes tomadas por ministros humanos por um sistema automatizado, monitorável e transparente.

Ministra gerada por IA lidera compras públicas na Albânia

Diella é o primeiro membro de gabinete sem presença física e vestida digitalmente com trajes tradicionais albaneses. A função principal será analisar propostas e definir vencedores de contratos públicos, tarefa que hoje passa por diferentes ministérios. O governo afirma que todo gasto público ficará visível em tempo real e livre de interferências políticas, subornos ou conflitos de interesse.

O anúncio ocorreu em conferência do Partido Socialista, em Tirana, que oficializou o quarto mandato consecutivo de Rama. O premiê declarou que “a tecnologia elimina a possibilidade de suborno e pressão”, reforçando que a medida também busca aproximar a Albânia dos requisitos para adesão à União Europeia.

Historicamente, processos de licitação no país foram alvo de escândalos envolvendo lavagem de dinheiro por redes de tráfico de drogas e armas, conforme apontou reportagem do jornal britânico The Guardian. Com Diella, o governo pretende interromper esse ciclo, mas críticas já surgem: especialistas questionam a imparcialidade dos algoritmos, possíveis vieses nos dados de treinamento e a inexistência, até o momento, de um canal formal de recurso para empresas que se considerem prejudicadas por decisões automatizadas.

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mapeia quase 800 iniciativas de governança com uso de inteligência artificial em 69 países. Entre elas, o Reino Unido criou, em 2024, o Escritório de IA, posteriormente integrado ao Departamento de Ciência, Inovação e Tecnologia. Nos Estados Unidos, companhias como Google, OpenAI e Anthropic já oferecem versões dedicadas de seus grandes modelos de linguagem para órgãos governamentais.

Rama defende que a implementação na Albânia servirá de estudo de caso para outras administrações públicas, argumentando que a IA pode “modificar profundamente a relação entre Estado e cidadão” ao afastar interesses escusos de contratos milionários.

Do lado popular, a reação é dividida. Enquanto parte da sociedade vê a iniciativa como avanço tecnológico e passo rumo à transparência, outra parcela teme depender de um “algoritmo infalível” cuja lógica interna não é pública. Para analistas, o sucesso da experiência dependerá da publicação de critérios de avaliação, auditorias independentes e garantia de contestação por vias judiciais.

Em nota, o gabinete informou que Diella continuará em fase de testes até o fim do ano, quando deverá assumir integralmente o sistema de compras públicas.

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Imagem: Reprodução/YT

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