Microsoft permite jogos locais no Windows on Arm com Xbox Game Pass

Atualização chega a utilizadores Insider

A Microsoft começou a testar uma nova versão da aplicação Xbox para computadores Windows 11 equipados com processadores Arm. O pacote, identificado como versão 2508.1001.27.0 ou superior, está disponível para quem participa simultaneamente nos programas Windows Insider e Xbox Insider, dentro do canal PC Gaming Preview. O objetivo é permitir que títulos adquiridos na Microsoft Store ou incluídos no Xbox Game Pass possam ser executados localmente, dispensando o recurso ao jogo em nuvem.

Até aqui, a app Xbox nesses dispositivos limitava-se ao streaming via cloud, apesar de o sistema operativo já permitir a instalação manual de jogos através de plataformas como Steam. Com a atualização, os subscritores do Game Pass ganham acesso directo a uma biblioteca rotativa de jogos sem dependência da ligação à internet, replicando a experiência oferecida em PCs com processadores x86.

Compatibilidade e requisitos

Para tirar partido da novidade é necessário cumprir três condições: ter um dispositivo com Windows 11 em arquitectura Arm, integrar o programa Windows Insider e aderir ao Xbox Insider Hub no anel PC Gaming Preview. Depois de instalada a versão de teste, a aplicação apresenta a opção de download local dos jogos elegíveis. A funcionalidade encontra-se em fase de avaliação, pelo que a Microsoft não garante, para já, compatibilidade total com todo o catálogo.

O novo suporte ganha relevância sobretudo para utilizadores de portáteis com o Qualcomm Snapdragon X Elite. Apesar de estes processadores conseguirem executar aplicações x86 através de emulação, a GPU Adreno integrada mostra limites ao lidar com títulos recentes e graficamente exigentes. Testes internos divulgados pela Qualcomm indicam, por exemplo, o jogo Control a rondar 40 fotogramas por segundo em definições baixas, enquanto outros títulos caem para valores de apenas um dígito.

Desempenho ainda condicionado

Dificuldades adicionais surgem em jogos que dependem de sistemas anti-batota não optimizados para Arm, embora a situação tenha melhorado nos últimos meses. Títulos mais antigos ou baseados em gráficos 2D apresentam resultados significativamente melhores; em medições recentes, DOTA 2 atingiu média de 52,8 fps em definições baixas, com quebras pontuais para 9,8 fps em momentos de maior carga.

Mesmo com estes constrangimentos, a chegada do Game Pass local representa um passo importante. A aplicação Xbox oferece download, actualizações automáticas e integração com conquistas, preservando funcionalidades que antes só estavam disponíveis através de plataformas de terceiros. O ecossistema Microsoft ganha, assim, maior consistência entre computadores Arm e x86.

Expectativas para a próxima geração Arm

A indústria aguarda agora o Snapdragon Technology Summit, marcado para o final de setembro, onde se antevê o anúncio de uma nova geração de processadores Qualcomm para PC. Analistas esperam melhorias substanciais no desempenho gráfico e no suporte a bibliotecas DirectX, factores considerados essenciais para aproximar a experiência de jogo em Arm daquela oferecida por soluções AMD ou Intel.

Enquanto isso, a Microsoft pretende recolher feedback dos testadores para afinar compatibilidade, corrigir falhas e avaliar o impacto no consumo energético. Não há prazo oficial para a disponibilização geral da funcionalidade, mas a empresa costuma integrar novidades testadas nos canais Insider em actualizações públicas do Windows 11 ao longo do ano.

Porque é que isto importa

Ao permitir instalação local de jogos via Game Pass, a Microsoft elimina uma das principais barreiras que desmotivavam utilizadores avançados a escolher portáteis Arm. O alargamento do catálogo e a redução da dependência do streaming podem aumentar a adopção destes dispositivos, conhecidos pela melhor eficiência energética. Para os programadores, o movimento cria incentivo adicional para optimizar motores de jogo e sistemas anti-batota para a arquitetura.

Embora o desempenho bruto continue abaixo dos modelos x86 de topo, a evolução gradual de hardware, aliada à integração de software, indica uma estratégia de longo prazo para tornar o Windows on Arm numa plataforma de jogo viável. A fase de testes agora iniciada servirá de termómetro para medir o interesse do público e orientar as próximas decisões de desenvolvimento.

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